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Coluna Vitor Vogas

Os efeitos da retirada de Majeski nas eleições em Vitória e na Serra

Ou: como fica o mapa eleitoral da Grande Vitória após a decisão do ex-deputado de não ser candidato a prefeito da Capital

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Majeski mostra o mapa. Foto: Reprodução Facebook

Sergio Majeski fez ontem (5), em entrevista a este espaço, o que chamou de uma premonição. Inspirado no ex-deputado estadual, ouso fazer aqui uma profecia: com a desistência de Majeski em ser candidato a prefeito de Vitória, o PDT, partido dele, apoiará João Coser (PT) na Capital.

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A decisão de Majeski de desistir do páreo é envolta em polêmica. O PDT afirma que, desde que filiou Majeski e deu legenda ao ex-deputado, no início do ano, somente ele próprio poderia desistir da empreitada – ou seja, ele só não seria candidato se não quisesse, e teria sido o que aconteceu. Para o partido, portanto, a decisão é de inteira responsabilidade de Majeski.

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O ex-deputado, por sua vez, acusa os dirigentes do PDT – notadamente, Sergio Vidigal –, mancomunados com os do PSB – destacadamente, Casagrande –, de terem tramado contra ele na surdina, boicotando a sua pré-candidatura, privando-o das mínimas condições de sustentá-la, asfixiando-o a ponto de ele já não ter escolha senão jogar a toalha. Para o Majeski, portanto, a culpa seria do PDT, que o teria forçado a desistir.

Em meio ao “disse me disse”, seja de quem for a responsabilidade, o fato objetivo é o seguinte: o PDT, agora, não tem mais pré-candidato a prefeito de Vitória. Ponto. E, independentemente da causa, o resultado é certo.

Tenha o PDT ou não agido intencionalmente para forçar Majeski a se retirar, deixando-o à míngua etc., é inegável que a saída dele do páreo cria para o partido de Vidigal uma nova situação que lhe é bastante conveniente: não ter um candidato próprio a prefeito de Vitória abre um descampado para o PDT, amplia seu leque de opções, aumenta consideravelmente a sua margem de negociação em Vitória, pensando muito além da Capital. Eis aqui o ponto-chave.

Como sabe cada metro de asfalto da Rodovia das Paneleiras, que liga Vitória à Serra, a prioridade do PDT nestas eleições municipais no Espírito Santo é uma só: manter o poder no município hoje governado por Vidigal e administrado pelo partido em cinco dos últimos sete mandatos (20 dos últimos 28 anos).

Ora, com Majeski fora do páreo, o PDT agora pode franquear em Vitória apoio ao candidato do grupo que lhe oferecer, em troca, a melhor compensação na Serra, em uma articulação intermunicipal envolvendo dois ou mais partidos – prática tão comum no apogeu da dita “geopolítica” no Espírito Santo, mas bem pouco observada no atual processo eleitoral.

E aqui preciso ser mais claro.

Objetivamente, as opções para o PDT em Vitória, daqui até as convenções partidárias, restringem-se a duas: apoiar João Coser (PT) ou Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB). Não resta nada além disso. O PDT, afinal, assim como PT e PSDB, faz parte da base de apoio do governo Casagrande… o qual, por sua vez, tem exatamente esses dois aliados, João Coser e Luiz Paulo, como os dois candidatos veladamente apoiados pelo Palácio Anchieta em Vitória.

Vai daí que o partido de Vidigal agora se vê nessa bifurcação, na qual cada caminho conduz a um ex-prefeito aliado do Palácio Anchieta e adversário de Lorenzo Pazolini (Republicanos).

Por que acredito que, inevitavelmente, o PDT fará a opção pelo caminho que leva a João Coser, conforme defendi no início deste texto?

Pelo somatório de três fatores que podem ser assim resumidos e que explico melhor na sequência:

I) Porque, nacionalmente, PT e PDT são parceiros históricos;

II) Porque o PT de João Coser tem muito mais a oferecer ao PDT na Serra do que o PSDB de Luiz Paulo;

III) Porque, basicamente, o Palácio Anchieta prefere que assim seja. Simples assim.

O contexto nacional

Em primeiro lugar, no contexto nacional, PT e PDT fazem parte do mesmo campo (o progressista/trabalhista), no espectro de esquerda, diferentemente do PSDB, que se firmou nos últimos anos como um partido muito mais de centro-direita e que faz oposição ao governo Lula.

PT tem muito mais a oferecer: o sacrifício de Roberto Carlos

Em segundo lugar, o PSDB nem sequer tem pré-candidatura majoritária na Serra. O PT, sim: o ex-deputado estadual Roberto Carlos já teve até o nome homologado, em maio, pela Executiva Nacional do partido.

Como até já perdi as contas de quantas vezes registrei aqui, desde que Majeski se lançou pelo PDT em Vitória, essa era uma pré-candidatura que já nascia seriamente ameaçada pela ação dos caciques partidários em um jogo travado acima dele – e só o próprio ex-deputado parecia não perceber isso.

Como também aventei aqui incontáveis vezes, era muito provável que, para atrair o PT na Serra e fortalecer a coligação de Weverson Meireles, o PDT se dispusesse a sacrificar a candidatura de Majeski em Vitória. Em troca, é claro, o PT sacrificaria Roberto Carlos na Serra.

O PDT apoiaria Coser em Vitória, em troca do apoio do PT a Weverson na Serra. O raciocínio, cristalino, sempre foi esse.

O PDT ofereceria a cabeça de Majeski ao PT de Coser em Vitória; o PDT daria a de Roberto Carlos em oferenda ao PDT de Vidigal e Weverson na Serra.

Espontaneamente ou não, ao ir para o autossacrifício, Majeski facilita muito a concretização desse arranjo – até então, limitado à teoria. Agora, para o PT obter o apoio do PDT em Vitória, terá apenas de fazer a sua parte, retirando Roberto Carlos na Serra.

Sinceramente, o cumprimento da parte do PT não há de ser nada difícil, não só porque o partido já está na base de Vidigal na Serra (a única vereadora da sigla, Elcimara Loureiro, é da base) mas porque a pré-candidatura de Roberto Carlos já não nasceu tão competitiva.

Em recente entrevista à coluna, a presidente estadual do PT, Jack Rocha, afirmou com veemência que todas as pré-candidaturas majoritárias do PT na Grande Vitória, incluindo a de Roberto Carlos, seriam mantidas. Ela também foi indagada por mim especificamente sobre essa hipótese de tabelinha com o PDT em Vitória e na Serra. Naquele momento, a dirigente petista a rechaçou com estas palavras:

“Essa hipótese não veio para a mesa. Ela não é concreta. É claro que isso pode ser discutido, mas hoje não vejo que seja uma situação possível.”

Mas frisemos as palavras dela: “Essa hipótese […] não é concreta”. Ainda não havia a saída de Majeski. Com esse movimento, a coisa muda radicalmente de figura e o cenário reconfigura conduz, insisto, à dobradinha… até por conta da ação – silenciosa, mas sempre decisiva – do mais influente operador político neste processo: o governador Renato Casagrande.

Palácio prefere uma divisão mais igual de forças entre os aliados

Apurei que, entre João Coser e Luiz Paulo, o governador prefere que o PDT caminhe com o petista em Vitória.

Primeiro, por uma questão de equilíbrio na distribuição das forças partidárias concentradas sob o toldo da coalizão liderada por Casagrande. Hoje, essa divisão está desequilibrada a favor de Luiz Paulo. Desde a última terça-feira (4), o tucano lidera uma coligação que já está bem encaminhada e já aglutina nada menos que seis partidos aliados do governo Casagrande, incluindo o do próprio governador (PSB).

Enquanto isso, até este momento, o PT de João Coser não tem nenhum outro partido em seu palanque a não ser os dois “parceiros compulsórios”, PCdoB e PV, que compõem com o PT a Federação Brasil da Esperança. Em tese, a Federação PSol/Rede pode se coligar com a Febrasil já no 1º turno (mas agrega muito pouco em matéria de recursos e tempo de TV).

Ninguém pode duvidar da “força solitária” do PT, mas é muito melhor para João Coser furar a bolha do isolamento. Para isso, é claro que convém poder contar com um aliado histórico como o PDT.

Essa “solução” mais salomônica agrada ao Palácio Anchieta. Tanto que, em reuniões dos partidos agora unidos em torno de Luiz Paulo, o tema “PDT em Vitória” já foi levado à távola por emissários do governo Casagrande… E, dentro do grupo, o ponto pacífico é que não se fará ali nenhum esforço para “brigar com Coser pelo PDT”.

Se o partido de Vidigal quiser marchar com Coser, va bene, é justo, sem problemas… Até porque a coligação de Luiz Paulo (PSB, MDB, PSD, União Brasil e Federação PSDB/Cidadania) já garante, sozinha, cerca de 4 minutos por bloco de dez minutos no horário eleitoral de Vitória. É tempo à beça. Para que mais?

Por último, mas não menos importante, ao fazer esse “gesto magnânimo” em benefício do PT em Vitória e do PDT na Serra, ajudando os dois parceiros estratégicos no campo da esquerda a reforçarem suas trincheiras nos respectivos municípios prioritários, Casagrande fica muito bem na fita com ambos.

E a política é assim: uma mão sempre lava a outra na eleição seguinte. E a próxima, em 2026, é logo ali.

A resposta oficial do PDT, rebatendo Majeski

O presidente do PDT em Vitória, Junior Fialho, divulgou na noite de ontem (5) uma “Nota do PDT de Vitória à Imprensa”, rechaçando as alegações de Majeski. À coluna, Fialho informou que o partido decidirá o que fazer em reunião do Diretório Municipal com seus pré-candidatos a vereador na próxima segunda-feira (10).

Eis a nota completa:

O PDT Vitória tem por tradição a defesa do melhor projeto para a Capital. Nosso compromisso sempre foi e sempre será a melhor alternativa para a nossa cidade e a população do município.

Pensando nisso, a Executiva Municipal do PDT de Vitória se reuniu nesta noite para decidir os próximos passos do partido.

Quando acolhemos a pré-candidatura do ex-deputado estadual Sergio Majeski, nos propusemos a fazer parte de um projeto único e que é um sonho do PDT Vitória há 30 anos. Sempre ficou claro, inclusive publicamente no ato de filiação de Majeski – que ocorreu na Câmara de Vitória no dia 06 de maio [na verdade, março] deste ano – que “a única pessoa que pode retirar a candidatura de Majeski é ele mesmo” e assim ele o fez.

Respeitamos sua decisão, mas não podemos faltar com a verdade em respeito a todos os que acreditam no PDT. Cumprimos com os compromissos firmados e lamentamos que ele tenha declinado de sua pré-candidatura.

Agora vamos debater internamente junto com nossos pré-candidatos ao Legislativo Municipal qual projeto mais se aproxima do que acreditamos ser o melhor caminho para Vitória e para nossa chapa de vereadores.

Junior Fialho
Presidente do PDT Vitória

Prova do BBB Vitória: Capitã Estéfane é a bola da vez

A eleição à Prefeitura de Vitória está parecendo prova de resistência pela liderança no “Big Brother Brasil”. Na terça-feira (4), o deputado estadual Fabrício Gandini (PSD) anunciou sua retirada. No dia seguinte, foi a vez de Majeski. Hoje, pelo padrão estabelecido, pode ser a vez da vice-prefeita de Vitória, a Capitã Estéfane (Podemos).

Sergio Majeski e Gandini desistiram da eleição a prefeito de Vitória

É brincadeira, é claro… Mas, pelo sim, pelo não, assim que recebi o comunicado de Majeski, mandei ontem uma mensagem para Estéfane perguntando-lhe se sua pré-candidatura está mantida. Ela respondeu que está firme.

Sem querer agourá-la, mas sendo muito realista, acho extremamente difícil que ela se sustente até o fim. Ela diz que sim; o presidente estadual do Podemos, Gilson Daniel, diz o mesmo… Mas, tal como Majeski, a Capitã está isolada no processo. Seria um clássico suicídio eleitoral entrar na disputa só com o Podemos, frente a pesos pesados como Pazolini, Coser, Luiz Paulo – e ainda nem mencionamos o Capitão Assumção (PL).

Reservadamente, já tem gente dentro do Podemos concordando com essa avaliação. Nesse caso, as duas únicas saídas para o partido são as mesmas que ora se apresentam ao PDT: ir para Luiz Paulo ou João Coser.

Como já afirmou à coluna o próprio Gilson Daniel, é mais provável nesse caso que o Podemos siga com Luiz Paulo, por falta de afinidade ideológica com o PT de Coser (Gilson foi um dos expoentes do “voto Casanaro” em 2022).

Se for mesmo com Luiz Paulo – acho-o bem provável –, o Podemos tentará emplacar a Capitã como vice do tucano. Seria um bom “complemento de perfil” para ele, em todos os aspectos, mas a tarefa não será tão simples: a vaga já é muito cobiçada pelos partidos que chegaram ali bem antes. A fila é grande e tem muitos na frente do Podemos.


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