O Gestor
Óticas Paris: da garagem à liderança com Getúlio e Ana Luiza Azevedo
Getúlio e Ana Luiza comandam a transformação da Óticas Paris, unindo tradição e inovação no setor óptico

Ana Luiza e Getúlio de Azevedo, responsáveis pelas Óticas Paris, foram os convidados. Foto: Reprodução/Youtube/O Gestor
O podcast “O Gestor”, apresentado por Bruno Rigamonti e Gabriel Feitosa, recebeu Getúlio de Azevedo, fundador e diretor geral da Óticas Paris, e Ana Luiza Azevedo, atual diretora executiva da empresa. O podcast vai ao ar toda segunda-feira pelo youtube.
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
Início na garagem
- A primeira unidade das Óticas Paris foi montada em uma garagem, por falta de recursos para alugar uma loja convencional.
- Embora parecesse um teste de mercado, para Getúlio, a ideia era definitiva desde o início. A garagem ficava na rua 13 de Maio, no centro de Vitória.
- O projeto da loja não teve arquiteto nem decorador; foi desenhado à mão por Getúlio, mesmo sem habilidades em desenho.
- A principal inovação foi no atendimento: o cliente e o consultor sentavam-se frente a frente. Na época, o padrão era o atendimento de pé, o que ele fez questão de mudar.
- O termo “vendedor” foi substituído por “consultor óptico” — cargo que ele mesmo ocupava no início.
- O mercado respondeu bem à proposta diferenciada. Em menos de um ano, foi inaugurada a segunda unidade.
Formação
- As Óticas Paris contratam pessoas sem experiência no ramo óptico. A ideia é formar os colaboradores internamente, com base na cultura e nos valores da empresa.
- O treinamento começa com uma semana no escritório, incluindo aulas no laboratório. Os novos funcionários estudam sobre os valores da empresa, moda e fundamentos ópticos. A primeira função é como atendente de cliente, atuando no caixa e no pré-atendimento.
- A empresa incentiva a participação em treinamentos contínuos. Em cerca de seis meses, alguns já estão aptos a se tornar vendedores. O cargo exige domínio técnico, como ler receitas médicas e entender tipos de lentes.
- Para se tornar vendedor, o colaborador precisa passar por três avaliações: escrita, objetiva e oral. O processo garante que o profissional tenha o conhecimento técnico necessário.
- Para alcançar o cargo de consultor óptico, é necessário ao menos um ano de experiência. O atendimento começa com óculos de sol e vai avançando conforme o conhecimento.
- O consultor precisa interpretar receitas e indicar armações e lentes ideais para cada cliente. Aspectos como grau de miopia, astigmatismo e espessura da lente fazem parte da análise.
- Um dos principais valores das Óticas Paris é garantir a satisfação do cliente. Todos os colaboradores já entram na empresa cientes desse compromisso. O foco está em oferecer uma experiência completa: do atendimento ao pós-venda.
Ética e credibilidade
- Existem casos no Brasil em que lojas entregam lentes diferentes daquelas vendidas — o que prejudica a experiência do cliente. O cliente só percebe se a lente não é adequada após o uso, quando não sente os benefícios que foram prometidos.
- Caso isso aconteça, ele volta ao consultório e reclama com o oftalmologista, o que prejudica também a imagem do médico. Por isso, o oftalmologista valoriza parcerias com óticas confiáveis, que asseguram qualidade e transparência.
- Diferente da armação, que pode ser experimentada, a lente não tem aparência visível — ela é vendida com base em explicações técnicas. A diferença entre uma lente multifocal de R$ 300 e uma de R$ 12.000 está no design interno, tecnologia e benefícios reais.
- A confiança na ótica é essencial, pois o cliente está investindo em um produto técnico e invisível — e precisa ter a certeza de que receberá exatamente aquilo que comprou.
Da lente de cristal à resina
- Quando Getúlio começou na ótica, as lentes eram feitas exclusivamente de cristal: pesadas, duráveis e resistentes a riscos. A lente de cristal não arranhava com facilidade, mas tinha duas desvantagens: o peso excessivo no rosto e o risco de quebrar e estilhaçar.
- A resina, por outro lado, é mais leve e praticamente inquebrável, o que representa um ganho em segurança e conforto. O desenvolvimento de novas tecnologias tornou a experiência visual mais natural, aproximando-se da nitidez ideal.
- O laboratório inicial da ótica era voltado para a produção de lentes de cristal, sem estrutura para trabalhar com resina. Com a mudança gradual do mercado, a demanda por lentes de resina cresceu e passou a dominar.
- Atualmente, praticamente não se fabrica mais lente de cristal no Brasil. Existem apenas dois laboratórios — um no Rio e outro em São Paulo.
Cirurgia ocular
- A cirurgia refrativa se popularizou e atrai cada vez mais pessoas que desejam corrigir problemas como miopia e astigmatismo. Mesmo com o avanço dos procedimentos, muita gente ainda hesita. A decisão de operar é pessoal e envolve fatores como segurança, grau de necessidade e estilo de vida.
- Mesmo após a cirurgia, algumas pessoas desenvolvem fotofobia (sensibilidade à luz) e passam a usar óculos de sol com mais frequência. Há casos em que o paciente acredita que ficará livre dos óculos, mas acaba voltando a usá-los com o tempo, especialmente para leitura ou visão noturna.
Transformação digital
- Ao assumir a diretoria executiva, Ana Luiza percebeu que a empresa não tinha presença digital ativa: o Instagram era inativo e o site era apenas institucional.
- Com base na sua formação em administração e gestão comercial, ela apostou no digital como caminho essencial para crescimento e permanência da marca.
- A empresa atende hoje a terceira geração de clientes, mas busca também atrair novos públicos, especialmente os mais jovens. Para isso, investe em campanhas modernas, redes sociais ativas e uma experiência de e-commerce funcional e atrativa.
Criação da ZEV
- A marca foi idealizada a partir do desejo da diretora de criar sua própria linha de óculos, unindo gosto pessoal por moda à necessidade de se diferenciar da concorrência.
- O foco da ZEV é oferecer peças exclusivas, tanto em armações quanto em lentes, com design diferenciado.
- O desenvolvimento levou dois anos de pesquisa: iniciado em 2022, o lançamento oficial ocorreu em novembro de 2024.
- A busca por bons fornecedores foi rigorosa, com envio de amostras que eram devolvidas quando não atendiam às exigências. A meta era criar óculos com acabamento de alta qualidade, mas com preço mais acessível.
- Enquanto armações de acetato italiano Mazucchelli ultrapassam R$ 2 mil, os óculos da ZEV têm faixa de preço entre R$ 600 e R$ 700.
- A ZEV surge como uma opção para quem busca um modelo diferente, mais autoral. O bom custo-benefício tem sido um diferencial para atrair novos públicos.
- Atualmente, a ZEV não tem a pretensão de ser o produto principal da ótica. O objetivo é oferecer ao cliente um produto diferenciado, com design exclusivo e cores variadas.
- Essa diferenciação visa atrair um público específico, sobretudo a geração Z, que tem demonstrado muito interesse e aprovação pelos modelos modernos. A expectativa é que essa geração se torne cada vez mais consumidora da marca ZEV.
Compra estratégica
- O sucesso nas vendas depende muito da qualidade da compra feita pelo varejista. Comprar bem envolve negociar preço, qualidade, prazo e descontos adequados. Comprar mal gera estoque parado, dificultando o giro dos produtos.
- O giro rápido de produtos é essencial para o sucesso do comércio. A ótica prefere vender com margem menor e giro maior do que ganhar muito em cada peça, mas ter estoque parado.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.
