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Coluna Vitor Vogas

O caso Majeski: quantas doses da vacina antigolpe são necessárias?

A esta altura, já não era para o ex-deputado estar vacinado contra as alegadas rasteiras dos dirigentes que manejam as cordinhas políticas no Estado?

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Majeski com Sergio Vidigal e Weverson Meireles, no lançamento de sua pré-candidatura, no início de março. Foto: Reprodução Facebook

Quantas doses de uma vacina política são necessárias para que um agente político enfim fique imunizado? Quando se trata de Sergio Majeski e da vacina antigólpica, a resposta é: várias.

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Em entrevista à coluna sobre os motivos de ter desistido da pré-candidatura a prefeito de Vitória, o ex-deputado apontou uma trama urdida pelos caciques do PDT (Sergio Vidigal), em sociedade com os do PSB (Casagrande) para tirá-lo (de novo) do páreo eleitoral antes mesmo da largada. A tese pode ser provada? Não. Tem fundamento? Tem. Motivos para isso não faltam, pois todo mundo, menos Majeski, sai ganhando com a sua retirada: o Palácio Anchieta, o PDT, o PT…

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Na mesma entrevista, Majeski lembrou dos episódios anteriores em que também tomou pernadas do próprio partido – à época, o PSB. Em 2018, ele queria ser candidato ao Senado, mas o partido não fez lá muita força para bancar sua candidatura. Em detrimento do então deputado estadual, o PSB apoiou Ricardo Ferraço (então no PSDB) e Marcos do Val (então no Cidadania). Deu no que deu.

Foi a primeira dose da vacina antipernada.

Dois anos depois, na eleição municipal, Majeski tentou pela primeira vez ser candidato a prefeito de Vitória, ainda no PSB. O partido preferiu lançar o então vice-prefeito Sergio Sá, cuja pré-candidatura derrotou a de Majeski em uma prévia realizada na Câmara de Vitória. Sá controlava a direção municipal do PSB, sobre a qual Majeski, alheio à vida partidária, não tinha nenhuma influência.

Foi a segunda dose.

Agora, o episódio no PDT: a dose de reforço.

Na carta em que anunciou a desistência, Majeski reiterou que entrou na política e segue a praticá-la não para fazer jogo, mas por idealismo sincero.

É louvável – porque extremamente raro – que, mesmo após uma década de atividade político-partidária, esse idealismo do professor de Geografia não tenha se perdido em meio a um mar de tramas e tramoias.

É preocupante, todavia, quando o referido idealismo se confunde com ingenuidade.

Desde que Majeski se filiou ao PDT, estava muito evidente que o desfecho para ele corria o risco de ser exatamente esse. A pré-candidatura dele já nasceu seriamente a perigo. E não foi por falta de alerta. Eu mesmo o fiz aqui, há exatos quatro meses, em um texto que vale a pena ser relido, pois agora se prova profético.

A pergunta que se impõe é: a esta altura, já não era para o ex-deputado estar vacinado contra esse tipo de rasteira dos dirigentes que manejam as cordinhas políticas no Espírito Santo?

Que o ex-deputado se imunize de vez. Sua criticidade, bem como seu idealismo, fazem falta no dia a dia da política deste estado.

O prazo para Majeski

Um ponto que me intrigou foi: por que Majeski decidiu desistir da pré-candidatura a prefeito logo agora? Confesso que até esperava a sua retirada, mas por força de decisão partidária superior, não por sua iniciativa. Perguntei isso a ele. O ex-deputado me respondeu que, em cumprimento ao prazo legal, imposto pela Justiça Eleitoral, para poder ser candidato a prefeito, ele teria de se desincompatibilizar até esta quinta-feira (6) do cargo ocupado por ele na Assembleia Legislativa.

Há controvérsias. O prazo de até quatro meses antes do 1º turno de fato expira hoje, mas vale para secretários e subsecretários municipais e estaduais, chefes de órgãos públicos… Majeski é diretor da Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa.

Juristas me corrijam se eu estiver enganado, mas tenho a impressão de que, no caso concreto, o prazo aplicável é o mesmo que vale para todo servidor público, efetivo ou comissionado: até três meses antes do pleito, portanto até o dia 6 de julho.


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