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Coluna Vitor Vogas

Manato: “Confio 100% na palavra de Magno Malta”

É crescente a especulação sobre uma fusão das duas chapas M&M, mas Manato afirma que não há a mínima chance de ele ser retirado da corrida ao Palácio em favor de Musso nem de Meneguelli ser rifado da disputa pelo Senado em benefício de Magno

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Magno Malta e Manato se abraçam em evento em Cachoeiro (04/06/2022)

O Partido Liberal (PL) tem a candidatura de Magno Malta a senador e a de Carlos Manato a governador do Espírito Santo. O Republicanos tem a de Sérgio Meneguelli a senador e a de Erick Musso a governador. Não é de hoje que circula nos bastidores políticos capixabas uma especulação, intensa e crescente, segundo a qual pode haver uma fusão das chapas majoritárias desses dois partidos bolsonaristas, em benefício de Magno e de Musso. Nesse caso, os dois partidos se uniriam numa coligação, realizando o cruzamento das duas chapas M&M.

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O primeiro M do Republicanos (Meneguelli) seria rifado da disputa ao Senado, e assim o do PL (Magno) se tornaria o candidato a senador do grupo, com o apoio do Republicanos, entrando na corrida ao Senado sem adversários internos na pista do bolsonarismo. Em retribuição, o segundo M do PL (Manato) seria limado da disputa ao governo, e assim o do Republicanos (Musso) se tornaria o candidato a governador do grupo, com o apoio do PL de Magno.

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Por evidente, esse eventual acordo de bastidores favoreceria Erick Musso e, principalmente, Magno Malta. Os dois se livrariam de adversários competitivos, antes da largada, na disputa pelos respectivos cargos e dentro da mesma faixa do espectro político-ideológico.

Vendo-se livre de Meneguelli, que tem empatado com ele na liderança de pesquisas eleitorais divulgadas na imprensa capixaba, Magno poderia desfilar absoluto na passarela dos eleitores bolsonaristas (sobretudo os evangélicos conservadores, onde o ex-senador é mais forte). Já Erick Musso conseguiria eliminar um concorrente que tem pontuado melhor que ele nas pesquisas eleitorais: enquanto o ex-deputado federal aparece com dois dígitos, o presidente da Assembleia Legislativa não passa de 3% das intenções de voto no cenário estimulado.

Maior prejudicado com esse “cruzamento de Ms”, Manato nega veementemente qualquer chance de a especulação se confirmar – ou seja, a chapa Magnato será mantida custe o que custar. Magno é o presidente estadual do PL e assim, em grande medida, a concretização da candidatura de Manato ao governo está nas mãos do ex-senador. Mas o ex-deputado não se mostra preocupado e diz que confia integralmente na palavra de Magno:

“Confio 100% na palavra dele. O Magno pode ter algum defeito, como tenho mil a última vez que contei, mas o Magno é um homem de palavra. O Magno é um homem de palavra. Ele cumpre o que promete.”

No último sábado (4), discursando durante evento partidário em Cachoeiro de Itapemirim, o próprio Magno afirmou que, para retirarem Manato da disputa pelo Palácio Anchieta, terão que passar por cima dele.

De acordo com Manato, a hipótese de fusão de candidaturas com o Republicanos não tem a menor chance de se concretizar porque na verdade nem sequer existe. Segundo ele, tem sido plantada por adversários eleitorais interessados em enfraquecer sua pré-candidatura, lançando dúvidas sobre ela no mercado político capixaba. Além das garantias de Magno, o ex-deputado destaca que sua candidatura foi endossada pessoalmente por Bolsonaro:

“Não existe essa possibilidade de fusão. No dia 10 de junho de 2021, eu tive uma reunião com o presidente Bolsonaro, e ele me autorizou: ‘Vai, você vai ser o meu candidato.  Providencia tudo. Toca o projeto’. E aí comecei a tocar o projeto. Quando Bolsonaro decidiu ir para o PL, conversei com o Magno Malta exaustivamente, botando todos os pontos necessários. Fomos construindo tudo, até chegar no dia 22 de fevereiro, quando batemos o martelo. Nunca houve essa conversa.”

Alfinetada em Erick

Sem citar nomes, o ex-deputado solta uma farpa direcionada ao presidente da Assembleia (que tem pregado o advento da “nova política” e a construção de “um novo tempo na política do Estado”):

“Aí começam a falar o quê? Tirar um cara que tem 13% nas pesquisas para botar um cara que tem 3% [Erick]? Tirar um cara que tem projetos concretos por pessoas que ficam fazendo shows pirotécnicos? O que nós estamos praticando é a boa política. Esse negócio de ‘nova política’ e ‘velha política’ não existe. O que existe é a boa política. O que é a boa política? É o que estou fazendo. É respeitar todo mundo.”

Manato também chega a sugerir que esteja havendo “negociatas” com o intuito de prejudicá-lo:

“Nunca houve essa conversa dentro do PL. Quem planta isso eu não sei. A gente acha que sabe quem é que planta. Alguém está plantando isso para se beneficiar. Prefiro não fazer comentários. Acho que cada um faz o que quiser. Agora, tem algumas coisas acontecendo dentro da política capixaba que não são democráticas e não são republicanas. Não chamo nem de negociações. São negociatas.”

Além da confiança em Magno Malta, Manato ressalta a relação de respeito mútuo com o ex-senadodr e diz que só não será candidato se Deus não quiser que ele seja: “O meu respeito por Magno é tanto que, se por qualquer coisa eu não for candidato, digamos, por qualquer problema de saúde, já disse a ele que volta para a mão dele o poder decisório sobre a candidatura do PL ao governo. Se Deus não quiser que eu seja candidato, eu não vou ser.”

Manato também afirma que não existe ingerência dos presidentes nacionais do PL e do Republicanos (respectivamente, Valdemar Costa Neto e Marcos Pereira): “Zero. Ninguém nunca tocou nesse assunto com Magno e comigo”.

Mesmo campo ideológico?

Manato avalia que, na realidade, o PL e o Republicanos não fazem parte do mesmo campo político-ideológico no Espírito Santo, mesmo estando juntos no polo de apoio a Bolsonaro. Ele afirma, contudo, que chegou a idealizar a replicação, no Espírito Santo, da união de forças partidárias construída em torno de Bolsonaro na eleição presidencial (PL, Republicanos, PTB, PP, Patriota, PSC):

“No Espírito Santo, PL e Republicanos são coisas totalmente diferentes. Eu achei que, quando fizeram a coligação nacional, ela poderia se repetir aqui. Esse era meu sonho. Uma coligação com o PL, o Republicanos, o PTB, o PP. Na minha cabeça, isso poderia se refletir aqui. Então, o primeiro que eu trouxe foi o PTB. O Republicanos tem candidato a governador. Respeito. O PP sabemos desde o início que tem uma ligação com o governador. Tem que respeitar isso. E o PSC e o Patriota, não sei por qual motivo, já definiram e foram lá com o Republicanos. Então, temos que respeitar todo mundo e continuar o nosso projeto. Seguimos conversando com todo mundo. A vaga de vice está aberta para que alguém venha e contribua com o nome, mas respeitando todas as candidaturas.”

Alfinetada em Meneguelli

Na mesma linha, Manato entende que, na eleição para o Senado, Magno e Meneguelli não se atrapalham nem competem dentro do mesmo segmento do eleitorado, pois, segundo ele, os dois pré-candidatos têm perfis muito diferentes. O ex-deputado também aproveita para deixar uma alfinetada em Meneguelli:

“São pessoas diferentes. Não têm o mesmo eleitorado. O eleitorado de Magno é totalmente diferente do de Sérgio. Você vê isso nas pesquisas qualitativas. Posições, né? O Sérgio diz ser um ‘conservador moderno’. Não sei nem o que é isso, mas ele é um ‘conservador moderno’. É o que ele diz. O eleitor evangélico vota mais em peso no Magno. Magno não é ‘conservador moderno’ e tem posições muito claras. O Magno tem coragem de partir para cima do STF. Será que os outros candidatos terão? O Magno terá. O que nós precisamos é de um senador que tenha coragem de partir para cima do STF, para mudar tudo o que está lá.”

Por fim, dizendo-se “paz e amor” (por ora), o pré-candidato a governador deixa uma declaração enigmática: “Na hora que aflorar tudo, vai ter muita coisa para vir de muita gente, até minha. Tem muita gente que vai ter que responder sobre o que está fazendo agora, se os acordos feitos foram democráticos ou não. Se foram negociações ou negociatas. Muita gente vai ter que se explicar. Mas isso aí vai ser lá na frente. Não precisa ser agora, não. Agora é paz e amor.”

Vamos ver até quando essa “paz e amor” vai durar. Principalmente se essa confiança toda de Manato não for correspondida… e a chapa Magnato acabar sendo desfeita.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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