Coluna Vitor Vogas
Weverson x Muribeca: as farpas finais na despedida do rádio na Serra
Nesta quinta, despedida dos candidatos no horário eleitoral foi marcada por estocadas de Weverson em Audifax e, sobretudo, Muribeca: “homem violento”
Weverson e Muribeca disputam vaga no 2º turno contra Audifax
A Serra nunca decepciona. Sem propaganda eleitoral na TV, os candidatos a prefeito da maior cidade do Espírito Santo reservaram para o rádio o melhor de sua “troca de farpas”.
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Nesta quinta-feira (3), a despedida dos concorrentes no horário eleitoral no rádio foi marcada por algumas delas, endereçadas por Weverson Meireles (PDT), candidato do prefeito Sergio Vidigal (PDT), ao deputado Pablo Muribeca (Republicanos). Os dois brigam cabeça a cabeça pela segunda vaga para disputar o 2º turno, enquanto o ex-prefeito Audifax Barcelos (PP) já está praticamente lá e só espera seu adversário.
A última pesquisa da Futura para a Rede Vitória, publicada nessa quarta-feira (2), mostra Audifax firme na ponta, com 36,0% das intenções de voto na estimulada. Aliás, nas sondagens de todos os institutos, é impressionante a constância do ex-prefeito: ele oscila ali, na margem de erro, de 33% a 37%, mas, desde o início, está solidificado na casa dos 35%. Não perde nem ganha. Podemos dizer que 35% dos eleitores da Serra estão com Audifax e não abrem. Isso dá a ele pouco mais de 40% dos votos válidos e o coloca virtualmente no 2º turno.
A briga vem no andar de baixo. Após um crescimento vertiginoso no primeiro mês de campanha, Weverson encostou em Muribeca, mas praticamente estagnou. Hoje, de acordo com a Futura, os dois estão tecnicamente empatados em segundo lugar, com pequena vantagem numérica para Muribeca: o deputado do Republicanos tem 24,0% das intenções de voto na estimulada, contra 21,0% do candidato do PDT.
A definição promete ser voto a voto, numa linha de chegada tensa. E essa tensão se manifestou nos últimos programas de rádio, sobretudo no de Weverson.
Weverson: “sem violência contra as mulheres”
Sem citar Muribeca pelo nome, o candidato de Vidigal abordou polêmicas que pesam contra o candidato do Republicanos e que pairaram contra Muribeca no decorrer da campanha: acusações pesadas, relacionadas a violência sexual contra mulheres, as quais o deputado estadual Hudson Leal (Republicanos) chegou a verbalizar em discurso da tribuna da Assembleia Legislativa.
No texto lido pelo locutor, um chamado à consciência do eleitor da Serra: “Está em suas mãos decidir se quer continuar no caminho do bem ou abrir espaço para homens violentos no poder. São as nossas escolhas no presente que decidem o futuro que vamos viver”. E prosseguiu: “A Serra não pode ter um prefeito brigado com o governo e nem um prefeito com história de violência contra as mulheres”.
No programa de rádio anterior, veiculado na quarta-feira (2), a campanha de Weverson foi além. Com mais de dois minutos no ar, o programa quase todo foi um texto lido pelo narrador em voz bastante solene, conclamando a população serrana, principalmente o eleitorado feminino, a não votar em um candidato que violenta mulheres. O locutor mencionou, inclusive, uma suposta prática de estupro. O nome de Pablo Muribeca não foi citado, mas o alvo é indubitável.
Weverson não falou. Quem falou, no fim – com “lugar de fala” –, foi a sua candidata a vice-prefeita, Delegada Gracimeri Gaviorno (MDB), referência no combate à violência doméstica e sexual contra mulheres.
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Casagrande na campanha: “parceria forte”
Já no programa de despedida, Weverson também deixou suas últimas farpas em Audifax. O ex-prefeito é o alvo da afirmação de que “a Serra não pode ter um prefeito brigado com o governo”. Audifax, que nunca foi lá grande aliado de Renato Casagrande (PSB), tornou-se seu adversário político e eleitoral em 2022. Questionado sobre isso em entrevista ao EStúdio 360, o ex-prefeito afirmou que a eleição estadual de 2022 ficou para trás.
Por sua vez, Weverson usa como trunfo não só a parceria política de Casagrande com Vidigal, mas o apoio pessoal dedicado a ele pelo governador. No derradeiro programa, o locutor pôs Weverson, Vidigal e Casagrande juntos em mais de uma frase. “O que está bom vai ficar ainda melhor”, prometeu o próprio candidato.
Na Serra, Casagrande entrou de cabeça na campanha de Weverson. Tanto que o programa final do pedetista trouxe uma fala do governador:
“O meu candidato na Serra é Weverson”, disse Casagrande, pedindo votos para ele e destacando, ainda, que sua “parceria com Vidigal na Serra é parceria forte”.
Em nova estocada dupla, o próprio Weverson afirmou que a Serra quer um prefeito “sem projetos pessoais de poder e sem violência de qualquer espécie”. O primeiro alvo foi Audifax; o segundo, de novo, Muribeca.
Outra alfinetada em Audifax veio na voz do locutor: “No próximo domingo, você vai decidir se a nossa cidade vai continuar crescendo em ritmo acelerado ou se vai voltar ao ritmo lento do passado”.
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Assim como no texto do locutor, Weverson recorreu ao maniqueísmo da “luta do bem contra o mal”: “Foi difícil chegar até aqui, mas cá estou eu, amparado pela fé de que o bem sempre vence o mal”. No tom de voz sempre muito “ensaiadinho”, muito pouco natural, o candidato agradeceu pelo “carinho” e pelos “gestos de afeto” e afirmou ter escolhido “o amor como instrumento de trabalho”.
Tal como vem fazendo desde 16 de março, quando teve a pré-candidatura lançada por Vidigal, Weverson se apresentou como o candidato da “renovação segura”. O locutor destacou que “nosso time está ganhando”, enquanto ele mesmo afirmou que “a cidade quer um governante com mentalidade nova”. Parecem ideias opostas, mas a ideia é complementá-las.
Vidigal: “Ele mora na Serra”
Além do jingle “Tá com Vidigal, tá comigo”, o próprio prefeito também entrou no ar pedindo votos para seu candidato. “Weverson mora na Serra. Conhece bem a cidade. Com Weverson na prefeitura, a parceria com o governador Casagrande vai continuar”.
Além do sublinhamento da aliança com o governador, chama a atenção na fala de Vidigal a preocupação em, pela derradeira vez, frisar que seu candidato a prefeito “mora na Serra”. Deveria ser uma obviedade, mas não é e virou outra polêmica no decorrer da campanha.
Num município extremamente bairrista, a campanha de Muribeca, principalmente, tem explorado o fato de que a família de Weverson é de Vitória, ele mesmo passou a infância lá, morou por anos em Vitória e chegou a ser eleitor e dirigente do PDT na Capital. Num dos últimos programas de Muribeca, o locutor dizia que a Serra precisa de “turismo, não de turista” (por curiosidade, Weverson chegou a ser, em 2023, secretário estadual de Turismo).
À coluna, questionado sobre isso, Weverson respondeu que transferiu seu título eleitoral para a Serra em 2021 e, nas últimas eleições, já votou no município.
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Muribeca: mudança, mudança e… mudança
Com o jingle “Faz o M da Mudança” (que também remete à inicial de Muribeca), o programa de despedida de Muribeca enfatizou que o deputado é o único candidato que representa uma renovação real na Prefeitura da Serra – já que Weverson, embora se apresente como “mentalidade nova”, nada mais seria que continuação ou extensão de Vidigal, enquanto Audifax já governou a cidade por três mandatos (12 anos, ao todo).
Como ao longo de toda a campanha, o mote do programa de despedida do deputado foi mesmo a “mudança”. A palavra está no nome do programa (“Rádio da Mudança”) e no da coligação (“Muda Serra”). A locutora introduziu o candidato como “o nome da mudança”.
Com entonação um tanto quanto caricata, não muito natural, Muribeca fez promessas grandiosas, e o programa ganhou um tom meio futurista. Prometeu-se uma “nova era de gestão para a Serra: moderna, eficiente e focada em resultados para a população”.
Dizendo que “a Serra precisa de uma gestão pública mais eficiente”, o candidato prometeu “criar um sistema de monitoramento em tempo real da qualidade dos serviços públicos”, “valorizar os servidores competentes e capacitar ainda mais nossas equipes, garantindo que o uso da tecnologia seja uma realidade”.
Comprometeu-se, ainda, a “acabar com o apadrinhamento político e assegurar que os cargos de confiança sejam ocupados por pessoas experientes e competentes”. Essa é muito difícil de cumprir…
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Audifax: preparo e experiência
Com a serenidade de quem se sabe com passaporte carimbado para o 2º turno, Audifax fez, no 1º turno, uma campanha mais olímpica, evitando atacar adversários. E foi essa a tônica de seu programa de despedida.
Além de um grande agradecimento aos eleitores, à militância e a Deus, o ex-prefeito, diferentemente dos dois principais concorrentes, ressaltou a própria experiência e capacidade técnica, apresentando-se como o candidato já testado e mais preparado não só para administrar o maior município capixaba, mas também para liderá-lo na travessia dos anos economicamente turbulentos que aguardam a cidade, devido à reforma tributária. Repetiu, assim, o grande mote de sua campanha:
“Quero trabalhar ainda mais por nossa cidade, como já fiz em outras vezes, e preparar a nossa cidade para a chegada do futuro. […] A reforma tributária vai mexer com a nossa economia, e precisamos de uma pessoa preparada e experiente para lidar com esse grande desafio”.
O locutor exortou os eleitores a “votar consciente pelo bem da Serra” e também salientou a experiência do candidato do PP: “Nosso futuro em boas mãos com quem já fez e vai fazer muito mais”.
Calejado, o ex-prefeito ainda fez um pedido especialmente dirigido aos eleitores indecisos: “Não embarquem em aventuras eleitoreiras”.
Se os 12,6% de indecisos (segundo a Futura) optarem por outros candidatos e efetivamente votarem no domingo, isso muda totalmente a conta dos votos válidos, fazendo Audifax descer daquele patamar de pouco mais de 40% em que ele se manteve estável durante a campanha inteira.
Seguro morreu de velho. E Audifax, como sempre, “tá vivo”.
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