Coluna Valor em Foco
2024 tem “PIBão”, mas não se anime
Na última sexta-feira (dia 07/03), o IBGE divulgou o crescimento do PIB de 2024. A economia brasileira avançou 3,4% em relação ao ano anterior, consolidando o quarto ano consecutivo de expressivo crescimento. Indústria e serviços cresceram 3,3 e 3,7% respectivamente, enquanto a agropecuária retraiu 3,2% (impactada pelos eventos climáticos do ano passado).

Pagamento do Auxílio Gás também será iniciado hoje. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
*Artigo escrito por Marcel Lima
Sócio e assessor de investimentos da VALOR
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Na última sexta-feira (dia 07/03), o IBGE divulgou o crescimento do PIB de 2024. A economia brasileira avançou 3,4% em relação ao ano anterior, consolidando o quarto ano consecutivo de expressivo crescimento. Indústria e serviços cresceram 3,3 e 3,7% respectivamente, enquanto a agropecuária retraiu 3,2% (impactada pelos eventos climáticos do ano passado).
Apesar da aparente boa notícia, o forte crescimento está associado à alta da inflação, que terminou o ano acima da meta. Com um mercado de trabalho aquecido e com programas de transferência de renda do governo federal, a economia segue crescendo a passos largos sem a devida compensação da oferta de bens e serviços.
Não é atoa que o Banco Central segue elevando os juros como forma de conter a alta generalizada dos preços. Felizmente a política monetária mais restritiva parece já estar começando a surtir efeito. Afinal, o último trimestre de 2024 apresentou crescimento menor do que o restante do ano.
Caso a economia siga com sinais de desaceleração, o Bacen poderá segurar o juro alto por menos tempo, o que animaria bastante o mercado financeiro (refletindo na valorização das ações, fundos imobiliários e ativos de renda fixa com marcação a mercado).
Estratégias de renda passiva além de fundos imobiliários
Mas não parece ser tão simples assim… principalmente quando incluímos o componente político na equação. Já estamos em ano pré-eleitoral e o governo federal segue buscando, sem sucesso, aumentar a popularidade perdida por meio de medidas de estímulo ao consumo (como a liberação do FGTS e facilitação da contratação de crédito consignado).
De fato, essa é uma combinação perigosa: juros altos, inflação persistente e eleições batendo à porta. Trata-se da tempestade perfeita para mais estímulos ao consumo, mais juros e mais inflação.
Enquanto o governo federal continuar seguindo a cartilha pré-eleitoral, os investidores devem permanecer cautelosos no curto prazo, mas possivelmente otimistas para horizontes maiores de tempo.
A oportunidade nos ativos de crédito privado isento
Todo esse contexto pessimista naturalmente “faz preço” no mercado, abrindo janelas de oportunidade para compra de ativos a “preço de banana”. Só em 2024, enquanto a trajetória de queda de juro foi interrompida para mais um ciclo de alta, o Ibovespa caiu mais de 10% (um dos piores resultados dos últimos 10 anos). Por outro lado, em meados de 2023, quando se consolidou a expectativa de corte de juros, o principal índice da bolsa subiu mais de 22%.
Warren Buffett (um dos maiores investidores que o mundo já viu) certa vez disse que os juros estão para os ativos de risco assim como a gravidade está para a matéria. Em outras palavras, não tem como “lutar contra”. Juro alto, bolsa para baixo. Juro baixo, bolsa para cima.
Para os investidores de plantão, resta saber: quando será iniciado um novo ciclo de queda? Seguimos ansiosos.

Marcel Lima, sócio e assessor de investimentos da VALOR
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