Coluna Vitor Vogas
Os secretários do governo Casagrande que enfrentarão as urnas em 2026
Há pelo menos dez nomes certos. Eles se candidatarão a deputado estadual ou federal. Lista ainda pode crescer. Saiba aqui quem concorrerá a quê

Secretários de Estado que pretendem se candidatar à Ales ou à Câmara dos Deputados em 2026
O atual governo Casagrande (PSB) possui 27 integrantes com status de secretário de Estado. Pelo menos dez deles seguramente participarão das próximas eleições gerais, disputando algum cargo parlamentar (deputado federal ou estadual). O número pode chegar a 11, completando uma escalação futebolística: o time do “Professor Casão” nas eleições legislativas, com jogadores e jogadoras dispostos a enfrentar as urnas para defender o legado do atual governo.
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O próprio governador, aliás, também quer chegar ao Parlamento – ou, no caso dele, voltar. Pretende ser candidato a senador. Já o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB), secretário de Desenvolvimento até fevereiro deste ano, quer se candidatar a governador, com o apoio de Casagrande. Hoje, é a principal aposta deste para a sucessão.
A seguir, apresentamos, por ordem alfabética, a lista dos secretários de Estado dispostos a encarar as urnas em 2026, com os respectivos mandatos legislativos que pretendem disputar. Seis são pré-candidatos a deputado federal; quatro, a estadual. A metade deles está filiada ao PSB.
. Bruno Lamas (PSB), Ciência Tecnologia, Inovação e Educação Profissional: deputado estadual
Veterano da política capixaba. Filho da educadora Márcia Lamas (PSB), que já foi vice-prefeita da Serra por dois mandatos.
Vereador da Serra por três mandatos e deputado estadual por dois, Bruno candidatou-se a prefeito de seu município em 2020, mas não passou para o 2º turno. Entre 2019 e 2020, foi secretário estadual de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social.
Em 2022, ao tentar se reeleger na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), ficou como primeiro suplente do PSB. Desde o início do atual governo, comanda a pasta de Ciência e Tecnologia.
Tentará voltar à Assembleia. É o projeto do PSB para ele, confirmado pelo próprio secretário, quadro orgânico do partido.
. Emanuela Pedroso (PSB), Governo: deputada federal
Debutante nas urnas. Foi vereadora de Alto Rio Novo (2009/2012) e prefeita da mesma cidade (2013/2016) – ambos os mandatos pelo PDT.
Também chefiou secretarias em Viana e foi secretária-executiva da Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes), até chegar ao governo Casagrande, em 2021, como subsecretária de Governo. Depois, em 2022, tornou-se secretária de Planejamento.
Desde o começo da atual administração, em 2023, é a secretária de Governo. Coordena o Fundo Cidades, o que lhe dá muita inserção nos municípios e participação direta em entregas do Governo do Estado.
Em março deste ano, filiou-se ao PSB e assumiu a presidência do partido de Casagrande em Vila Velha.
. Enio Bergoli (sem partido), Agricultura: deputado federal
Outro que estreará nas urnas. Engenheiro agrônomo e servidor de carreira do Incaper, já presidiu o órgão, ligado à Secretaria de Agricultura (Seag). De 2009 a 2014, foi secretário estadual de Agricultura. De 2016 a 2018, ficou à frente do Departamento de Estradas de Rodagem do Espírito Santo (DER/ES). Em 2023, voltou a chefiar a Seag, a convite de Casagrande e por indicação de Ricardo Ferraço, de quem é notório aliado. Não tem filiação e ainda vai definir seu partido, em diálogo com o governador e o vice, para tentar chegar à Câmara.
. Felipe Rigoni (União), Meio Ambiente: deputado federal
Foi deputado federal por um mandato, de 2019 a 2022. Eleito pelo PSB, em sua primeira candidatura, foi uma das maiores surpresas da eleição de 2018 no ES. Em março de 2022, assumiu a presidência do União Brasil no Estado. No mesmo ano, ficou entre os 10 mais votados para a Câmara Federal no ES, mas não conseguiu se reeleger. Logo em seguida, assumiu a Secretaria do Meio Ambiente, a convite de Casagrande (apoiado por ele no 2º turno contra Manato) e também respaldado por Ricardo Ferraço. Ainda preside o União no Espírito Santo, mas deve passar o cargo para Marcelo Santos (segundo este). Para tentar voltar à Câmara, conversa com outros partidos, como o Podemos.
. Guerino Balestrassi (MDB), Recuperação do Rio Doce: deputado estadual
Foi prefeito de sua cidade, Colatina, por três mandatos. De 2001 a 2008, governou a maior cidade do noroeste do Espírito Santo pelo PSB de Casagrande. Ainda conseguiu eleger seu sucessor (indo contra o PSB): Leonardo Deptulski, do PT. Desde então passou por outros partidos, cargos no Governo do Estado e na Prefeitura de Aracruz, até que, em 2020, pelo pequeno Partido Social Cristão (PSC), voltou à Prefeitura de Colatina. Em 2024, já no MDB, apesar do apoio do governo Casagrande, perdeu a reeleição para Renzo Vasconcelos (PSD), em chegada apertada. No início deste ano, Casagrande o convidou para assumir a extraordinária Secretaria de Recuperação do Rio Doce, criada para gerir os bilionários recursos do acordo de Mariana. Guerino diz que, a princípio, pretende se candidatar a deputado estadual, dentro do movimento eleitoral de Casagrande e Ricardo Ferraço. A legenda ainda não está definida. Pode ser pelo MDB ou por outro partido da base no qual tenha boa entrada, a exemplo do Podemos.
. Jacqueline Moraes (PSB), Mulheres: deputada estadual
Foi vereadora de Cariacica por apenas um mandato, antes de chegar ao cargo mais importante de sua vida: em 2018, numa decisão surpreendente, Casagrande a escolheu para ser sua candidata a vice-governadora, e ela se elegeu com ele.
Como vice-governadora, tocou pautas relacionadas a políticas específicas para mulheres. Em 2022, postulou uma vaga na Câmara dos Deputados, sem sucesso. No começo de 2023, assumiu a chefia da inédita Secretaria de Estado das Mulheres, criada por Casagrande no atual governo.
É, assim como Bruno Lamas, uma das apostas do PSB para a Assembleia Legislativa no próximo ano. É militante de verdade do partido.
. José Carlos Nunes (PT), Esportes: deputado estadual
Com origens no movimento sindical, foi dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Espírito Santo antes de se eleger, em 2014, para o primeiro e único mandato exercido por ele: deputado estadual, de 2015 a 2018. Não conseguiu se reeleger. Em 2022, nada disputou. Num acordo da sua corrente no PT, a Construindo um Novo Brasil (CNB), com a de João Coser, apoiou o retorno do ex-prefeito de Vitória à Assembleia Legislativa. Coser de fato se elegeu, com boa votação, naquele ano.
No começo do atual governo, Nunes tornou-se secretário estadual de Esportes, na cota do PT (especificamente, da CNB). Agora, o ex-sindicalista é uma das grandes apostas de sua corrente petista para voltar ao Legislativo Estadual.
. Tyago Hoffmann (PSB), Saúde: deputado federal
Espécie de curinga de Casagrande, além de um dos homens de confiança do governador, o ex-secretário de Transportes e Trânsito de Vitória já passou pelos mais diversos cargos, em áreas que pouco têm em comum. No primeiro governo Casagrande (2011/2014), foi de subsecretário de Saúde a chefe da Casa Civil; no segundo (2019/2022), foi de secretário de Governo a chefe de uma turbinada Secretaria de Ciência e Tecnologia, o que o ajudou a se eleger deputado estadual pelo PSB em 2022, na sua estreia eleitoral. Tornou-se vice-líder do terceiro governo Casagrande na Ales.
Em janeiro deste ano, para surpresa coletiva, o governador o escalou para chefiar a Sesa, com a missão de dar um upgrade nas entregas e na comunicação da pasta com a sociedade. A estratégia do governo e do PSB é também dar a Tyago uma nova vitrine política para ajudá-lo a escalar o próximo andar e chegar à Câmara Federal.
. Victor Coelho (PSB), Turismo: deputado federal
Irmão mais novo do deputado estadual Glauber Coelho, falecido em 2014, o atual secretário estadual de Turismo é cachoeirense e governou a maior cidade do sul do Espírito Santo por dois mandatos seguidos, ambos pelo PSB, de 2017 a 2024. Também já presidiu, por um biênio, a Amunes. No começo deste ano, encerrada a sua passagem pela Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim, recebeu de Casagrande o convite para chefiar a Setur e potencializar as ações da pasta, que não vinham agradando ao trade turístico capixaba. A estratégia é similar à exercitada com Tyago Hoffmann: enquanto busca “politizar” mais e ampliar a visibilidade da secretaria em questão, o governo e o PSB também regalam uma vitrine política a um dos futuros integrantes de sua chapa para a Câmara dos Deputados.
. Vitor de Angelo (sem partido), Educação: deputado federal
Historiador e cientista político, tem pós-doutorado e é professor da Universidade de Vila Velha (UVV). Sem filiação partidária, mas com pensamento progressista, foi convidado por Casagrande para liderar a Secretaria de Educação (Sedu) no princípio do seu segundo mandato, em janeiro de 2019. Desde então, está à frente da pasta. Coordenou a campanha de Casagrande à reeleição no 1º turno em 2022 (no 2º, foi substituído por Tyago Hoffmann). Sem jamais ter enfrentado um processo eleitoral, decidiu encarar as urnas em 2026, postulando uma cadeira de deputado federal, para, segundo ele, defender o legado do atual governo na educação e participar dos debates nacionais sobre a legislação e o financiamento da área. Tem sido incentivado pelo governador. Escolherá, com ele, o partido pelo qual concorrerá. A sigla fará parte da coalização casagrandista e tende a ser de centro-esquerda.
Outros secretários
A secretária estadual de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social, Cyntia Grillo, é cotada e tem sido estimulada a participar do pleito. Pode ser a 11ª jogadora desse time. Técnica da assistência social, está no cargo desde 2020. Não tem filiação partidária. À coluna, ela admite que está avaliando a possibilidade, mas sem nenhuma definição ainda.
A secretária de Direitos Humanos, Nara Borgo, está no cargo desde janeiro de 2019, e sempre é lembrada como uma possível candidata. Ela nunca disputou mandato eletivo, mas se filiou ao PSB em 2022, o que acende as especulações. A própria secretária, porém, afirma taxativamente: não será candidata a nada.
O secretário de Desenvolvimento, Sérgio Vidigal (PDT), no cargo desde fevereiro, chegou a ser citado até por Casagrande como potencial candidato a governador, dentro de sua coalizão. O próprio Vidigal não tem o menor interesse em concorrer a nenhum outro cargo (senador, vice-governador ou deputado). Só mesmo para governador, e mesmo assim, afirma ele, somente se for da vontade geral do seu grupo e se houver uma convergência em torno de seu nome – o que muito dificilmente ocorrerá. Assim, a preços de hoje, é bem provável que ele não concorra a nada.
Uma alternativa que começa a ser especulada é a de o ex-prefeito da Serra vir como suplente na chapa de Casagrande ao Senado.
