Coluna Valor em Foco
Estratégias de renda passiva além de fundos imobiliários
Os fundos imobiliários (FIIs) se consolidaram como uma das principais formas de obtenção de renda passiva no Brasil. Talvez você já até esteja achando esse assunto repetitivo. Com sua capacidade de distribuir rendimentos isentos de imposto de renda mensalmente, eles se tornaram o grande queridinho para investidores que buscam complementar sua renda. No entanto, o desempenho em um período mais recente tem decepcionado os investidores. MAS FIQUE TRANQUILO! Existem outras estratégias que podem ser utilizadas em conjunto
com os FIIs para construir um fluxo de caixa recorrente e diversificado.
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Neste artigo, exploramos algumas dessas estratégias, que podem ser utilizada complementando a geração de renda dos FIIs, como também sendo a única estratégia de renda do portfólio, permitindo ao investidor criar uma carteira equilibrada e com rendimentos previsíveis ao longo do tempo.
1. Carteira de Títulos Públicos e Crédito Privado com Fluxo Mensal
Uma forma de gerar renda passiva previsível é a construção de uma carteira combinando títulos públicos e ativos de crédito privado, organizando seus pagamentos de forma a garantir recebimentos mensais.
A estratégia consiste em investir em títulos públicos como o Tesouro IPCA+ com juros semestrais, bem como debêntures incentivadas, que pagam cupons periodicamente. Para garantir um fluxo mensal, o investidor pode selecionar ativos com diferentes vencimentos e alternar as datas de pagamento dos cupons.
Como funciona na prática?
- Escolher Tesouro IPCA+ com juros semestrais, distribuindo os investimentos em papéis que paguem cupons em diferentes meses.
- Complementar com debêntures incentivadas, cujos cupons também sejam pagos semestralmente, mas em meses distintos.
- Incluir CRI/CRA e outros ativos de crédito privado que tenham pagamento periódico de juros.
Dessa forma, ao combinar esses ativos corretamente, o investidor garante rendimentos mensais previsíveis, sem depender exclusivamente de FIIs.
2. Escalonamento no Vencimento de CDBs
Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) oferecem boas taxas de retorno e podem ser estruturados para fornecer um fluxo de renda passiva. Para isso, o investidor pode adotar uma estratégia de escalonamento no vencimento, garantindo a disponibilidade de capital e geração de renda mensal.
Como aplicar essa estratégia?
- Investir em CDBs com vencimentos escalonados, por exemplo, um CDB com vencimento em janeiro; outro em fevereiro; outro em março, e assim sucessivamente.
- Ao reinvestir o valor resgatado, o investidor mantém um fluxo contínuo de liquidez e rentabilidade.
- Escolher CDBs que paguem juros no vencimento ou CDBs com pagamento periódico de cupons.
Esse escalonamento permite que o investidor tenha previsibilidade e liquidez para reinvestir conforme necessário, adaptando-se a diferentes cenários econômicos.
3. Utilização de Fundos de Crédito Privado com Diferentes Liquidezes
Os fundos de crédito privado investem em ativos como debêntures, CRIs e CRAs, oferecendo retornos atrativos e menor volatilidade em relação ao mercado acionário. No entanto, a liquidez desses fundos pode variar. Uma estratégia interessante é combinar fundos com diferentes prazos de resgate (D+30, D+60, D+90 e D+120), garantindo acesso a capital em diferentes períodos.
Como estruturar essa abordagem?
Distribuir o capital entre fundos de diferentes prazos de liquidez:
- Fundos D+30: usados para uma alocação mais tática, ou um gasto planejado no curto prazo, já tendo uma data definida.
- Fundos D+60 e D+90: oferecem um meio-termo entre rentabilidade e liquidez.
- Fundos D+120: capturam melhores taxas de retorno devido ao prazo mais longo.
Reinvestir periodicamente os valores resgatados para manter um fluxo contínuo de renda passiva.
Essa estratégia proporciona um equilíbrio entre rentabilidade e disponibilidade de capital, evitando o risco de ficar sem liquidez no curto prazo enquanto otimiza os retornos.
4. REITs e ETFs Internacionais com Dividendos
Os Real Estate Investment Trusts (REITs) e os ETFs internacionais de dividendos são excelentes alternativas para diversificar a geração de renda passiva globalmente. Os REITs funcionam de maneira similar aos FIIs brasileiros, investindo em ativos imobiliários e distribuindo uma grande parte dos seus lucros como dividendos periódicos.
Como utilizar essa estratégia?
- Investir em REITs nos Estados Unidos e outros mercados desenvolvidos, que pagam dividendos trimestrais ou até mensais.
- Explorar ETFs focados em dividendos, como:
- SCHD (Schwab U.S. Dividend Equity ETF)
- VYM (Vanguard High Dividend Yield ETF)
- HDV (iShares Core High Dividend ETF)
- VNQ (Vanguard Real Estate ETF, focado em REITs)
Considerar BDRs de empresas pagadoras de dividendos internacionais, caso o investimento direto no exterior não seja viável.
Essa estratégia permite ao investidor acessar moedas fortes como o dólar, diversificar geograficamente seus investimentos e receber uma fonte adicional de renda passiva em uma economia mais estável.
Embora os fundos imobiliários sejam amplamente utilizados para a geração de renda passiva, há diversas estratégias complementares que podem aumentar a previsibilidade e diversificação dos rendimentos.
Ao estruturar uma carteira que combine títulos públicos e crédito privado com fluxo mensal, escalonamento de CDBs, fundos de crédito privado com liquidez diferenciada e investimentos internacionais via REITs e ETFs de dividendos, o investidor consegue construir um portfólio sólido e resiliente.
Essa abordagem não apenas reduz a dependência de um único tipo de ativo, mas também melhora a estabilidade dos fluxos de caixa ao longo do tempo.
Dessa forma, ao diversificar a fonte de renda passiva, o investidor pode enfrentar diferentes cenários econômicos com maior segurança e eficiência financeira.
Beatriz Silva de Araujo
Economista e Assessora de Investimentos da Valor Investimentos
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.
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