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Especialista analisa o pacote de ajuste fiscal que pretende cortar R$ 70 bi

Pacote de ajuste fiscal propõe medidas controversas para equilibrar contas públicas e evitar desconfiança no mercado

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André Motta é assessor da Valor Investimentos, especializado em análise econômica, com foco nas mudanças no cenário fiscal e macroeconômico do Brasil. Foto: Fernanda Côgo

André Motta é assessor da Valor Investimentos, especializado em análise econômica, com foco nas mudanças no cenário fiscal e macroeconômico do Brasil. Foto: Fernanda Côgo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou ao Congresso um pacote de medidas para conter os gastos públicos e alcançar uma economia de R$ 70 bilhões até 2026. Entre as propostas estão mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e ajustes na política de reajuste do salário mínimo, temas que dividem opiniões e geram intensos debates.

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As medidas coincidem com a divulgação do crescimento de 0,9% no Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, superando as projeções iniciais. O assessor da Valor e Investimentos, André Motta, analisou o cenário durante entrevista ao EStúdio 360, destacando os impactos das medidas na economia e os desafios para manter o ritmo de crescimento.

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Reação negativa do mercado e gargalos econômicos

Embora o PIB tenha apresentado resultados positivos, o mercado reagiu de forma negativa ao pacote fiscal. O dólar ultrapassou a barreira de R$ 6, refletindo preocupações com a sustentabilidade das medidas e os anúncios do governo. Segundo André Mota, a comunicação do Ministério da Fazenda falhou ao introduzir, de forma inesperada, a isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil, prevista para 2026.

O mercado também teme o aumento da dívida pública, estimada em 86% do PIB até o fim do atual mandato presidencial. Essa projeção gera dúvidas sobre a capacidade do país de equilibrar as contas sem pressionar ainda mais a inflação. Apesar disso, o assessor destacou que a atual inflação de 4,5% está dentro de um patamar historicamente considerado positivo, embora acima da meta de 3% definida pelo governo.

Debate no Congresso sobre o pacote de ajuste fiscal

O pacote de medidas enviado ao Congresso encontra um cenário desafiador. Lideranças como Rodrigo Pacheco e Arthur Lira expressaram apoio parcial, sugerindo que o tema do Imposto de Renda seja tratado em um debate mais amplo no futuro.

No entanto, a proximidade do recesso parlamentar reduz o tempo para as discussões e votações. Em entrevista ao EStúdio 360, André Mota enfatizou a importância de aprovar as medidas de ajuste fiscal de forma célere para evitar a elevação das taxas de juros de longo prazo, que podem desestimular investimentos e comprometer o crescimento econômico em 2025.

Cenário econômico exige equilíbrio

A economia brasileira apresenta sinais mistos. Por um lado, a queda do desemprego e o crescimento do PIB demonstram resiliência. Por outro, gargalos estruturais de produtividade e desconfianças em relação à gestão fiscal ainda preocupam investidores e economistas.

Segundo Mota, o grande desafio está em evitar que estímulos fiscais sejam mantidos por tempo excessivo, prejudicando a sustentabilidade das contas públicas. “O Brasil precisa de um equilíbrio que favoreça investimentos privados e garanta o crescimento econômico de forma estruturada”, afirmou o especialista, destacando a importância de ajustes planejados e bem comunicados.

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