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Coluna Vitor Vogas

“Fui abandonado por Manato”, desabafa Torino Marques

Ex-deputado diz que não desistiu da política e que pretende concorrer em 2024, mas critica postura de “conservadores” e lamenta desmanche do seu grupo

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Torino Marques rompeu aliança política com Manato

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Meio esquecido desde que encerrou seu mandato em 31 de janeiro, o ex-deputado estadual Torino Marques (PTB) reemergiu ontem (18) no cenário político capixaba, ao ser nomeado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (Podemos), para o cargo comissionado de supervisor de redação integrada/jornalismo, na Secretaria de Comunicação Social da Casa. Em entrevista à coluna, Torino desabafa e se diz abandonado por aquele que foi seu mentor e maior aliado político nos últimos quatro anos: o ex-deputado federal Carlos Manato (PL).

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Segundo Torino, após as eleições gerais de outubro de 2022, o grupo político do qual ele fazia parte, capitaneado por Manato, praticamente se desintegrou, e cada um foi para um lado, para “cuidar da vida pessoal”. Os resultados eleitorais não foram os esperados pelo grupo, que reunia alguns dos expoentes da direita bolsonarista no Espírito Santo. Entre outros reveses, Manato não se elegeu governador; sua esposa, Soraya Manato (PTB), não conseguiu renovar o mandato na Câmara dos Deputados; o próprio Torino passou longe de se tornar deputado federal.

Torino não esconde a sua mágoa com Manato, com quem diz não ter propriamente brigado, mas nutrido sérias discordâncias após o pleito passado. O jornalista e ex-deputado afirma que já não pertence ao grupo de Manato e aponta “muitos erros que precisam ser sanados” no segmento do “conservadorismo” – como classifica esse grupo.

“Não faço mais parte do grupo de Manato. Nós nos distanciamos, simplesmente. Teve algumas coisas de que eu discordei. Às vezes eu falo que o conservadorismo é muito interessante, mas tem muitos erros que ainda precisam ser sanados. Na hora que a pessoa não tem êxito, não pode a outra pessoa largar a mão.”

Ao ser indagado diretamente se se sente abandonado por Manato, Torino responde desta forma:

“Nossa! Muito! Você mesmo viu. Cadê os caras? Cadê Carlos Von? Cadê essa turma? Eu fazia parte de um grupo, e o grupo se desmanchou. Cada um foi cuidar da sua vida pessoal. Soltaram a mão um do outro e se esqueceram do grupo.”

Planos políticos

Nos últimos meses, desde que ficou sem mandato, Torino não se dedicou a nenhuma atividade profissional. “Eu estava cuidando da vida pessoal”, explica o ex-deputado, que segue bem ativo nas redes sociais.

Ele continua filiado ao PTB, mas afirma que pretende trocar de partido. Sem ter superado a cláusula de barreira nas eleições de 2022, a legenda de Roberto Jefferson ensaiou fusão com o Patriota, mas a questão se tornou um imbróglio judicial. Independentemente do desfecho, Torino, por não ter mandato, pode mudar de sigla a qualquer tempo.

O ex-deputado assevera que, definitivamente, não se retirou da vida pública nem desistiu de pleitear mandatos. As eleições municipais do ano que vem estão no seu radar. Com planos ainda incertos, ele ainda não sabe a cidade nem o cargo que vai postular, mas quer participar do jogo.

De vereador a prefeito, passando por vice-prefeito, cogita concorrer em Vila Velha, Vitória – onde está sua residência e seu domicílio eleitoral – ou Santa Teresa – onde tem uma propriedade rural há 35 anos, segundo conta. “Posso vir candidato a prefeito, ou vice-prefeito, mas também posso vir a vereador. Sigo trabalhando nos bastidores.”

Controvérsia: pré-requisitos para o cargo

Por escolha de Marcelo Santos, Torino foi nomeado ontem para o cargo de livre provimento subordinado à Mesa Diretora, em ato publicado no Diário do Poder Legislativo. Como supervisor de redação integrada/jornalismo, o ex-deputado receberá R$ 5.368,76 para cumprir jornada de 40 horas semanais, mais tíquete-alimentação de R$ 1.829,79 e os outros benefícios pagos aos servidores do Legislativo Estadual.

Entretanto, ele afirma que ainda não tomou posse e que não tem certeza se o fará. Como explicamos aqui, Torino, “na letra fria da lei”, não cumpre uma exigência interna para o exercício da função. Conforme a resolução de 2015 que especifica as atribuições e a qualificação necessária para o preenchimento do cargo em questão, seu ocupante precisa ser formado “em Comunicação Social, Jornalismo ou [curso superior] congênere”.

Torino só possui um curso de graduação incompleto em Administração de Empresas. Logo, o cargo para o qual foi nomeado exige um diploma que ele não possui – em que pese seu registro profissional de jornalismo e sua experiência de 40 anos no ramo.

Informação pública equivocada

Nos anos de mandato de Torino na Assembleia (de fevereiro de 2019 a janeiro deste ano), a página oficial do Legislativo, no texto de apresentação do então deputado, dizia que ele é “formado em Jornalismo”. Mas tal informação não procede.

As respostas para Torino

É claro que, ao indagar “Cadê os caras? Cadê essa turma?”, Torino está propondo perguntas retóricas. Mas, levando-as ao pé da letra, as respostas são públicas e fáceis de se encontrar.

Manato, como já demonstramos aqui, está absolutamente afastado da política, ao menos temporariamente, por livre e espontânea vontade. Logo após ter chegado perto, mas perdido para Renato Casagrande (PSB) a corrida ao Palácio Anchieta, o ex-deputado virou a chave até o fim e decidiu dar um tempo na política para se concentrar 100% em suas atividades empresariais.

De modo mais específico, decidiu deixar a política de lado para se focar em seu novo empreendimento, no qual diz ter investido todo o patrimônio de sua vida: um hotel com um cerimonial em Pedra Azul, Domingos Martins. Conforme relatou à coluna, passa a maior parte do tempo na localidade, tocando de perto as obras. E o negócio está consumindo toda a sua atenção. “Sou muito focado”, justifica.

Quanto a Carlos Von, assim como Torino, o ex-deputado bolsonarista não obteve sucesso nas urnas em 2022. Pela Democracia Cristã (DC), disputou novo mandato na Assembleia, mas a sigla nanica não elegeu ninguém.

Em 15 de dezembro, Von sofreu um baque: foi um dos alvos de uma megaoperação da Polícia Federal (PF), autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão em um endereço dele em Guarapari e em seu gabinete na Assembleia.

Acolhendo pedido da procuradora-geral de Justiça, Luciana de Andrade, o relator dos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos no STF determinou a adoção de medidas cautelares contra Von – e também contra o deputado Capitão Assumção (PL), outro integrante do agora “desmanchado” grupo de Torino. Entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica. Desde a megaoperação, Von e Assumção usam o dispositivo de rastreamento.


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