“Liderar é abrir caminho e criar pontes”: uma conversa com Roberta Kato

O LIDE – grupo seleto de líderes empresariais com presença internacional foi criado em 2003 no Brasil.  LIDE chegou ao Espírito Santo em dezembro de 2024. Em um cenário tradicionalmente dominado por líderes homens, quatro mulheres se destacam com papéis de liderança no LIDE: Flávia da Veiga (CEO da BeHappier), Ana Paula França (fundadora do Acelera Mulheres), Flávia Milanez (Milanez & Milaneze) e Roberta Kato (Kato Consultoria e Treinamento).

Hoje a coluna conversou com mais uma integrante do LIDE. Roberta Kato é referência quando o assunto é desenvolvimento de líderes, cultura organizacional e resultados sustentáveis. À frente da Kato Consultoria e Treinamento, ela vem ajudando empresas a fortalecerem seus times e transformarem ambientes de trabalho com mais propósito, clareza e protagonismo.

À frente de negócios em consultoria, educação, estética e transporte, Roberta Kato é a nova conselheira do Lide ES, comandando a vertical temática de Trabalho. Administradora, psicopedagoga e psicanalista, ela possui especializações em Gestão de Pessoas (UFES), Gestão de Projetos (IBMEC), e Transformação Cultural, Inteligência Emocional e ESG (PUC-SP). Roberta é referência em liderança humanizada e cultura empresarial, atua como mentora certificada, master coach e consultora comportamental.

Nesta entrevista, Roberta fala sobre representatividade feminina, propósito, coragem e os bastidores de uma jornada construída com consistência e conexão. Confira esse bate papo.

ELIANA: Você hoje faz parte de um grupo seleto de líderes empresariais. O que essa posição representa para você, pessoal e profissionalmente?

ROBERTA: “É um reconhecimento importante, mas, mais do que isso, é uma responsabilidade. Sempre que uma mulher ocupa um espaço de liderança, ela está ali por ela e por todas as outras que ainda estão lutando para chegar lá. Estar ao lado de grandes nomes do mercado me permite trocar experiências, aprender e também contribuir com um olhar mais humano e estratégico. Pessoalmente, é o reflexo de uma trajetória construída com muita escuta, entrega e consistência. Profissionalmente, é mais uma oportunidade de gerar impacto”.

ELIANA: Como surgiu o convite para integrar o LIDE no Espírito Santo? Que fatores você acredita que contribuíram para isso?

ROBERTA: “O convite veio naturalmente, como consequência de uma construção de reputação e resultados. Acredito que foi o conjunto do trabalho que venho realizando com empresas, líderes e equipes — sempre com foco em desenvolvimento de pessoas, inovação em gestão e cultura organizacional forte. Tenho convicção de que resultado e gente não são lados opostos. Quando isso se alinha, o crescimento é sustentável. E acho que esse olhar tem sido cada vez mais valorizado nas esferas estratégicas”.

ELIANA: O ambiente corporativo ainda é, em muitos casos, desafiador para as mulheres. O que tem sido seu diferencial para ocupar esse lugar e abrir caminhos para outras?

ROBERTA: “Primeiro, acho que a gente precisa parar de pedir licença para existir nesses espaços. Nós temos competência, repertório e visão. O que eu busco é ser coerente com o que acredito, mesmo quando isso exige coragem. Tenho clareza do meu papel e foco em gerar impacto real — não em agradar todo mundo. Isso, somado à escuta ativa e à construção de relações baseadas em confiança, tem sido o que sustenta minha jornada. E sim, abrir caminho é parte da missão. Mulheres abrem portas para outras. Sempre”.

ELIANA: De onde veio sua motivação para atuar com desenvolvimento de lideranças e cultura organizacional?

ROBERTA: “Veio da vida. Antes de empreender, eu vivi na pele o que é estar em ambientes que adoeciam as pessoas. Vi talentos sendo desperdiçados, vi lideranças sendo formadas no grito. E aquilo me incomodava profundamente. Quando decidi empreender, foi com a vontade de transformar isso. Acredito que cultura não se impõe, se constrói. E que uma liderança bem preparada pode mudar o rumo de uma organização — e a vida das pessoas que estão ali”.

ELIANA: Qual foi o momento em que você percebeu que sua ideia estava dando certo?

ROBERTA: “Quando os clientes começaram a nos procurar não só pelo conteúdo técnico, mas pelo modo como a gente fazia. Quando percebi que estávamos sendo chamados porque conseguimos traduzir conceitos complexos em ações práticas, que realmente funcionam no dia a dia. E também quando vi líderes voltando depois de meses para dizer: “Aquela conversa mudou minha forma de liderar”. Esse tipo de retorno mostra que estamos no caminho certo”.

ELIANA: Por que você acredita que esse tema é urgente e estratégico para o futuro das organizações?

ROBERTA: “Porque não dá mais pra dissociar resultado de gente. Empresas que ignoram a saúde emocional, a cultura organizacional ou a qualidade das lideranças estão fadadas ao desgaste — e à perda de talentos. O mercado está mudando. As pessoas querem pertencer, querem fazer sentido, querem evoluir. E quem lidera precisa entender esse novo cenário. Cultura forte não é luxo. É estratégia. E lideranças bem preparadas não são exceção — são base”.

ELIANA: Para outras mulheres que também querem ocupar espaços de liderança, qual seria o conselho que você daria hoje, com base na sua jornada?

ROBERTA: “Acredite na sua história. Não espere que alguém diga que você pode. Vá. Prepare-se, sim. Busque repertório, desenvolva suas habilidades. Mas não paralise tentando agradar a todos ou esperando estar 100% pronta. Liderança é movimento, é imperfeição com intenção. Escolha com quem você caminha, cerque-se de gente que te puxe pra cima. E lembre: autocuidado é estratégia. Quando a gente se cuida, se escuta e se respeita, fica mais forte pra cuidar e liderar os outros”.