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Coluna Vitor Vogas

Meneguelli: de “estranho no ninho” a dirigente do Republicanos

Deputado agora é oficialmente o vice-presidente do partido em Colatina… mas diz não querer o cargo. Sigla agora é presidida por pai de Renzo na cidade

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Sérgio Meneguelli. Crédito: Lucas S. Costa/Ales

“Um estranho no ninho”. Logo após a sua diplomação no TRE-ES, em dezembro passado, foi assim que o deputado estadual Sérgio Meneguelli se definiu. Era assim que se sentia em relação ao próprio partido, o Republicanos, que não lhe permitiu ser candidato ao Senado em 2022. Na ocasião, falando à coluna, o ex-prefeito de Colatina afirmou que a liberação para sair do partido seria o melhor presente de Natal para ele. O terno de republicano não lhe estava caindo bem; a gravata estava apertada.

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O deputado, porém, foi ficando… Foi ficando… Foi ficando… E agora, vejam só, tornou-se dirigente do Republicanos – ao menos oficialmente. Desde o dia 11 de maio, Meneguelli é o vice-presidente da agremiação em Colatina.

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O órgão de direção municipal agora é presidido por Pergentino de Vasconcelos Junior, pai do ex-deputado estadual Renzo Vasconcelos (PSD) e dono de faculdade e hospital particular na cidade.. É exatamente o que consta na página oficial do TSE. A Executiva é provisória e válida até 31 de dezembro.

Como Meneguelli pode ficar à vontade no terno de dirigente do Republicanos se ele não estava confortável nem no terno de membro do partido? Para ser justo nesta avaliação, pela legislação eleitoral, ele não poderia mesmo simplesmente se desfiliar, pois, com isso, ficaria sujeito à cassação por infidelidade partidária. Mas topar tornar-se dirigente não seria um pouco demais?

Segundo Meneguelli, “não é bem assim”.

Ele conta que, no início, o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, queria lhe dar a presidência da legenda em Colatina. Ele não aceitou. Erick, então, passou a presidência municipal para Pergentino e decidiu escalar o deputado na vice-presidência.

Mas o próprio Meneguelli diz que só consentiu com a indicação de Pergentino para a presidência, que não tem o menor interesse em exercer de fato a vice-presidência e que inclusive pediu a Erick para o substituir no cargo. Indicou para seu lugar o vereador de Colatina Miguel Chieppe, da mesma agremiação.

“Não sou vice-presidente e já pedi para me tirarem. Se colocaram meu nome lá, foi por conta deles. Entenderam que eu concordava com a chapa, mas só concordei com Pergentino na presidência”, justifica o deputado, que reitera: quer uma “carta de alforria”.

Em termos técnicos, isso significa uma “carta de anuência”, documento com valor legal que a direção estadual do partido pode dar a um vereador ou deputado registrando que o autoriza a se desfiliar e garantindo que não reclamará o mandato à Justiça Estadual.

Meneguelli afirma que não chegou a pedir formalmente essa carta. “Fiquei meio assim, parado”. Mas é muito incerto que Erick Musso o “alforrie” assim. Em todo caso, filiado ou não, dirigente ou não, o deputado enfatiza que não tem mais nada com o Republicanos e, aliás, com nenhum partido.

“Quero ficar livre da política partidária. Não quero participar de movimento não só do Republicanos, mas de partido algum. Para mim chega, esse negócio de partido já me saturou. Sou a favor da candidatura avulsa [o que a legislação brasileira não permite]. Se eu sair do mandato agora, eu perco o mandato. Se me derem a carta de anuência, eu saio tranquilo, mas eles não vão dar porque não têm interesse. Então estou em stand by: eles estão para lá e eu estou para cá.”

Ele complementa: “Eu me dou bem com a bancada do Republicanos na Assembleia, mas a gente não vota em acordo. Cada um está cuidando da sua vida partidária. E a minha está apática.”

Enquanto isso, chamado por um correligionário de “o pacificador”, Erick Musso faz acenos a Meneguelli. Em uma conta do Republicanos-ES controlada por ele no Instagram, publicou este post:

Conexão Vitória-Colatina: a possível dobradinha do Republicanos com o PSD

Meneguelli à parte, um detalhe que merece relevo nesta história é a indicação do pai de Renzo Vasconcelos, Pergentino Junior, para presidir o Republicanos em Colatina, respondendo a partir de agora pelos acordos eleitorais da sigla na cidade da região Noroeste. Ele foi posto por Erick na presidência no lugar do empresário Marcos Guerra, ocupante do cargo desde fevereiro de 2021 e agora apenas vogal na nova Executiva Municipal.

Sem mandato desde 31 de janeiro, Renzo Vasconcelos foi bem votado na eleição a deputado federal no ano passado (na qual concorreu pelo Partido Social Cristão) e agora é o presidente estadual do Partido Social Democrático (PSD), aquele de Gilberto Kassab. Nacionalmente, é um partido de médio para grande porte. No Espírito Santo, está esfrangalhado.

Renzo quer ser candidato a prefeito de Colatina.

Escalar o pai do ex-deputado para a direção local do Republicanos – especialmente se isso se desdobrar em apoio eleitoral a Renzo – pode ser uma estratégia de Erick Musso buscando uma contrapartida do PSD em outros municípios prioritários para o Republicanos. Por exemplo, o partido de Erick pode querer, em troca, o apoio do PSD à reeleição de Pazolini em Vitória.

Em outro gesto nessa mesma direção, Erick e Pazolini já convidaram Renzo para ocupar pessoalmente ou indicar um quadro do PSD para assumir uma secretaria municipal em Vitória. Se essa negociação prosperar, o PSD ingressará oficialmente na administração de Pazolini e no grupo político do prefeito na Capital.

Renzo confirma o convite de Erick e Pazolini, mas afirma que ainda o avalia.

Segundo uma fonte próxima ao ex-deputado, ele teme que, aceitando o convite, fique amarrado a Pazolini e autoimpedido de dialogar com outros pré-candidatos a prefeito de Vitória, como João Coser (PT). Receia, ainda, fechar com isso para si as portas do Palácio Anchieta, prematuramente, já que o governador Renato Casagrande (PSB) é adversário de Pazolini.

No ano passado, o PSC (onde Renzo então se encontrava) foi um dos quatro partidos que integraram a coligação de Erick Musso ao Senado. Mas ficou uma mágoa de Renzo com Erick: a chapa de candidatos a deputado federal do PSC ficou fraquíssima e, antevendo o naufrágio, ele teria pedido a Erick uma reacomodação na chapa do Republicanos. Mas o “encaixe” não rolou. O pedido teria sido negado porque a chapa do Republicanos já estava fechadinha.