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Coluna Vitor Vogas

Erick Musso: “Busco a unidade. Estou à disposição para conversar com o PL”

Republicanos e partido e Magno disputam a liderança do campo conservador de direita no ES. Abaixo, você pode ler na íntegra a entrevista de Erick, presidente estadual do primeiro, na qual ele defende o que chama de “direita Tarcísio”. Boa leitura!

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Erick Musso. Foto: Lissa de Paula

O presidente estadual do partido Republicanos, Erick Musso, está incomodado com a postura isolacionista do seu equivalente no Partido Liberal (PL), Magno Malta, que faz questão de lançar candidatos próprios em todas as maiores cidades capixabas e refuta acordos eleitorais. Isso é o que a coluna apurou. Erick, porém, escolhe cuidadosamente as palavras. Não quer se indispor (ainda mais) com o PL, muito menos entrar (definitivamente) em rota de colisão com o senador.

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Na entrevista abaixo, o ex-presidente da Assembleia, líder do Republicanos no Estado, deixa algumas perguntas praticamente sem resposta. Mas passa o seu recado: “O meu trabalho é construir uma direita com diálogo e respeito, uma direita forte e equilibrada”.

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Para bom entendedor, Erick quer dizer: uma direita diferente dessa que o PL está propondo, sob a liderança de Magno no Estado.

Como analisado aqui na coluna de ontem (27), PL e Republicanos são hoje as duas forças de direita mais proeminentes no Espírito Santo e têm tudo para se unirem politicamente, visando ao fortalecimento mútuo, e formarem uma frente de direita para tentarem eleger um senador e chegar ao Governo do Estado na eleição estadual de 2026, no imediato pós-Casagrande.

No momento, porém, bem distante de uma união de forças, o que se vê no Espírito Santo são o PL e o Republicanos engajados em uma disputa aberta pela liderança e pela hegemonia dentro do campo da direita conservadora.

Na prática, isso tem se refletido em um dado que fala por si: em nenhum, absolutamente nenhum dos maiores municípios capixabas, seja Grande Vitória ou interior, os dois partidos vão se coligar para o pleito municipal de outubro. Pior: em algumas dessas cidades, como Vitória, Serra e Aracruz, as duas siglas de direita estão trombando de maneira estrepitosa.

Abaixo, você pode ler na íntegra a entrevista de Erick, na qual ele defende o que chama de “direita Tarcísio”. Boa leitura!

Há de fato, hoje, uma concorrência no Espírito Santo entre PL e Republicanos, dentro do chamado “campo conservador”, pela hegemonia desse campo no Estado?

O meu trabalho é construir uma direita com diálogo e respeito, uma direita forte e equilibrada.

Por que o senhor diz isso? Hoje não existe essa direita forte e equilibrada no Espírito Santo?

Não estou dizendo que não existe. Aí é análise sua. Estou dizendo que eu quero uma direita com diálogo e respeito. E eu quero uma direita forte e equilibrada. Não dá, irmão, para a gente ter um movimento de que, se você não é de um partido, você não é direita e você não é conservador. O conservadorismo está muito acima de uma sigla partidária. Eu vou te falar por mim: eu sou cristão, sou evangélico, sou batizado nas águas de uma igreja evangélica desde 2007, declarei apoio a Bolsonaro na minha eleição ao Senado em 2022, fiquei com Manato no 2º turno. Está lá na minha rede social, para quem quiser ver. Mas sou Republicanos. E no que eu acredito? Eu acredito numa “direita Tarcísio”, o que ele tem feito em São Paulo. O nosso partido é ligado a uma igreja. Agora, não dá para você fazer uma coisa assim: se não for partido A, B ou C, não presta. O que é isso?!? Eu ser evangélico, eu ser conservador, eu ser de direita não me dá o direito de desrespeitar as pessoas. Não me dá o direito de não ouvir opiniões divergentes. Olha, eu não sou da base do governador Renato Casagrande, mas eu sou um estadista. Se ele foi eleito pelo povo para governar, que ele faça um bom trabalho, porque, se ele fizer um bom trabalho, vai bem o Espírito Santo, e eu amo o meu estado. Então nós temos que entender que há o debate ideológico, de votações polêmicas, e eu sempre me posicionei, até em entrevistas como candidato a senador, mas tem que se ter um mínimo de equilíbrio para que as coisas avancem em favor da sociedade, porque é o bem-estar das pessoas que está em jogo.

O diálogo entre vocês e o PL visivelmente está muito ruim, se é que de fato existe algum diálogo entre vocês a esta altura…

Estou à disposição para dialogar com o PL a hora que eles quiserem. Tenho muitas alianças com o PP. Tenho alianças com o PSD. Tenho alianças com o Podemos. Claro, no nosso campo de direita, centro-direita, no campo conservador. Acredito que temos um dever de casa a fazer de agora até 2026, de dialogar entre essas forças para que possamos chegar fortalecidos.

Incluindo o PL? Importante, na sua opinião, uma retomada do diálogo entre o Republicanos e o PL visando às eleições estaduais de 2026, tendo no horizonte o lançamento de uma frente forte e ampla de direita?

Claro!

Então o senhor confirma que o movimento ideal é esse? Pensando na sucessão estadual daqui a dois anos, é importante que as forças de direita estejam fortes e unidas no Espírito Santo, incluindo esses partidos citados pelo senhor?

Eu não tenho dúvida disso. É importante.

O senhor falou em uma “direita Tarcísio”. O que seria isso?

Diálogo, respeito, direita forte e equilibrada.

O senhor não mencionou nomes, mas mencionou a sigla, dizendo estar à disposição do PL para dialogar com eles, leia-se Magno Malta, quando eles quiserem. O senhor considera que o PL hoje no Espírito Santo está buscando exercitar uma direita mais radical e mais refratária ao diálogo com outras forças de direita?

O que estou buscando é uma unidade. Agora, para ter unidade, tem que ter diálogo.

Mas, para esta eleição municipal, pelo jeito já não será possível, né? Esse trabalho de “busca de unidade” é da abertura das urnas municipais até 2026, nos dois anos seguintes, certo?

É isso. E é possível. Quando digo que vou trabalhar para construir “uma direita com respeito e diálogo” e falo em “direita Tarcísio”, é porque entendo que o Tarcísio representa tudo isso. O nosso presidente nacional, Marcos Pereira, representa tudo isso. Olha o que o Tarcísio está fazendo! Ele deixou de ir na Avenida Paulista [no ato de Jair Bolsonaro em fevereiro]? Não deixou. Ele deixou de ser Bolsonaro? Não deixou. Ontem ele estava com o Ronaldo Caiado [governador de Goiás] num evento, dizendo que o Bolsonaro é o maio líder do Brasil. Nós comungamos das mesmas ideias. Só que, para isso, não necessariamente precisamos estar todos dentro de uma sigla só. O movimento conservador é maior do que um partido. É maior do que qualquer partido! É preciso entender isso.

Nunca falha: toda vez que a gente entrevista um bolsonarista filiado ao PL, seja dirigente ou pré-candidato – sendo o mais recente exemplo, nesta coluna, a entrevista do vereador Igor Elson –, eles consideram que “a direita” no Brasil se limita ao PL e se limita a Bolsonaro, ou seja, quem não está no PL não é direita, “não é direita de verdade, porque não está no PL, então não está com Bolsonaro”. O raciocínio deles é esse. O senhor se incomoda com isso? Na sua avaliação, é equivocada essa assertiva que ouvimos de todos os membros do PL?

Primeiro eu quero dizer que o maior líder da direita, que foi o presidente em quem eu votei, é Jair Bolsonaro. Ponto. Mas o conservadorismo não se restringe a uma sigla partidária.

E vai além de Bolsonaro?

Não. Ele é o maior líder do conservadorismo. Eu estou falando de partido e não de Bolsonaro. Ele é o maior líder que nós temos. Mas o conservadorismo não se restringe a uma sigla partidária. Eu tenho gente conservadora no Progressitas: o senador Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil de Bolsonaro. Tenho conservadores no Republicanos: o governador Tarcísio foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro! É o melhor governador do país, com todo o respeito aos demais. Então o conservadorismo tem no presidente Bolsonaro o seu maior líder, e eu tenho ele como o maior líder nosso, da direita, mas isso não restringe a uma única sigla partidária. O governador Tarcísio é um exemplo disso. O governador Zema está no Novo. Onde está o governador Caiado?

Quero encerrar tocando em três episódios concretos que descortinaram a atual concorrência cerrada entre PL e Republicanos no Espírito Santo, começando por Vitória. O pré-candidato do PL a prefeito da Capital, Capitão Assumção, e o deputado Gilvan têm afirmado insistentemente que o prefeito Lorenzo Pazolini “não é de direita”. Como o senhor responde a isso?

Tenho amigos no PL. Não quero entrar em rota de conflito e “disse me disse”… Mas me dá um ato, um só, que Pazolini fez e que não é direita. É só me responder. Um ato. Alguém é capaz de citar? Agora, ele tem na sua história a defesa da vida. Pazolini se criou na política defendendo crianças de pedófilos, ao lado da ministra Damares Alves, que hoje é senadora da República, e tantos outros atores. Por que Pazolini “não é de direita”? Porque ele não é do PL?

E em Vila Velha? O Republicanos chegou a convidar o Coronel Ramalho para se filiar, naquele momento de articulação. Em meados de fevereiro, depois de sair do governo Casagrande e do Podemos, ele esteve muito perto de entrar no partido…

Muito. Ele estava conversando conosco, com o PP e com o PL. E ele fez uma opção, que nós respeitamos. Como o Delegado Sperandio fez a opção para vir para o Republicanos em Aracruz. Isso é da política. Respeito o Coronel Ramalho e desejo sorte e sucesso para ele.

Falando em Sperandio, o episódio da filiação dele ao Republicanos chamou a atenção de todos porque foi no penúltimo dia para a filiação de pré-candidatos e, até então, ele estava muito perto de fechar com o PL. Já estava com os dois pés no partido de Magno.

Mas ali tinha um fator principal, que era a união dele com o deputado estadual Alcântaro Filho [Republicanos]. A divisão dos dois só favorecia ao atual prefeito, o Doutor Coutinho (PP). E ali qual foi acordo? O deputado Alcântaro sai da disputa, mas para isso o Sperandio precisava estar no Republicanos. Não foi uma saída de um partido [o PL], mas um trabalho pela união, pelo fortalecimento da oposição, porque duas candidaturas oposicionistas, uma do PL e uma do Republicanos, só favoreceriam o atual prefeito.


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