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Coluna Vitor Vogas

O desafio do novo secretário de Segurança, inclusive para ser mantido

Casagrande prefere não voltar a mexer no comando da Sesp, para não gerar descontinuidade. Ele será efetivado se não houver piora nos resultados

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Eugênio Ricas deixa a Secretaria Estadual de Segurança Pública

Eugênio Ricas deixa a Secretaria Estadual de Segurança Pública. Foto: divulgação / Secom

O delegado federal Eugênio Ricas deixou o comando da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) para assumir o cargo de assessor do próximo secretário-geral da Interpol, na sede da instituição, em Lyon, na França. Em seu lugar, quem assume a chefia da Sesp é o até então subsecretário de Estado de Inteligência, Leonardo Geraldo Baeta Damasceno. O anúncio foi feito na manhã desta segunda-feira (12) pelo governador Renato Casagrande (PSB), em uma live, ao lado dos dois. Um detalhe chamou a atenção na fala de Casagrande: ele disse que, a partir de amanhã (13), Damasceno passa a “responder” pela secretaria.

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O termo é ambíguo. Dá a entender que Damasceno assume o cargo de secretário interinamente (ou seja, de maneira provisória). Os posts de Casagrande que se seguiram à live confirmam isso: ele assume interinamente. Em primeira análise, isso significa que o substituto imediato de Ricas não necessariamente será efetivado por Casagrande no cargo. Poderia ficar ali, respondendo pela pasta, enquanto o governador procura um substituto definitivo para Eugênio Ricas.

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Apuramos, no entanto, que Casagrande prefere não voltar a mexer no comando da Sesp, para não gerar descontinuidade no trabalho. Damasceno de fato assume como interino e, inicialmente, ficará sob observação (como se fosse um estágio probatório). Se não houver piora na qualidade do trabalho e, principalmente, nos números da criminalidade, ele será efetivado. A solução “caseira”, mais simples e com menos sobressaltos, tem preferência no Palácio Anchieta. Mas, de novo: dependerá dos resultados.

Assim, o grande desafio com que Damasceno assume a Sesp, inclusive para garantir a própria manutenção no cargo, é não deixar a peteca cair. E não deixar a peteca “cair”, nesse caso, é não deixar subirem as estatísticas que medem os crimes contra a vida e contra o patrimônio no Espírito Santo.

É preciso dizer que não será missão das mais fáceis. Ricas sai do comando da Sesp deixando o sarrafo muito alto para seu substituto. E, ao contrário da nossa peteca, deixar o sarrafo muito alto, nesse caso, significa deixar os indicadores em patamares baixos (ao menos em termos relativos, analisando-se a série histórica).

Com o programa Estado Presente em Defesa da Vida, os resultados vêm aparecendo desde o primeiro governo de Casagrande (2011-2014), e a curva de homicídios dolosos vem numa trajetória decrescente nos últimos anos. De 2020 a 2023, com o Coronel Ramalho à frente da Sesp, a redução se intensificou. No ano passado, com 976 assassinatos, o Espírito Santo alcançou a melhor marca da série histórica de medição de assassinatos, iniciada em 1996.

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Em fevereiro deste ano, Ramalho passou o bastão para Ricas, e o ritmo de diminuição se acelerou ainda mais. No fim de junho, o Governo do Estado apresentou o melhor resultado da série histórica para o primeiro semestre, com 432 assassinatos registrados nos seis primeiros meses. Se mantido esse ritmo, o Espírito Santo tem tudo para estabelecer um novo recorde positivo ao fim do ano. Se mantido esse ritmo, apesar da mudança de secretário.

Na frente de combate aos crimes patrimoniais, a gestão de Ricas também vinha colhendo resultados, a partir da implementação de novas ações, como o projeto Recupera, para recuperação de celulares roubados ou furtados e restituição dos aparelhos aos donos.

Confiança e recomendação de Ricas

Leonardo Damasceno tem um grande argumento a seu favor para justificar sua eventual efetivação no cargo e a expectativa de que, com ele à frente da Sesp, o risco de “descontinuidade” é bem pequeno: sua proximidade e relação de confiança com Eugênio Ricas, que o recomendou a Casagrande.

Mineiro de Belo Horizonte como Ricas e formado em Direito na UFMG, Damasceno também é delegado da Polícia Federal. Na Superintendência Regional da PF no Espírito Santo, ele era o braço direito de Ricas e seu substituto imediato. Quando Ricas precisava se ausentar, era ele quem assumia interinamente o cargo de superintendente regional.

Foi Ricas quem levou Damasceno para sua equipe na Sesp, quando assumiu, no lugar de Ramalho, o comando da secretaria, em fevereiro deste ano. Desde então, Damasceno se tornou seu 02 também na Secretaria de Segurança, exercendo a função estratégica de subsecretário de Estado de Inteligência. É considerado um homem 100% de confiança de Ricas.

O fato de ele vir da PF e o cargo até então ocupado indicam que o agora secretário interino prioriza ações de inteligência policial, exatamente uma das prioridades de Ricas em sua curta passagem pela pasta, frisadas por ele desde a coletiva de imprensa em que foi apresentado.

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Por todo o exposto, a tendência é que haja muito poucas alterações na linha que vinha conduzindo o trabalho. Quanto a possíveis oscilações nos resultados, os próximos meses o dirão.

Será preciso mostrar serviço.

Continuidade” no discurso

Na resposta de Leonardo Damasceno à publicação de Casagrande no Instagram, o agora secretário interino usou duas vezes a palavra “continuidade” e chamou Ricas de “amigo”:

“Obrigado, Governador, pela oportunidade de dar continuidade aos trabalhos do Secretário Eugênio Ricas. Completamente às ordens para dar continuidade às estratégias e políticas de governo para a segurança pública. Agradecimento muito especial a meu amigo Eugênio Ricas pelo ensinamento diário e oportunidade de estar ao seu lado nos últimos 4 anos, na PF e na Sesp. Desejo muito sucesso e felicidades na nova jornada junto à Interpol”.

República da Federal

Com a substituição de Eugênio Ricas por Leonardo Damasceno, a “República da Federal” não fica desfalcada no Governo do Estado. O primeiro escalão de Casagrande continua totalizando três secretários oriundos da Polícia Federal: além de Damasceno, o de Planejamento, Álvaro Duboc (aposentado), e o de Justiça, Rafael Pacheco, são membros de carreira da mesma instituição.

Além disso, o secretário de Controle e Transparência, Edmar Camata, é policial rodoviário federal.

O que Ricas vai fazer?

Valdecy Urquiza, delegado da Polícia Federal e diretor de Cooperação Internacional da Interpol, foi eleito secretário-geral da organização. Seu mandato começa em novembro. Ele convidou Eugênio Ricas para assessorá-lo na sede da Interpol, em Lyon, e Ricas aceitou o convite.

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