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Coluna Vitor Vogas

Magno Malta pode lançar a própria filha como candidata ao Senado

Nos círculos do PL, Maguinha passa a ser tratada como alternativa a Gilvan da Federal na disputa por uma vaga na Casa Revisora. Saiba quem é outro nome cotado, por que Gilvan agora tende a optar pela reeleição na Câmara e por que Magno passa a apostar na própria filha para seguir os seus passos

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Magno Malta com a filha Maguinha Malta. Crédito: Assessoria do senador

Magno Malta com a filha Maguinha Malta. Crédito: Assessoria do senador

O deputado federal Gilvan da Federal foi lançado em 2023 a senador da República pelo Partido Liberal (PL). Quando se diz “pelo Partido Liberal”, leia-se pelo senador Magno Malta, comandante da sigla de Jair Bolsonaro no Espírito Santo. Durante as eleições municipais do ano passado, Gilvan foi tratado no PL como o pré-candidato do partido ao Senado em 2026. Mas esse plano está sendo reavaliado internamente.

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Agora, Gilvan está mais propenso a ir na “bola de segurança”: disputar a reeleição na Câmara dos Deputados. No lugar dele, na eleição para o Senado, a cúpula estadual do PL, liderada por Magno Malta, avalia outros dois nomes. Um deles é o deputado estadual Wellington Callegari. Mas quem mais chama a atenção é a segunda alternativa: Magno cogita seriamente lançar uma das suas filhas para lhe fazer companhia no Senado.

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Magda Santos Malta, mais conhecida como Maguinha, é tratada nas rodas do PL como possível candidata do partido para concorrer a uma das duas vagas que estarão em jogo pelo Espírito Santo – as cadeiras hoje ocupadas por Marcos do Val (Podemos) e Fabiano Contarato (PT).

Em nota, a assessoria da direção estadual do PL reitera que o partido terá candidatura própria ao Senado no Espírito Santo e que Gilvan segue sendo, “hoje, a principal referência dentro do partido para essa missão”. A direção admite, porém, que os nomes de Callegari e Maguinha já circulam internamente, caso Gilvan prefira buscar a renovação do mandato na Câmara em vez de pleitear uma vaga de senador.

“Naturalmente, o PL-ES também conta com outros nomes preparados para a disputa majoritária, caso Gilvan opte pela reeleição. Lideranças e militantes têm citado, como alternativas legítimas e com respaldo para essa responsabilidade, o deputado estadual Callegari e Maguinha Malta.”

Maguinha é publicitária e musicista. Ao lado do pai, já fez parte do grupo de pagode gospel Tempero do Mundo. Desde fevereiro de 2023, ela é assessora parlamentar de Gilvan, lotada em cargo comissionado vinculado ao gabinete de representação do deputado, com remuneração bruta de R$ 8,4 mil por mês, mais benefícios, o que gera um fato curioso: em tese, Gilvan pode deixar de ser candidato a senador para dar lugar à sua atual assessora, filha do “chefe” Magno Malta.

Fisionomicamente parecida com o pai e evangélica como ele, Maguinha nunca disputou um mandato eletivo. Mas sua militância política e partidária é intensa, como não mentem suas redes sociais.

Além da parecença física, da voz grave e da religião, ela também se assemelha a Magno nas convicções políticas professadas pelo senador desde a derrocada do governo Dilma (PT): é bolsonarista fervorosa e segue aquela linha de “combate ao comunismo” e “guerra santa contra o mal” (a esquerda, sob essa ótica), misturando crenças religiosas e ideológicas no mesmo caldeirão, a exemplo de ícones desse campo político, como Michelle Bolsonaro, Damares Alves, Nikolas Ferreira e o próprio Magno.

Nas redes sociais da filha do senador, há posts dela, por exemplo, abraçada a Jair Bolsonaro e ao lado de Nikolas Ferreira durante uma “motociata”.

A ideia de lançar a própria filha na política, em seu rastro, não é nova. Faz tempo que Magno flerta com ela. Antes das eleições municipais de 2024, ele chegou a considerar lançar Maguinha a vereadora de Vila Velha, mas o ensaio não evoluiu.

Se Maguinha for mesmo candidata a senadora pelo PL do Espírito Santo, o que se pode vislumbrar desde já é uma campanha muito colada no nome e na imagem do pai. Apesar da inesperada derrota eleitoral em 2018, Magno deu a volta por cima nas urnas em 2022 e, ao longo dos anos, provou ter um eleitorado fiel – praticamente cativo – no Espírito Santo, que oscila entre 600 mil e 800 mil eleitores. É uma base eleitoral respeitável e um belo ponto de partida.

Se a estratégia for levada adiante, pode-se inferir que a campanha investirá na estratégia de que um voto em Magda Malta será um voto em Magno Malta, até pela convergência de nome e sobrenome – a exemplo do que sempre fez a família Bolsonaro.

O exemplo, aliás, parte do próprio ex-presidente, que, com a força de seu sobrenome, conseguiu eleger os três primeiros filhos para cargos parlamentares diversos, um atrás do outro. Isso para não falar de aliados que pegaram carona no sobrenome e se apropriaram dele eleitoralmente, como nome de urna.

Wellington Callegari

Segunda alternativa a Gilvan para disputar o Senado pelo PL-ES, o deputado estadual Wellington Callegari é analista concursado do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) e professor de História, Geografia e Filosofia.

Eleito em 2022, exerce seu primeiro mandato político. É natural de São Paulo (SP), mas tem sua base eleitoral em Cachoeiro de Itapemirim, onde reside desde 2006. Dirige o PL no município do sul – o maior do interior capixaba. Ao lado de Lucas Polese (PL), é um dos dois principais deputados de oposição ao governo Casagrande (PSB) na Assembleia Legislativa.

Por que Gilvan pode refugar da disputa a senador?

Comecemos pelo mais elementar: embora haja duas cadeiras em disputa, a briga por esses dois assentos, na bancada do Espírito Santo, promete ser dificílima.

O governador Renato Casagrande quer voltar para o Senado – e todos os seus aliados também querem vê-lo lá. Ele só não será candidato se algo der muito errado no roteiro traçado por ele.

Convenhamos: com sua atual boa avaliação e a máquina estadual nas mãos, se Casagrande não ficar com uma das duas vagas, teremos a maior zebra da história política do Espírito Santo neste século. O mercado político capixaba já atribui uma vaga para ele. O desafio talvez será o de bater o recorde registrado por Ricardo Ferraço em 2010, com mais de 1,5 milhão de votos para senador.

Aí restará a outra vaga. E, entre os seus possíveis postulantes, há uma relação de pesos pesados.

O ex-governador Paulo Hartung (a se filiar ao PSD em abril) é cotado para concorrer ao Senado.

O senador Fabiano Contarato, fenômeno de popularidade junto ao eleitorado de esquerda, tende a disputar a reeleição, como o candidato do PT, da esquerda e do governo Lula.

O deputado federal Evair de Melo, atualmente no PP, também pode ser candidato a senador – inclusive, com o apoio pessoal de Bolsonaro. No início do ano, o ex-presidente declarou preferência por Evair para ser seu candidato ao Senado pelo Espírito Santo.

O deputado estadual Sérgio Meneguelli, hoje no Republicanos, quer ser candidato a senador, após não ter conseguido legenda no mesmo partido para pleitear o cargo em 2022. Ainda é muito popular nas redes sociais.

E há até quem acredite que Lorenzo Pazolini (Republicanos), apesar de todas as evidências, também pode ser candidato a senador. O próprio partido do prefeito, Republicanos, o trata como pré-candidato ao Governo do Estado. Mas alguns agentes políticos sustentam que, no fundo, ele gostaria mesmo é de ir para o Senado.

Enfim, se só três dos nomes listados acima disputarem mesmo as duas posições abertas na Casa Revisora – numa hipótese bem conservadora –, o páreo já será muito duro.

Se Gilvan for candidato a senador, não terá uma eleição impossível, mas altamente incerta – o que também vale, aliás, para Maguinha, Callegari ou qualquer outro candidato do PL. A reeleição do deputado bolsonarista na Câmara parece muito mais tangível.

O próprio Bolsonaro parece ter consciência disso. Segundo uma fonte do PL no Espírito Santo, o recuo de Gilvan passa também por um pedido do próprio ex-presidente.

Inelegível até 2030, Bolsonaro quer se manter forte e influente nos rumos da política nacional. Para isso, precisa eleger o maior número de aliados – de preferência, concentrados no PL – nas duas Casas do Congresso Nacional. Não pode se dar ao luxo de perder nenhum deputado federal com mandato.

A candidatura de Gilvan ao Senado seria muito arriscada, e Bolsonaro preferiria não correr o risco de perder uma cadeira na Câmara assim. Então, o ex-presidente teria pedido ao deputado para dar uma segurada no tocante a esse projeto.