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Coluna Vitor Vogas

Sobe e desce (parte 2): quem são os maiores derrotados na eleição no ES?

E veja também: quem volta para o fim da fila político-eleitoral em nosso estado, um grande partido completamente devastado e as principais decepções nas urnas neste domingo

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Encerrada a apuração dos votos e com os resultados oficiais já consolidados, continuamos aqui o nosso “perde e ganha”, ou “sobe e desce”, desta histórica eleição no Espírito Santo. Logo abaixo, destacamos quem foram os maiores perdedores neste domingo (2), com as respectivas observações, quem volta para o fim da fila político-eleitoral em nosso estado e quais foram as principais decepções nas urnas.

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Aqui você também pode conferir a primeira parte do nosso “sobe e desce”, com os maiores ganhadores e os políticos e partidos que deram a volta por cima no ES.

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Vamos à lista!

OS MAIORES DERROTADOS

Rose de Freitas: o possível fim de uma era

“Tem que ter respeito”. Aos 73 anos, Rose de Freitas já pode ser considerada, com sobras, a mais importante mulher de toda a história política do Espírito Santo. Seus sete mandatos seguidos no Congresso Nacional (seis na Câmara e o atual no Senado) já seriam currículo de sobra. Rose não se deu por satisfeita e tentou ampliar essa escrita. Numa disputa cabeça a cabeça, foi derrotada por Magno Malta (PL), que voltará ao Senado em 2023. Nem o apoio de Casagrande, do governo estadual e de quase todos os prefeitos do Estado foram suficientes para ela.

Podemos dizer aqui e agora: prestes a chegar ao fim, o atual mandato provavelmente será o último da senadora, pelo menos no Congresso Nacional, aonde ela ancorou em 1986 – mas não necessariamente representa o fim da linha para ela na vida pública.

No Congresso, Rose passou 30 anos exercendo mandatos, com um intervalo somente entre 1994 e o ano 2000. Em que pese qualquer possível ressalva a seu velho jeito de fazer política, reconheça-se o monumento vivo que é a senhora Rosilda de Freitas e seu lugar de honra assegurado no Atlas Político do Espírito Santo. Inspiração para as mulheres que queiram desbravar este meio tão hostil.

Guerino e Audifax: muito baixa votação

Na corrida ao Palácio Anchieta, Guerino (PSD) teve 7% dos votos válidos. Audifax (Rede), 6,5%. Pode-se dizer que a presença deles no pleito ajudou a ocasionar o 2º turno entre Manato e Casagrande. Mas ambos ficaram bem longe de chegar lá.

Os dois guardam similitudes. Um é ex-prefeito da cidade capixaba mais populosa acima do Rio Doce. O outro é ex-prefeito da cidade mais populosa do Espírito Santo. Guerino, já na fase de pré-campanha, ficou em absoluto isolamento político (a síntese disso foi sua aparição ao lado do folclórico Eymael de Almeida: 377 votos no Espírito Santo). Audifax até conseguiu romper levemente esse isolamento, mas amarrando partidos através de “casamentos na delegacia” que nem o Padre Kelmon teria aceitado realizar.

Ambos fizeram críticas pertinentes ao governo Casagrande (como acerca do aumento da miséria), mas insistiram demais numa tecla que não lhes rendeu votos: a de que o atual governo tem dinheiro sobrando em caixa.

Tanto Guerino como Audifax ficarão mais dois anos sem mandato e terão que calcular bem o próximo passo político: ou voltam a disputar o governo das respectivas cidades (mas o que mais eles têm a provar em Linhares e na Serra?) ou, então, só em 2026…

> Análise: Manato é “o grande vencedor” do 1º turno e Casagrande terá problemas no 2º

Erick Musso: não decolou

Confesso que mesmo eu, em dado momento da campanha, cheguei a crer que Erick pudesse crescer mais na reta final, captando aquele voto “nem-nem” (nem Magno, nem Rose), não a ponto de ganhar, mas pelo menos de morder os calcanhares dos dois favoritos.

O resultado frustrante (17,2% dos votos válidos) dá um choque de realidade ao presidente da Assembleia; uma realidade que tantos anos à frente do Poder Legislativo estadual (completa seis no início do ano que vem) podem ter nublado: Erick ainda não tem esse tamanho todo. Uma eleição majoritária estadual mostrou-se areia demais para um político ainda pouco conhecido pelos capixabas e que, a bem da verdade, teve uma reeleição difícil até para deputado estadual em 2018.

Com 3% das intenções de voto para governador em pesquisas até maio, Erick fez um dos movimentos estratégicos mais interessantes desta eleição no Estado: trocou uma candidatura kamikaze, isto é, uma derrota acachapante certa para o Palácio Anchieta, por uma possível vitória ou pelo menos uma derrota honrosa na corrida ao Senado, pensando num reposicionamento político futuro. O resultado não veio.

É outro que vai ter que repensar bem os próximos passos. Talvez seu destino em curto prazo seja um lugar na Prefeitura de Vitória, com seu aliado Lorenzo Pazolini.

MDB e PSD: partidos varridos do mapa

Sem nem sequer conseguir registrar uma chapa para a Câmara Federal, o MDB apresentou uma chapa muito fraca para a Assembleia e, como já era esperado, não elegeu nenhum deputado. Todas as esperanças do partido em conseguir manter-se de pé no Espírito Santo repousavam na reeleição da sua presidente estadual, Rose de Freitas, para o Senado. Mas… não rolou.

Pela primeira vez na história, o MDB fica sem nenhum representante parlamentar na Assembleia e no Congresso pelo Espírito Santo.

Quanto ao PSD de Guerino Zanon, o partido tem uma das cinco maiores bancadas na Câmara dos Deputados. Não teve nem sequer um parlamentar eleito pelo Espírito Santo.

Max Filho e Neucimar: para o fim da fila

Após ter sido derrotado ao tentar se reeleger prefeito em 2020, o filho de Max Mauro obteve votação decepcionante para deputado federal pelo PSDB: só 16.822 sufrágios. Concorrendo ao mesmo cargo, outro ex-prefeito de Vila Velha, Neucimar Fraga (PP), também teve votação abaixo das próprias expectativas e fraca para um candidato que disputava a reeleição: 39.539 votos.

Outro político muito tradicional da cidade, Hércules Silveira (Patriota) não conseguiu emendar novo mandato na Assembleia, após quatro consecutivos.

> Dos 30 deputados estaduais, apenas 14 conseguem se reeleger

Pazolini e Vidigal: derrotas indiretas

Na categoria “prefeitos e seus apoiados”, o de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), viu a derrota do correligionário Erick Musso, enquanto o da Serra, Sérgio Vidigal (PDT), testemunhou a derrota da esposa, Sueli Vidigal (PDT), na tentativa de voltar para a Câmara. Isso sem contar as muitas dezenas de prefeitos do Espírito Santo que endossaram a candidatura de Rose ao Senado.

AS DECEPÇÕES (ou GRANDES EXPECTATIVAS FRUSTRADAS)

Rigoni: açodamento

Deputado federal atuante e promissor do ponto de vista técnico, cometeu alguns erros substanciais do ponto de vista político. A ansiedade e a afobação não o ajudaram. Foi com sede demais ao pote e, como dirigente partidário, assumiu um comportamento que, para quem olha de fora, aproxima-o daquilo de que ele se afasta como parlamentar: a política tal como praticada pelos velhos caciques.

Depois de brigar para sair do PSB e conseguir a “carta de alforria” no TSE, entrou no União Brasil, peitou Ricardo Ferraço, virou “por cima” o presidente estadual e conseguiu um partido para chamar de seu no Espírito Santo. À boca pequena, o União Brasil passou a ser chamado no Estado de “Partido do Rigoni”, ou “Desunião Brasil”.

Com sua chegada, tirando ele, todos os deputados com mandato debandaram. Ele então montou as chapas do partido e lançou-se a governador. E o fez de um modo um tanto açodado, decretando que “o ciclo de 20 anos de Hartung e Casagrande no poder havia chegado ao fim”. Faltou combinar com os russos, aliás, com os capixabas.

Com índices irrisórios nas pesquisas, Rigoni deu um cavalo de pau em julho, aliou-se a Erick Musso (ninguém entendeu até agora o que ele ganhou com isso) e deu um passo atrás, decidindo no fim das contas lançar-se à reeleição na Câmara. Todo mundo então se perguntou: por que não fez isso desde o início? Não teria perdido um tempo valioso aí?

Durante a campanha, o deputado ainda se envolveu (ou foi envolvido) em uma treta pública com um companheiro de chapa, o médico Gustavo Peixoto, que se queixou de “autofavorecimento” de Rigoni, como presidente estadual do UB, na divisão do tempo de TV, e de distribuição não igualitária do Fundo Eleitoral.

Mesmo com votação individual respeitável (com 63.362 sufrágios, foi o 7º mais votado para o cargo), Rigoni não conseguiu se reeleger. Não foi ajudado pela chapa que ele mesmo montou.

Majeski e Amaro: desempenhos bem abaixo do esperado

Nas bolsas de apostas, o deputado estadual Sergio Majeski (PSDB) e o federal Amaro Neto (Republicanos) apareciam sempre entre os mais cotados para serem campeões de votos. Mas, com 40.124 (menos do que teve em 2018, para estadual), Majeski não conseguiu se eleger deputado federal.

Quanto a Amaro, não entra no rol de “derrotados”, afinal alcançou a reeleição. Mas figura nesta lista em razão da significativa redução de seu tamanho eleitoral. Em 2018, tornou-se o deputado federal mais votado da história capixaba, com 181.813 votos, um recorde que perdura. Agora, esse número caiu para menos de 1/3: foi o escolhido por 52.375 eleitores.

> Bancada capixaba terá 50% de deputados federais novatos

PP e PSB: resultados frustrantes

O Progressistas (PP) formou um chapão, com direito a quatro deputados federais com mandato e o ex-secretário estadual de Desenvolvimento Urbano Marcus Vicente. Falaram em eleger três deputados – os mais empolgados, como Neucimar, projetavam até quatro. Acabaram fazendo dois: os reeleitos Evair de Melo e Da Vitória.

Já o PSB, partido do governador, tinha a expectativa de eleger pelo menos dois federais. Com muito esforço e menos de 50 mil votos, Paulo Foletto conseguiu se reeleger nas sobras. E só.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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