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Professor: por que uma profissão tão nobre é desvalorizada?

A data é marcada por debates sobre inclusão, carreira docente e a necessidade de mais investimentos em educação pública e privada

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A doutora em educação Cleonara Maria Schwartz explica que a valorização da educação é essencial para a construção de uma sociedade justa e igualitária. Foto: Fernanda Côgo

A doutora em educação Cleonara Maria Schwartz explica que a valorização da educação é essencial para a construção de uma sociedade justa e igualitária. Foto: Fernanda Côgo

No Dia dos Professores, além das homenagens tradicionais, a discussão se volta para a valorização e os desafios enfrentados pelos educadores. Em entrevista ao Estúdio 360, a doutora em educação e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Cleonara Maria Schwartz, destacou a importância de reconhecer o papel desses profissionais e defendeu a necessidade de melhores condições de trabalho.

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“Embora alguns avanços tenham ocorrido, muitos municípios ainda não cumprem o piso salarial obrigatório por lei, e isso afeta diretamente a motivação dos docentes”, apontou Cleonara. A especialista frisou que o desrespeito ao piso legal e a falta de investimento prejudicam não apenas a remuneração, mas também a formação e o desenvolvimento de uma carreira consistente para os educadores.

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Expansão da educação integral esbarra em estrutura e cortes no orçamento

Durante a entrevista, a professora também comentou o avanço das escolas de tempo integral, uma das metas do Plano Nacional de Educação e dos planos estaduais e municipais. Segundo ela, o Espírito Santo tem dado passos importantes nessa direção, mas a implementação completa demanda tempo e planejamento.

“A transição para uma escola integral não é imediata. Ela exige metodologias específicas e prédios adequados, o que demanda um investimento maior. Estruturas antigas precisam ser adaptadas, e isso se torna um desafio, especialmente em tempos de cortes na educação”, afirmou Cleonara.

A falta de orçamento é um dos maiores entraves para a transformação do ensino público. “Embora o estado e os municípios tenham se esforçado para ampliar essas unidades, é preciso entender que a educação integral requer uma abordagem diferente das escolas parciais”, completou.

Indisciplina e violência refletem desigualdades sociais

Outro ponto abordado na conversa foi o aumento da indisciplina e dos episódios de violência nas escolas. A professora Cleonara destacou que esses problemas não surgem apenas no ambiente escolar, mas refletem desigualdades sociais mais amplas.

“Essas situações exigem um olhar cuidadoso para não criminalizar professores e estudantes, pois são frutos de um contexto social complexo. Políticas públicas precisam considerar isso para garantir um ambiente escolar mais seguro e inclusivo”, destacou. Ela lembrou ainda que, nos últimos anos, ataques à profissão docente comprometeram a autonomia pedagógica dos educadores, tornando o trabalho em sala de aula ainda mais desafiador.

Formação continuada e jornada dupla desafiam os professores

Além das dificuldades estruturais, os docentes enfrentam uma rotina intensa que vai além do horário escolar. Cleonara ressaltou que muitos professores dedicam horas em casa para corrigir provas e preparar aulas. “Essa carga adicional dificulta a participação em cursos de atualização e formação continuada, fundamentais para a evolução profissional”, comentou.

Apesar das dificuldades, a professora frisou que os educadores seguem comprometidos com a missão de ensinar. Ela citou Paulo Freire como inspiração para muitos profissionais. “Ser educador é um ato de amor, mas também de coragem, como dizia Freire. Mesmo diante das adversidades, os professores persistem, trabalhando por uma educação inclusiva e de qualidade.”

Para Cleonara, é essencial que a sociedade e o governo ofereçam o devido suporte aos educadores. “Garantir melhores condições de trabalho e respeito é o primeiro passo para assegurar um futuro melhor para a educação brasileira”, concluiu.

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