Coluna Vitor Vogas
Serginho: filho de Vidigal começa a ser tratado como herdeiro político da família
Com presença cada vez mais forte e marcante ao lado do prefeito Weverson Meireles, caçula de Sérgio Vidigal é visto como muito provável candidato a deputado federal pelo PDT em 2026. Aqui, os bastidores dessa nova aposta
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Serginho Vidigal. Foto: reprodução Instagram
Durante a campanha de Weverson Meireles (PDT) a prefeito da Serra, uma figura onipresente ao lado dele foi Antonio Sérgio Alves Vidigal Junior. Como o nome já indica, trata-se de um dos filhos – o mais novo – de Sérgio Vidigal (PDT), fruto do casamento do ex-prefeito da Serra com a ex-deputada Sueli Vidigal.
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No dia 16 de março, quando Weverson foi lançado por Vidigal, lá estava Serginho, no palco, com sua esposa e os três filhos, completando o pôster da “família unida”. No dia 5 de agosto, na convenção do PDT em que Weverson se tornou oficialmente candidato, lá estava Serginho, no fundo do palanque. Dias antes, o filho de Vidigal, surfista amador, havia participado de uma ação de marketing da campanha de Weverson nas redes sociais, desafiando-o a surfar com ele na praia de Jacaraípe.
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Serginho surfando com Weverson em Jacaraípe. Foto: reprodução Instagram
No dia 27 de outubro, na festa da vitória de Weverson nas ruas de Serra Sede, Vidigal e Sueli não puderam ir, porque e então primeira-dama sofrera uma isquemia. Serginho compareceu para saudar o amigo e aliado. Não passou despercebida a maneira como o “herdeiro de Vidigal” foi celebrado pela militância, quase como se fosse ele o candidato vencedor. Pela primeira vez, discursou. Começou falando da mãe, mas se entusiasmou e mostrou inesperada desenvoltura. Na campanha, tomou gosto pela coisa.
Aí começou o governo de Weverson na Serra. Desde então, tem chamado a atenção do mercado político a proximidade cada vez maior de Serginho com o jovem prefeito, fazendo aparições públicas mais frequentes e intensificando sua participação em eventos da Prefeitura da Serra e nas redes sociais. Na pré-campanha, começou como um figurante, para completar o quadro. Agora, é um coadjuvante de luxo.
Para citar só alguns exemplos, Weverson postou recentemente um vídeo em ambiente informal, no qual desafia Serginho a pular de paraquedas com ele. A legenda: “Seu amigo é bom em tudo e você precisa ganhar uma vez”. Ao fundo, a música de abertura do seriado “A Grande Família”. De janeiro para cá, já foram várias as postagens de Serginho correndo ao lado de Weverson e até encarando tanques de gelo com ele.
No último domingo (16), Serginho publicou fotos dele correndo ao lado do presidente da Câmara da Serra, o também pedetista Saulinho da Academia – pré-candidato a deputado estadual. Usava a camisa do Serra Futebol Clube. Ainda chamou o prefeito para o “próximo treino”.
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Serginho correndo com Saulinho. Foto: reprodução Instagram
Como se fosse pouco, na última quinta-feira (13), durante a posse de Sérgio Vidigal como secretário estadual de Desenvolvimento, no Palácio Anchieta, Weverson tomou a liberdade de chamar Serginho à frente, no lugar das autoridades.
A soma desses fatores tem feito crescer a especulação sobre o possível ingresso do caçula do casal Vidigal na vida pública, concorrendo a algum mandato no ano que vem. Filiado ao PDT desde os 18 anos, Serginho, hoje com 37, é médico como o pai e nunca disputou uma eleição.
Nos círculos do PDT e no meio político da Serra, muita gente já não tem a menor dúvida: Serginho é a aposta do clã Vidigal para herdar o espólio político de seus pais, disputando uma das dez cadeiras do Espírito Santo na Câmara Federal – onde Sérgio e Sueli Vidigal já estiveram. Ele viria se preparando para isso.
A certeza é acompanhada de uma ressalva: Serginho tem alta probabilidade de ser candidato a deputado federal, representando a família, se (e apenas se) o pai dele não for candidato a governador. Hoje, a preferência, no grupo do governador Renato Casagrande (PSB), para ser o candidato ao Palácio Anchieta, é toda de Ricardo Ferraço (MDB). O vice-governador é apoiado por Vidigal. Mas este já declarou que, se Ricardo porventura não concorrer, topa ser o candidato, desde que Casagrande o “convoque” e que ele seja apoiado “por todo o grupo”.
Se Vidigal, o pai, for candidato a governador, fica muito difícil lançar o filho a deputado federal. Isso “não pegaria bem” e atrapalharia alianças, pois seria considerado “concorrência desleal”. O candidato a governador é a cabeça da coligação majoritária, mas também é a principal referência das chapas de deputados de todos os partidos que compõem a coligação. Precisa apoiar a todos e quer ter o apoio de todos. Seu filho na chapa do PDT geraria desequilíbrio e indisposição dos outros candidatos a deputado integrantes da aliança – os quais, afinal, também concorrem entre si pelas mesmas vagas.
Afora essa hipótese – quer dizer, se Vidigal não disputar a sucessão de Casagrande –, é bem provável que o surfe e a medicina percam um entusiasta para a política em 2026. Após seguir os passos do pai na formação e na profissão, não será nenhuma surpresa se ele também os seguir na vida pública.
E o projeto não termina aí. No horizonte, a Prefeitura da Serra. Se Serginho for mesmo candidato a federal e ganhar, ele assumirá o mandato em Brasília em fevereiro de 2027, podendo se reeleger em 2030. Weverson poderá buscar a reeleição em 2028 na Prefeitura da Serra. Em 2032, precisando passar o bastão, poderá apoiar Serginho como sucessor. (Isso, é claro, considerando que todos nessa “Grande Família” estarão juntos e unidos até lá… Se não, essa “ordem natural das coisas” poderá sofrer abalos e alterações.)
Disputar a Prefeitura da Serra, cedo ou tarde, após começar a carreira política no Congresso, pode ser o passo seguinte natural para o caçula de Vidigal. O poder na Serra, assim, voltaria para as mãos de um legítimo Vidigal e, assim, para o mesmo clã político – sem ter saído totalmente, durante os anos do governo de Weverson, “filho político” de Sérgio Vidigal e, efetivamente, já chamado de “filho” publicamente pelo ex-prefeito.
Quem é Serginho Vidigal
Antonio Sérgio Vidigal Junior é nascido em 1987 e tem 37 anos – quatro a mais que Weverson. É médico como o pai, mas com outra especialidade: Vidigal é psiquiatra; Serginho, oftalmologista. Formou-se na Universidade Católica de Brasília. Morou lá enquanto a mãe era deputada e o pai trabalhava no Ministério do Trabalho. Voltou para a Serra no fim de 2013.
Exerce a medicina há 14 anos. Há oito, é sócio de uma clínica particular de oftalmologia no Hospital Meridional (antigo Metropolitano), em Laranjeiras, na Serra, onde atende diariamente. Além disso, é professor e preceptor do curso de residência do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), da Ufes. Cumpriu a mesma função no Hospital Evangélico por dez anos.
É casado há 14 anos com Tatiany Vidigal e tem três filhos: um menino de 11, uma menina de oito e um menino de seis.
Eles moram em um condomínio em Manguinhos e frequentam a Igreja Batista de Jardim Camburi.
Quem o conhece o descreve como um homem conciliador, muito tranquilo, de fala mansa e calma, como o pai, e de poucas palavras. A mãe, Sueli, é bem mais passional. Sempre sonhou em ver Serginho entrando na política e governando a Serra.
“Terá meu respeito, não meu incentivo”: o que diz o próprio Vidigal
Questionado pela coluna sobre as aspirações do filho – e as dele e do partido para Serginho –, Sérgio Vidigal afirma: nenhum filho seu será incentivado ou estimulado por ele a entrar na política.
Além de Serginho, Vidigal é pai de Eduardo Vidigal, mais conhecido como Dudu. O primogênito do ex-prefeito é filho de seu primeiro casamento. Diferentemente de Serginho – que está aparecendo agora como potencial candidato –, Dudu sempre foi cotado para disputar eleições com o apoio do pai, desde 2004, de vereador a deputado, mas a ideia nunca se concretizou.
“Serginho nunca manifestou interesse em entrar na vida pública. Dudu já mostrou interesse. Se um filho meu depender de estímulo meu para entrar na vida pública, vai ser meio difícil recebê-lo. Acho que o que ele criou foi um vínculo de relação muito próxima ao Weverson e acabou dando muita interpretação de que ele pode ser candidato. Mas, pelo menos comigo, ele nunca tocou nesse assunto. E eu não tenho nenhum plano de candidatura nem para ele nem para o Dudu. É uma decisão muito pessoal. É lógico que tem um histórico meu e da Sueli na vida pública… Se ele quiser, por uma decisão pessoal, terá meu respeito e não terá meu veto, mas não terá meu incentivo”, assevera Vidigal.
Mas Vidigal por acaso vê no filho vocação e traquejo para a atividade política? Quem responde é um pai orgulhoso:
“Ele tem conteúdo suficiente para debater qualquer tipo de tema. É algo que falta muito a muitos atores políticos. Tem gente que é muito bom de voto, mas é ruim de conteúdo. Ele é uma pessoa qualificada. Tem bandeiras em que ele acredita. Tem cultura para ser agente público. Não estou dizendo que ele tenha votos para ser, porque isso a gente só sabe quando disputa”.
Com a experiência de quem acumula mandatos desde os anos 1980, Vidigal destaca alguns fatores que o filho precisa sopesar antes de fazer a travessia. O primeiro deles: as intempéries a que estão sujeitas as pessoas públicas: “Política não põe credibilidade em sua conta. Ao contrário, costuma tirar a que você tem.
O segundo é de ordem financeira: “Como médico, ele tem uma renda que nenhum mandato político vai equiparar. Ele precisa pensar muito nisso, porque a política não pode ser modo de sobrevivência financeira”.
Quanto ao liame entre seu filho caçula e seu afilhado político, Vidigal enxerga ali uma amizade sincera: “Serginho e Weverson são da mesma geração. Os dois são esportistas. Eles se aproximaram muito durante a campanha. Weverson tinha momentos de solidão”.
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Serginho e Weverson correndo em Jacaraípe. Foto: reprodução Instagram
“Sombra”
Para constar: outros agentes políticos da Serra têm uma teoria um pouco diferente. Acreditam que o casal Vidigal tenha colocado seu filho colado a Weverson, como uma “sombra” permanente sobre seu mandato. E que, se ele chegar à Câmara dos Deputados em 2026, poderá ser candidato a prefeito já em 2028, disputando com o prefeito a legenda do PDT.
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