Coluna Vitor Vogas
Aliança de esquerda: PDT decide apoiar João Coser a prefeito de Vitória
Decisão foi tomada em votação realizada na noite desta terça-feira (2) pelos pré-candidatos a vereador do partido em Vitória
O nome do prédio onde fica a sede do PDT em Vitória, localizado na Reta da Penha, é Edifício Fontana. Em italiano, fontana quer dizer “fonte”. E foi exatamente isso, uma fonte de boas notícias, que se revelou o prédio em questão, na noite desta terça-feira (2), para o deputado estadual João Coser (PT). Após reunião conclusiva, o Partido Democrático Trabalhista (PDT) decidiu apoiar a candidatura do petista a prefeito de Vitória.
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A maneira como o PDT tomou a decisão em prol de Coser foi incomum: num exercício de democracia interna, os pré-candidatos a vereador do partido na cidade realizaram uma votação secreta, em cédula de papel. Cada um pôde optar por um dos quatro concorrentes à Prefeitura de Vitória ouvidos e sabatinados por eles ao longo das últimas semanas. Nas cédulas, além de Coser, constavam os nomes de Luiz Paulo (PSDB), Capitã Estéfane (Podemos) e Camila Valadão (PSol).
Membros da Comissão Provisória Municipal, presidida por Junior Fialho, também participaram da reunião, mas não participaram da votação interna. Dos 22 pré-candidatos, 13 votaram. O resultado foi o seguinte:
. João Coser: 9 votos
. Luiz Paulo: 3 votos
. Capitã Estéfane: 1 voto
. Camila Valadão: 0 voto
“Conforme a votação dos pré-candidatos, de quem efetivamente vai disputar a eleição, o PDT irá com o PT e com João Coser. A decisão é referendada e será seguida pela direção municipal. A estadual não interfere”, afirmou Junior Fialho, logo após a votação.
Mas a Executiva Estadual do PDT, comandada pelo prefeito da Serra, Sergio Vidigal, também avaliza a decisão. O próprio Vidigal afirmou diversas vezes à imprensa que a decisão sobre aliança em Vitória seria tomada pelos representantes do PDT na Capital.
Em Vitória, após a conflituosa desistência de Sergio Majeski em ser candidato a prefeito pela sigla, a Executiva Municipal do PDT e os pré-candidatos a vereador do partido se reuniram com os quatro postulantes ao cargo de prefeito citados, em uma “ciranda” visando escolher quem o partido apoiará.
Em entrevista à coluna, publicada na segunda-feira (1º), Vidigal já havia antecipado que a decisão ficaria entre João Coser e Luiz Paulo, os dois pré-candidatos apoiados pelo governador Renato Casagrande (PSB). Vidigal é aliado de Casagrande, e o PDT está na base do seu governo.
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Como já havíamos discorrido aqui, o favoritismo era mesmo todo de João Coser desde a desistência de Majeski. A aliança entre PDT e PT em Vitória agrada inclusive a Casagrande, até por uma questão de “divisão mais justa”, ou de “equilíbrio de forças”: uma partilha mais equilibrada, entre os dois aliados, das múltiplas forças partidárias integradas ao Governo do Estado. A balança estava bem desnivelada a favor de Luiz Paulo.
O tucano já tem seis partidos aliados de Casagrande com ele, e o próprio Luiz Paulo calcula que pode ficar com mais de 4 minutos por bloco de 10 no horário eleitoral de TV. Enquanto isso, o petista estava, até agora, somente com PCdoB e PV, parceiros do PT na Federação Brasil da Esperança.
Sem contrapartida na Serra
Vidigal também esclareceu que, diferentemente do que se especulou logo após a retirada de Majeski, não haverá dobradinha Vitória-Serra. Para se coligar com o PT em Vitória, o PDT não cobrará a retirada da pré-candidatura de Roberto Carlos (PT) na Serra e o apoio do PT a Weverson Meireles, candidato de Vidigal. Essa seria, na verdade, uma contrapartida indesejada, contrária aos interesses estratégicos do próprio PDT.
“Nós não vamos condicionar esse apoio a absolutamente nada. Não vamos pedir a retirada da pré-candidatura do Roberto Carlos na Serra”, sublinha Vidigal.
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Confirmando argumentos já expostos aqui, Vidigal avalia que, para o PDT, na realidade, é muito mais interessante a manutenção da candidatura de Roberto Carlos (PT) na Serra do que a absorção do PT na coligação de Weverson. Ter o petista como um “adversário amigo” convém bem mais que ter o PT como aliado oficial.
Com um candidato petista no páreo, este naturalmente atrairá e concentrará o antipetismo, deixando Weverson muito mais à vontade para driblar a polarização ideológica.
Isso é muito conveniente se pensarmos que há três adversários por partidos de direita (Audifax, Pablo Muribeca e Igor Elson), e este último, em especial, deve procurar levar a disputa para essa arena da polarização nacional, criticando a esquerda e buscando impingir em Weverson o selo de “esquerdista”, a fim de ampliar a rejeição ao candidato da situação entre eleitores da direita bolsonarista.
Com Roberto Carlos no jogo, Weverson pode tangenciar esse debate com bem mais comodidade, apesar de o PDT ser de esquerda e aliado do governo Lula. “Esquerda?!? O candidato de esquerda é esse aqui”, poderá se esquivar o pedetista, apontando o dedo para Roberto Carlos, que tenderá a absorver como uma esponja a rejeição advinda daí. No 2º turno, é claro – se Weverson chegar lá –, PT e PDT se juntarão também na Serra.
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