fbpx

Dinheiro

Um em cada quatro bancários brasileiros está afastado por doença

Em meio ao Setembro Amarelo, levantamento do INSS revela explosão de afastamentos. Ferreira Borges Advogados orienta sobre direitos dos trabalhadores e deveres dos bancos

Publicado

em

Um em cada quatro bancários brasileiros está afastado por transtornos mentais, segundo estimativas do INSS e de sindicatos. Foto: Freepik

Um em cada quatro bancários brasileiros está afastado por transtornos mentais, segundo estimativas do INSS e de sindicatos. Foto: Freepik

Um em cada quatro bancários no Brasil está afastado do trabalho por transtornos mentais. O dado alarmante, com base em estimativas do INSS e do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo, expõe a gravidade da crise de saúde mental no setor financeiro. O número acompanha a tendência nacional: em 2024, o Instituto Nacional do Seguro Social registrou 472.328 licenças médicas por transtornos mentais, alta de 68% em relação ao ano anterior.

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

A pressão por metas, jornadas exaustivas e a cobrança constante compõem um ambiente que, segundo especialistas, potencializa quadros de burnout, estresse e depressão. No Estado, o sindicato reforça que a realidade local não foge ao cenário nacional, com agências enfrentando alta rotatividade e sobrecarga de tarefas.

Caso recente reforça alerta

Em 2024, o Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (TRT-17) condenou o Bradesco a reintegrar uma ex-funcionária e pagar R$ 50 mil de indenização por assédio moral. A bancária, que trabalhou 18 anos no banco, desenvolveu doenças psíquicas relacionadas às condições de trabalho. No processo, relatou cobranças abusivas por metas, ligações e mensagens fora do expediente e pressão psicológica do gerente geral. A Justiça reconheceu que os fatores estressantes levaram à incapacidade total no momento da dispensa, caracterizando doença ocupacional.

Bancários capixabas no limite

Estudo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) revela que 67% dos bancários do Estado apresentam sinais de sofrimento psíquico – de leve a extremamente grave. Mais de 40% já relatam estresse severo e 43% sinais de depressão profunda.

Direitos garantidos em lei

Para o advogado Caio Vairo, do escritório Ferreira Borges Advogados, é fundamental que o bancário conheça seus direitos. “Se o afastamento ultrapassa 15 dias, o empregado pode requerer o benefício por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença)”, explica a equipe jurídica. “Quando comprovado o nexo com o trabalho – como no caso de síndrome de burnout ou assédio moral – o benefício passa a ser acidentário, garantindo estabilidade de 12 meses após o retorno, conforme o artigo 118 da Lei 8.213/91.”

Além disso, a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) e a NR-17 (ergonomia) exigem que empresas identifiquem e previnam riscos psicossociais.

“Metas abusivas, assédio moral, cobrança excessiva e ausência de suporte são passíveis de autuação pelo Ministério do Trabalho. Bancos que não adotarem planos de prevenção podem sofrer multas e ações judiciais”, reforça Caio Vairo.

Fiscalização e prevenção

O Ministério do Trabalho e Emprego intensifica inspeções em bancos, teleatendimento e saúde – setores com maior índice de adoecimento. As ações incluem entrevistas, análise de afastamentos e exigência de planos de correção.

Especialistas em saúde mental alertam que prevenir é mais barato e eficaz: programas de apoio psicológico, revisão de metas e canais de denúncia são medidas urgentes para reduzir riscos.

“Não se trata apenas de cumprir a lei. Cuidar da saúde mental é proteger a produtividade e a reputação da instituição”, ressalta o advogado Caio Vairo.

LEIA MAIS!