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Coluna Vitor Vogas

Dirigente do Novo: “Estrada pavimentada para filiação de Arnaldinho”

Em busca de um partido para se candidatar a governador, prefeito reuniu-se nesta quinta com dirigentes do Novo, em São Paulo. Estenderam-lhe tapete laranja

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No sentido da leitura: Victor Linhalis, Eduardo Ribeiro, Arnaldinho Borgo, Iuri Aguiar e Osvaldo Maturano

No sentido da leitura: Victor Linhalis, Eduardo Ribeiro, Arnaldinho Borgo, Iuri Aguiar e Osvaldo Maturano. Foto: Reprodução/Instagram

Em busca de um partido para ser candidato a governador em 2026, o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, reuniu-se em São Paulo, nesta quinta-feira (3), com o presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro, e com o presidente da sigla no Espírito Santo, Iuri Aguiar, para tratar de sua possível filiação. O Novo é uma das poucas opções na mesa de Arnaldinho. A conversa foi na sede nacional do partido. Dela também participaram o deputado federal Victor Linhalis (Podemos) e o presidente da Câmara de Vila Velha, Osvaldo Maturano. O saldo foi muito positivo para o prefeito. Dos dirigentes do Novo, ele recebeu tapete vermelho, ou melhor, laranja, para se filiar e se candidatar a governador.

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Nenhuma decisão foi tomada – até porque Arnaldinho ainda precisa ponderar alguns fatores –, mas as partes se conectaram bem. Tanto que Iuri Aguiar, dirigente maior do Novo no Espírito Santo, se disse “eufórico”, em conversa com a coluna, após a reunião. “A conversa foi muito boa. A estrada está bem pavimentada para Arnaldinho vir para o Novo!”

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O próprio Arnaldinho declarou, em nota à coluna: “Foi um diálogo produtivo que pavimentou uma aliança política futura”.

Os cinco participantes almoçaram juntos em um restaurante no bairro Jardim Paulistano, onde fica a sede nacional do Novo. Depois, no escritório do partido, Arnaldinho expôs a Eduardo Ribeiro os dados e indicadores de sua administração em Vila Velha. Também manifestou diretamente seu interesse em se filiar ao Novo, tratando essa como uma das suas possibilidades (de novo: nada de martelo batido).

Segundo Iuri e Maturano, o presidente nacional do Novo ficou muito impressionado com Arnaldinho e com o que ouviu do prefeito, enxergando nele o perfil do Novo. De igual modo, Arnaldinho disse se identificar com os princípios e os valores do Novo, partido liberal de direita – de pequeno porte e com bancada modesta no Congresso Nacional.

De acordo com Iuri e Maturano, Eduardo Ribeiro abriu as portas do partido a Arnaldinho, deu carta branca a Iuri para aprofundar as tratativas com o prefeito sobre sua possível filiação e se comprometeu a validar o que eles decidirem em nível local. Assim, a decisão que for tomada entre Arnaldinho e a direção estadual do Novo será abonada pela nacional.

Eduardo Ribeiro sinalizou positivamente e disse a Arnaldinho que tem interesse em ajudá-lo a ser candidato a governador. Em retribuição, o prefeito afiançou que não só quer como pode ajudar o Novo a montar suas chapas nas eleições parlamentares e eleger deputados no Espírito Santo (algo que o partido nunca alcançou no Estado).

Só aqui para os leitores da coluna: na eleição de deputados federais, a meta inicial do Novo no Espírito Santo não é das mais audaciosas. A chapa do partido precisa entregar cerca de 40 mil votos à direção nacional para ajudar o Novo a superar nacionalmente a cláusula de barreira. Evidentemente, se houver uma candidatura majoritária como a de Arnaldinho “puxando” o palanque do Novo, crescerão as possibilidades de os candidatos a deputado do partido obterem maior votação e quem sabe de fato sonharem em eleger um federal.

E o financiamento?

Agora, ao ponto mais importante: sustentação política e, principalmente, financeira.

Na reunião, o presidente nacional tratou o Espírito Santo como uma das prioridades para o Novo nas eleições gerais de 2026 e garantiu que, se Arnaldinho se filiar ao partido, não só terá a legenda como também apoio político e financeiro por parte da direção nacional.

Desse modo, o prefeito de Vila Velha saiu do encontro com garantias de legenda para concorrer ao Palácio Anchieta e também de estrutura necessária para sustentar uma campanha majoritária, do ponto de vista político e financeiro. Esse é, por sinal, o principal asterisco que paira sobre o Novo e que pode levar Arnaldinho a pensar bem antes de se decidir pelo partido.

Uma campanha a governador é, logicamente, muito cara. Sob a legislação eleitoral vigente no país, com doações empresariais proibidas, o financiamento das campanhas segue o modelo público. Depende, basicamente, dos recursos do Fundo Eleitoral, e a cota de cada partido é definida em função do tamanho de sua bancada na Câmara Federal. A do Novo é bem pequena, logo assim também é a sua cota. Isso gera dúvidas quanto à capacidade do partido de dar sustentação a uma campanha majoritária no Espírito Santo.

Na conversa, não se falou em números. Mas Arnaldinho recebeu, do próprio presidente nacional, as garantias necessárias para viabilizar a candidatura.

No mês de março, Arnaldinho desfiliou-se do Podemos. Desde então, está sem partido (e à procura de um). Hoje, além do Novo, há três opções mais factíveis, ao alcance do prefeito.

A primeira é o Partido Renovação Democrática (PRD), resultante da fusão do Patriota com o PTB. Em junho, com os mesmos dois escudeiros (Maturano e Victor Linhalis), Arnaldinho reuniu-se com o presidente nacional da agremiação, no Rio de Janeiro. Situação parecida com a do Novo: portas escancaradas, mas bancada modesta na Câmara e recursos idem para financiamento de campanha. Com um adicional: diferentemente do Novo, o PRD é um partido sem identidade programática.

As outras duas alternativas são o Republicanos e o PSD. Arnaldinho tem conversado bem com os respectivos presidentes estaduais, Erick Musso e Renzo Vasconcelos. Financeiramente, não há problema: os dois partidos têm porte bem maior que o Novo e o PRD.

Aqui, porém, há complicadores de ordem política: o Republicanos é o partido do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, outro pré-candidato a governador do Espírito Santo. E tanto o Republicanos como o PSD (novo partido do ex-governador Paulo Hartung), hoje, estão fora da órbita política do governo de Renato Casagrande (PSB). Abrigam adversários daquele que é, notoriamente, o principal aliado de Arnaldinho na política capixaba.

Assim, eventual filiação a uma dessas agremiações poderia ser lida, a priori, como filiação de Arnaldinho a um movimento eleitoral alternativo (ou adversário) ao que é liderado por Casagrande. E, consequentemente, como um rompimento político.

O que dizem os interlocutores

O presidente estadual do Novo, Iuri Aguiar, destacou as convergências que sobressaíram durante o encontro em São Paulo:

“Tratamos dos muitos pontos de convergência que temos: a gestão de Arnaldinho, com os princípios e valores do Novo; os resultados que ele está entregando em Vila Velha; os índices da Prefeitura de Vila Velha, que encheram os olhos do Eduardo Ribeiro. Também destaco a humildade do prefeito. Ele teve a delicadeza de pedir a conversa por meu intermédio. Foi um sinal muito bacana de que ele tem os pés no chão e muita humildade”, afirma o dirigente estadual, definindo a reunião como uma “conversa de aproximação”.

“Arnaldinho expressou a admiração que tem pelo Novo e pelos quadros que temos. O sinal que ele deu é sensacional. Ele disse que tem, sim, essa possibilidade de entrar no partido. Mas não há nada definido. Os dois lados agora vão pensar. Mas a estrada está bem pavimentada”, comemora o presidente estadual.

Segundo Iuri, se depender dele, Arnaldinho se filiará ao Novo e chegará ao partido para ser candidato a governador do Espírito Santo, com todas as garantias necessárias para viabilizar a candidatura. “Claro! Qual presidente estadual de partido não quer Arnaldinho no partido? Se ele vier para o Novo, poderá mesmo concorrer. Será o nosso candidato a governador.”

Outro ponto que conta a favor desse “encaixe” é o bom relacionamento já construído em âmbito municipal e estadual, e o tratamento dispensado ao Novo pelo prefeito de Vila Velha. Nas últimas eleições municipais, o Novo apoiou a reeleição de Arnaldinho. O prefeito, por sua vez, “pegou o partido no colo” e ajudou-o a montar a sua chapa nas eleições proporcionais. Muito embora a sigla não tenha feito nenhum vereador em Vila Velha, o sentimento da direção partidária é o de gratidão ao prefeito.

Iuri Aguiar é muito bem relacionado com Eduardo Ribeiro e deu testmunho ao presidente nacional: no Espírito Santo, Arnaldinho foi quem “melhor cuidou” do Novo no pleito passado.

Por sua vez, Osvaldo Maturano definiu a reunião como “extremamente positiva”:

“O presidente nacional do Novo mostrou gostar muito da ficha técnica de Arnaldinho. Ele é um ponto fora da curva. O Eduardo Ribeiro deixou com Iuri as tratativas sobre filiação. Isso não ficou definido. Mas ficou dito que ele cabe no projeto do Novo. Se as coisas se acertarem, a direção nacional vai validar. Saímos daqui muito felizes”.

Dia de expediente

Só um registro que é sempre oportuno fazer, nesta temporada de “corrida pré-eleitoral desenfreada” entre Arnaldinho, Pazolini e o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB): dia de expediente normal na Prefeitura de Vila Velha…