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Dia Mundial da Arquitetura: o futuro das cidades em tempos de crise

No dia 6 de outubro celebramos o Dia Mundial da Arquitetura, data criada pela União Internacional dos Arquitetos

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Projetar para força não é apenas erguer edifícios sólidos: significa criar espaços que protegem vidas. Foto: Divulgação (Prefeitura)

No dia 6 de outubro celebramos o Dia Mundial da Arquitetura, data criada pela União Internacional dos Arquitetos (UIA) para refletir sobre a contribuição da profissão à sociedade. Em 2025, o tema escolhido é “Design for Strength” — Projetar para Força, um chamado para pensar a arquitetura como prática que fortalece comunidades, resiste a crises e se adapta ao futuro.

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Projetar para força não é apenas erguer edifícios sólidos: significa criar espaços que protegem vidas, melhoram a saúde, preservam a cultura e se conectam com o meio ambiente. Um caminho essencial são as Soluções Baseadas na Natureza— estratégias que usam a própria lógica da natureza para enfrentar desafios urbanos, como jardins de chuva para conter enchentes, parques alagáveis que evitam inundações e vegetação que reduz o calor nas cidades.

O arquiteto chinês Kongjian Yu, que nos deixou recentemente, foi um dos grandes difusores dessa ideia, com seu conceito das cidades-esponja. Sua proposta mostra que é possível responder às mudanças climáticas de forma simples, ecológica e de baixo custo. Essa visão já começa a ser aplicada no Brasil: a Residência CTA, da Universidade de Brasília e coordenada pela professora Liza Andrade, desenvolve soluções desse tipo em comunidades vulneráveis do Distrito Federal, com impacto direto e acessível.

No campo social, mulheres arquitetas têm mostrado caminhos inovadores. Sheila Walbe Ornstein, da USP, consolidou métodos de avaliação que ajudam a garantir qualidade e durabilidade nas habitações sociais. Carina Guedes, com o projeto Arquitetura na Periferia, capacita mulheres de comunidades populares a melhorarem suas próprias casas, fortalecendo vínculos sociais. E Danielle Khoury Gregório defende que a arquitetura ribeirinha e vernacular traz lições valiosas de adaptação e sustentabilidade.

Exemplos internacionais também inspiram: o burquinense Francis Kéré, vencedor do Prêmio Pritzker, une materiais locais e participação comunitária; e a sul-africana Carin Smuts, premiada pela UIA, mostra como a arquitetura pode gerar coesão cultural em contextos de vulnerabilidade.

No Espírito Santo, a trajetória de Maria do Carmo Novaes Schwab, primeira arquiteta capixaba, abriu portas para que novas gerações de profissionais busquem cidades mais justas, sustentáveis e acolhedoras.

Em tempos de crise climática e déficit habitacional, a mensagem é clara: projetar para força significa criar cidades que resistam, mas também que cuidem — lugares preparados para enfrentar incertezas, mas capazes de acolher vidas e construir esperança.


Priscila Ceolin Gonçalves Pereira é arquiteta e urbanista presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU-ES)

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