Coluna Vitor Vogas
O caso Majeski: quantas doses da vacina antigolpe são necessárias?
A esta altura, já não era para o ex-deputado estar vacinado contra as alegadas rasteiras dos dirigentes que manejam as cordinhas políticas no Estado?
Quantas doses de uma vacina política são necessárias para que um agente político enfim fique imunizado? Quando se trata de Sergio Majeski e da vacina antigólpica, a resposta é: várias.
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Em entrevista à coluna sobre os motivos de ter desistido da pré-candidatura a prefeito de Vitória, o ex-deputado apontou uma trama urdida pelos caciques do PDT (Sergio Vidigal), em sociedade com os do PSB (Casagrande) para tirá-lo (de novo) do páreo eleitoral antes mesmo da largada. A tese pode ser provada? Não. Tem fundamento? Tem. Motivos para isso não faltam, pois todo mundo, menos Majeski, sai ganhando com a sua retirada: o Palácio Anchieta, o PDT, o PT…
Na mesma entrevista, Majeski lembrou dos episódios anteriores em que também tomou pernadas do próprio partido – à época, o PSB. Em 2018, ele queria ser candidato ao Senado, mas o partido não fez lá muita força para bancar sua candidatura. Em detrimento do então deputado estadual, o PSB apoiou Ricardo Ferraço (então no PSDB) e Marcos do Val (então no Cidadania). Deu no que deu.
Foi a primeira dose da vacina antipernada.
Dois anos depois, na eleição municipal, Majeski tentou pela primeira vez ser candidato a prefeito de Vitória, ainda no PSB. O partido preferiu lançar o então vice-prefeito Sergio Sá, cuja pré-candidatura derrotou a de Majeski em uma prévia realizada na Câmara de Vitória. Sá controlava a direção municipal do PSB, sobre a qual Majeski, alheio à vida partidária, não tinha nenhuma influência.
Foi a segunda dose.
Agora, o episódio no PDT: a dose de reforço.
Na carta em que anunciou a desistência, Majeski reiterou que entrou na política e segue a praticá-la não para fazer jogo, mas por idealismo sincero.
É louvável – porque extremamente raro – que, mesmo após uma década de atividade político-partidária, esse idealismo do professor de Geografia não tenha se perdido em meio a um mar de tramas e tramoias.
É preocupante, todavia, quando o referido idealismo se confunde com ingenuidade.
Desde que Majeski se filiou ao PDT, estava muito evidente que o desfecho para ele corria o risco de ser exatamente esse. A pré-candidatura dele já nasceu seriamente a perigo. E não foi por falta de alerta. Eu mesmo o fiz aqui, há exatos quatro meses, em um texto que vale a pena ser relido, pois agora se prova profético.
A pergunta que se impõe é: a esta altura, já não era para o ex-deputado estar vacinado contra esse tipo de rasteira dos dirigentes que manejam as cordinhas políticas no Espírito Santo?
Que o ex-deputado se imunize de vez. Sua criticidade, bem como seu idealismo, fazem falta no dia a dia da política deste estado.
O prazo para Majeski
Um ponto que me intrigou foi: por que Majeski decidiu desistir da pré-candidatura a prefeito logo agora? Confesso que até esperava a sua retirada, mas por força de decisão partidária superior, não por sua iniciativa. Perguntei isso a ele. O ex-deputado me respondeu que, em cumprimento ao prazo legal, imposto pela Justiça Eleitoral, para poder ser candidato a prefeito, ele teria de se desincompatibilizar até esta quinta-feira (6) do cargo ocupado por ele na Assembleia Legislativa.
Há controvérsias. O prazo de até quatro meses antes do 1º turno de fato expira hoje, mas vale para secretários e subsecretários municipais e estaduais, chefes de órgãos públicos… Majeski é diretor da Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa.
Juristas me corrijam se eu estiver enganado, mas tenho a impressão de que, no caso concreto, o prazo aplicável é o mesmo que vale para todo servidor público, efetivo ou comissionado: até três meses antes do pleito, portanto até o dia 6 de julho.
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