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Coluna Vitor Vogas

João Coser está matematicamente eleito presidente estadual do PT

Aliança com oposição interna a Jack começou a decidir a eleição antes mesmo da campanha e a levar Coser de volta à presidência da sigla de Lula no ES

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João Coser será o primeiro entrevistado. Foto: Reprodução/Instagram

João Coser voltará a presidir o PT no ES. Foto: Reprodução/Instagram

O deputado estadual João Coser está matematicamente eleito para voltar a presidir o Partido dos Trabalhadores (PT) no Espírito Santo, pelos próximos quatro anos. Ele venceu a atual presidente estadual, Jack Rocha, no Processo de Eleição Direta, realizado no domingo (6). Filiados ao PT aptos a votar foram às urnas em todo o país para escolher os dirigentes que comandarão o partido nas três esferas: nacionalmente, nos estados e nos municípios.

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No Espírito Santo, o PED foi realizado em 58 cidades. No momento da publicação deste texto, a apuração dos votos ainda não havia sido oficialmente concluída. Faltava a totalização dos votos de quatro municípios. Entretanto, a secretária estadual de Organização do PT, Marlene Binda, coordenadora da Comissão Organizadora Eleitoral, confirmou à coluna a vitória matemática de Coser.

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O deputado e ex-prefeito de Vitória, cofundador do partido em 1980, já presidiu o PT em outras três ocasiões. Foi, inclusive, o antecessor de Jack Rocha, no mandato de 2017 a 2019. Agora, terá mandato na presidência estadual até 2029 (mas, por acordo eleitoral, não o cumprirá até o fim).

Para essa eleição interna, Coser veio à frente da chapa A Estrela Tem que Brilhar, formada pela corrente dele, a Alternativa Socialista (AS), e por outras correntes agrupadas no campo Pra Voltar a Sonhar. Ele teve o apoio, por exemplo, da deputada estadual Iriny Lopes, do deputado federal Helder Salomão e do senador Fabiano Contarato.

Jackeline, por sua vez, encabeçou a chapa da sua corrente, a Construindo um Novo Brasil (CNB), que não teve apoio de outras correntes. Ela recebeu declarações de apoio de figuras de destaque nacional do PT, como a ex-presidente nacional do partido Gleisi Hoffmann. Nacionalmente, a CNB hegemoniza o PT há décadas. Também é a corrente do presidente Lula.

Em âmbito estadual, essa eleição interna foi marcada justamente pelo rompimento político entre a corrente de Coser (Alternativa Socialista) e a CNB de Jack Rocha. Nas duas disputas internas anteriores, tanto em 2017 (eleição de Coser) como em 2019 (eleição de Jack), a aliança entre as duas tendências foi fundamental para a vitória no PED. Todavia, para essa disputa, o grupo de Coser distanciou-se da CNB e selou uma aliança decisiva com o campo Pra Voltar a Sonhar (agrupamento de forças de oposição interna à gestão de Jack), em uma articulação que antecedeu o período oficial de campanha.

Em outras palavras, essa inesperada aliança começou a decidir a eleição antes mesmo da campanha e a reconduzir Coser à presidência da sigla de Lula no Espírito Santo.

Pré-candidato a deputado federal em 2026 (como Jack e Helder Salomão), Coser já entrou na campanha do PED com o compromisso declarado de exercer uma “presidência compartilhada” com Iriny. Seu compromisso é que, na metade do mandato, em meados de 2027, ele passará a presidência, voluntariamente, para a colega e aliada no processo. Se ele for eleito para voltar à Câmara Federal, passará a presidência para Iriny ao assumir o novo mandato, em fevereiro de 2027.

A campanha também foi marcada por críticas mútuas, inclusive em entrevistas aqui (para sermos justos: mais de Coser a Jack do que o contrário). O deputado chegou a declarar que, sob a presidência da deputada, o PT estava “anestesiado” e “paralisado”. Jack, por sua vez, apontou resistência de Coser e seus aliados em permitir uma renovação verdadeira nos quadros de direção do partido.

Houve, ainda, em junho, um debate com ânimos muito exaltados, realizado no auditório do colégio Agostiniano, no Centro de Vitória. Na plateia, apoiadores de ambos os lados quase chegaram às vias de fato. Na tentativa de apartar a discussão, Iriny Lopes chegou a tropeçar, sofrer uma queda e lesionar o punho. Entendendo não haver condições de dar prosseguimento ao debate de ideias naquele ambiente, os representantes da chapa de Jack, incluindo a própria, se retiraram.

Se a presidência estadual já está definida, a composição da próxima Executiva Estadual ainda não está. Pelas regras do PED, os filiados votaram, separadamente, primeiro para o cargo de presidente estadual, depois na chapa para a Executiva Estadual. Em tese, um eleitor pode ter, por exemplo, votado em Coser para presidente, mas na chapa de Jack para a Executiva. A distribuição das cadeiras no órgão diretivo estadual será feita proporcionalmente ao número total de votos obtido por cada chapa.

Segundo informações de bastidores, dados parciais do PED demonstram que a chapa de Coser (A Estrela Tem que Brilhar) teria recebido cerca de 65% dos votos, contra cerca de 35% para a chapa de Jack (CNB).

Nos municípios

A esta altura, também já são conhecidos os próximos presidentes em alguns dos maiores municípios do Espírito Santo:

Eis a relação, com os respectivos vencedores marcados em negrito:

VITÓRIA

  • André Carvalho (A Estrela Tem que Brilhar)
    Raniery Nunes Ferreira (CNB-ES), vereador e filho do atual presidente, Zé Carlinhos Ferreira

VILA VELHA

  • João Batista Babá (A Estrela Tem que Brilhar)
    Fabrício Santana (CNB-ES), atual presidente

CARIACICA

  • Luiz Gaurink (CNB-ES), atual presidente
    Ilona Acuçena (A Estrela Tem que Brilhar), vereadora

SERRA

  • Miguel Ferreira Junior (CNB-ES), atual presidente
    Pablo Pereira da Silva (A Estrela Tem que Brilhar)

VIANA

  • Laziomar Furlani (CNB-ES), candidato único, a partir de um acordo entre as correntes

As atuais Executivas Municipais têm mandato até setembro.

Segundo turno em Cachoeiro

Em Cachoeiro de Itapemirim, haverá segundo turno para escolha do presidente municipal. Lá houve três candidatos, pois a Alternativa Socialista (de Coser) e o campo Pra Voltar a Sonhar não se juntaram. Nenhum dos três postulantes atingiu 50% dos votos.

No primeiro turno, os candidatos foram Eliz Altoé (Alternativa Socialista), Joana Darck Caetano (Pra Voltar a Sonhar) e Jean Milhorato (CNB). As duas primeiras passaram para o segundo turno.