Coluna Vitor Vogas
Partido Novo ganhará um vereador em Vitória
Ele será o 1º político com mandato da história do Novo no ES. Além da sintonia ideológica, pesou o fato de Marcelo Santos ter assumido controle do PRD

Vereador Leonardo Monjardim. Foto: Assessoria
O Partido Novo passará a contar em breve um parlamentar em Vitória. Na janela de março, o partido filiará o vereador Leonardo Monjardim. O acordo já está sacramentado entre ele e os presidentes estadual e municipal da sigla, Iuri Aguiar e Guilherme Daré, respectivamente.
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Monjardim se tornará, assim, não apenas o primeiro vereador do Novo em Vitória, nem mesmo o primeiro vereador da sigla no Espírito Santo, mas o primeiro filiado com mandato da história do partido em solo capixaba. O Novo nunca teve mandatário em cargo algum no Estado.
Exercendo o seu primeiro mandato, Monjardim chegou à Câmara de Vitória no fim de 2022, pelo Patriota. Herdou a vaga como suplente de Gilvan da Federal, cassado por infidelidade partidária pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES), em ação movida pelo Patriota, após ter trocado o partido pelo PL, fora do prazo legal e sem justa causa, para concorrer a deputado federal. Gilvan se elegeu deputado e, um mês após perder o mandato na Câmara Municipal, tomou posse na Câmara Federal.
Definindo-se hoje como um representante da “direita moderada”, Monjardim integra a base parlamentar do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), vota com o Executivo na Câmara e, frequentemente, é prestigiado pelo prefeito em solenidades da prefeitura.
O Novo também faz parte do governo Pazolini. No alto escalão, é representado pelo secretário municipal de Governo, Aridelmo Teixeira, candidato a governador pela agremiação em 2022. Foi o primeiro partido a franquear apoio à reeleição do prefeito nas eleições deste ano – querendo inclusive emplacar o vice na chapa do delegado.
Na decisão de Monjardim, aliaram-se três fatores.
Em primeiro lugar, há uma questão objetiva. Sem conseguir ultrapassar a cláusula de barreira nas eleições parlamentares de 2022, o Patriota fundiu-se com o PTB, que também não superou a cláusula. Homologada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em novembro passado, a fusão deu origem ao Partido Renovação Democrática (PRD). Automaticamente, quem estava no Patriota ou no PTB passa a fazer parte da nova legenda.
Com isso, acaba de ser constituída oficialmente, na última terça-feira (23), a Comissão Executiva Provisória do PRD no Espírito Santo. Basicamente, em âmbito estadual, o novo partido de direita passou para as mãos do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (Podemos). Mesmo sem entrar na sigla, ele é quem a controlará de fora, por intermédio da nova presidente estadual, Joelma Costalonga, servidora comissionada da Assembleia e aliada de Marcelo. A maioria dos membros do novo órgão diretivo também é composta por comissionados da Assembleia.
Monjardim não tem o menor interesse em permanecer em um partido sob a influência de Marcelo Santos. “Minha conversa com o Novo já estava 99% encaminhada. Agora está 100%”, afirmou na tarde desta sexta-feira (26).
Em segundo lugar, há uma questão pragmática. O vereador chega ao Novo para ser, a princípio, a estrela da companhia em Vitória. Como dito acima, será o primeiro mandatário da história do partido no Estado. Além disso, o plano dos dirigentes do Novo é não filiar mais nenhum outro vereador até abril – fim do prazo para a filiação de pré-candidatos –, a fim de não “pesar” a chapa proporcional da sigla.
Vereadores disputando a reeleição são, em geral, competitivos. O entendimento dos dirigentes é que dois ou mais vereadores com mandato na chapa do Novo pode assustar e afugentar outros potenciais candidatos a vereador pelo partido, esvaziando a chapa. Após a entrada de Monjardim, eles querem fechar a porteira. Com isso, Monjardim deve ser o “cabeça de chave”, tratado pelo partido como puxador de votos da chapa. É um bom negócio para ele.
Em terceiro lugar, o próprio Monjardim expressa profunda identificação ideológica com o futuro partido, alinhado, segundo ele, aos ideais que defende, ligados a uma “direita equilibrada”.
“Tenho simpatia enorme pelo Novo e identificação dentro do espectro ideológico em que atuo. É um partido moderado, com posicionamentos equilibrados, que faz em Brasília uma oposição inteligente, apresentando ideais e números.”
Herdeiro da vaga de Gilvan na Câmara de Vitória, o vereador afirma não gostar do radicalismo.
“Precisamos ter maturidade para entender que o produto final tem de ser construir uma coisa boa para a cidade. Não podemos ser contra boas iniciativas só por conta da coloração ideológica. Para te dar um exemplo, já me uni com o vereador André Moreira, do PSol, em um projeto apresentado por ele que é importante para a cidade. E o Novo tem um pouco disso, vejo no partido esse equilíbrio. Até no linguajar, na forma de se colocar contra, é um partido diferente. Você pode ser contra e fazer oposição, mas não há necessidade de criar um personagem populista e agressivo para ganhar votos. Eu sei que isso dá resultado, como está provado, mas é muito ruim. Enfim, vai ser um casamento legal.”
A janela para trocas
Só falta subir no altar e assinar a ficha de filiação, o que Monjardim pretende fazer na próxima janela para trocas partidárias, válida exclusivamente para vereadores no último ano do mandato. De 7 de março a 5 de abril, eles poderão trocar livremente de partido sem risco de cassação pela Justiça Eleitoral. Monjardim, então, trocará o PRD pelo Novo.
Ele até poderia tentar fazer isso antes. Como explicado acima, o Patriota, partido original do vereador, fundiu-se ao PTB no fim do ano passado. Fusões e incorporações partidárias estão entre as exceções previstas na legislação eleitoral que versa sobre perda de mandato por infidelidade partidária, ou seja, constituem justa causa para desfiliação fora do prazo legal.
Tecnicamente, ele poderia entrar no TRE-ES com uma ação pedindo a desfiliação por justa causa, ficando livre, em caso de sucesso, para trocar de partido a qualquer tempo. No caso concreto, não vale a pena se dar esse trabalho, até porque não fará diferença para ele na prática.
A janela partidária já está próxima, a espera para ele será mínima e, se entrasse agora com a ação no TRE, possivelmente o caso nem sequer seria julgado até março ou, se julgado, seria em cima da janela partidária. Ele, assim, decidiu esperar.
