Coluna Vitor Vogas
Dez coadjuvantes políticos que perderam feio nas urnas no ES
Mesmo não sendo candidatos, eles também precisam juntar os cacos. Foram os padrinhos ou principais apoiadores de candidaturas malsucedidas e, em alguns casos, viram a própria força política diminuir nos respectivos redutos, ou até em âmbito estadual
Mesmo não sendo candidatos a nada, os dez políticos capixabas listados a seguir também saem derrotados das eleições municipais no Espírito Santo. Eles foram os padrinhos ou principais apoiadores de candidaturas malsucedidas e, em alguns casos, viram a própria força política diminuir nos respectivos redutos, ou até em âmbito estadual. Vamos a eles!
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1. Max Filho (PSDB)
O ex-prefeito tem méritos, virtudes e uma importância inquestionável na história de Vila Velha, mas nesta eleição prevaleceu um de seus traços que nunca ajudou nem a ele mesmo nem ao próprio município: o de ser orgulhoso e turrão.
Se a eleição passada, na qual Max foi pessimamente votado para deputado federal, não serviu de alerta o bastante, esta há de ser o alerta final.
Inconformado com a inclinação de Vandinho Leite e seu grupo em levar o PSDB para a coligação de Arnaldinho, Max moveu seus pauzinhos, valeu-se dos bons contatos mantidos com caciques tucanos desde os tempos em que foi federal e convenceu a direção nacional do partido a realizar uma intervenção no diretório do PSDB em Vila Velha. Recuperou, assim, o controle do partido na cidade, tirado do grupo de Vandinho.
Tudo para quê? Para lançar a prefeito seu aliado de longa data Maurício Gorza. Na prática, só serviu para tirar o PSDB de Arnaldinho, mas não fez a menor diferença: o prefeito se reelegeu com 13 siglas na coligação e 79% dos votos válidos.
Mesmo com R$ 312 mil da direção nacional, Gorza obteve míseros 557 votos (0,23% dos válidos). Passaria longe de se eleger vereador. Por pouco não foi menos que os 429 de Gabriel Ruy (Mobiliza), candidato que só foi candidato pela vontade de ser candidato.
Se o filho de Max Mauro ainda pretende seguir ativo de algum modo na política capixaba, precisa urgentemente rever conceitos e estratégias.
2. Guerino Zanon (PSD)
Ninguém pode negar a força política de Guerino em Linhares nem sua importância pessoal no boom econômico vivido pela cidade nas três últimas décadas. Mas o ex-prefeito acaba de amargar uma das piores derrotas políticas de sua carreira, ao não conseguir ajudar a reeleger o atual prefeito, Bruno Marianelli (Republicanos), seu afilhado político. Isso após ter perdido, com baixa votação, a eleição para governador do Estado em 2022 – e ter perdido também no 2º turno, ao apoiar Manato (PL) contra Casagrande (PSB).
Guerino foi onipresente na campanha de Bruno, tanto quanto, por exemplo, Sergio Vidigal (PDT) na campanha de Weverson Meireles (PDT) na Serra. Andou com o apadrinhado nas ruas e fez uma série de postagens. Numa delas, chamou de “almofadinha” o deputado estadual Lucas Scaramussa (Podemos), principal oponente do prefeito. No domingo, Lucas se elegeu com 52% dos votos válidos. Linhares não tem 2º turno. Mas, se tivesse, o adversário teria sido eleito no 1º.
Essa foi a segunda vez que Guerino falhou em Linhares ao tentar eleger um aliado. A primeira foi em 2004, quando seu candidato, Vanderlei Ceolin, perdeu para Zé Carlos Elias.
3. Vandinho Leite (PSDB)
Vandinho é o presidente estadual do PSDB, partido de Luiz Paulo, derrotado na Capital. O deputado não só bancou como participou pessoalmente da campanha do ex-prefeito, que chegou em 3º, com 12% dos votos válidos.
Mas o PSDB não foi mal somente em Vitória. Por todo o Espírito Santo, elegeu só quatro prefeitos, todos em cidades bem pequenas: Laranja da Terra, Mantenópolis, Santa Teresa e São Roque do Canaã. Vai governar 60 mil pessoas.
Como apoiador, o partido ganhou com Euclério em Cariacica (mas quase todo mundo ganhou com Euclério em Cariacica…). E sofreu uma derrota maiúscula com Audifax Barcelos (PP) na Serra, justamente o reduto eleitoral de Vandinho.
No período das convenções, o deputado fez algo inusitado: invertendo a ordem normal das coisas, primeiro definiu que o PSDB teria uma candidata a vice-prefeita, a assistente social Nilza Cordeiro. O partido era assediado por Audifax, Weverson e Muribeca, todos disputando o apoio do PSDB. Audifax topou encaixar Nilza como vice, e o PSDB fechou com ele. Ficou uma sensação de “leilão”. Com a derrota inesperada do ex-prefeito da Serra, Vandinho também perdeu.
Adendo: o mico em Vila Velha não pode ser cobrado de Vandinho – ao contrário, ali ele perdeu a disputa interna e ainda tentou alertar o comando nacional sobre a nula competitividade do projeto de Max Filho, a quem cabe inteira responsabilidade.
4. Fabrício Gandini (PSD)
Começando no ano passado, as movimentações do deputado de Jardim Camburi tendo em vista a eleição para a Prefeitura de Vitória podem ser resumidas em uma palavra: erráticas.
No fim de 2023, Gandini trocou o Cidadania pelo Partido Social Democrático (PSD). Passou a representar o PSD em reuniões com outros partidos em Vitória, a fim de formar uma frente ampla de centro, com um só candidato desse grupo à prefeitura.
Em maio, declarou-se pré-candidato a prefeito de Vitória. Menos de três semanas depois, declarou apoio a Luiz Paulo (PSDB) para ser o representante desse grupo. Parecia que Gandini, presidente municipal do PSD, tinha autoridade para conduzir essa articulação e falar em nome do partido em Vitória. Mas logo se viu que não era bem assim.
No dia 20 de julho, o PSD deu um bolo em Luiz Paulo na convenção do PSDB na Capital. Tomando as rédeas das articulações eleitorais em Vitória, o presidente estadual do PSD, Renzo Vasconcelos, levou o partido para a coligação de Pazolini, em troca da presença do Republicanos em sua coligação em Colatina. Gandini, então, sumiu de cena em Vitória. Não participou da campanha de Luiz Paulo na própria cidade e foi cuidar das campanhas de outros candidatos do PSD pelo interior.
No sábado (5), véspera da votação, quando três pesquisas eleitorais (AtlasIntel, Futura e Ipec) apontavam crescimento de Luiz Paulo na reta final, Gandini fez um post pedindo votos para o tucano. Àquela altura, os votos dos eleitores já estavam muito consolidados.
O PSD concorreu com 11 candidatos a prefeito no Espírito Santo. No domingo, além de Renzo, o partido só elegeu dois prefeitos no interior: os das pequenas Jerônimo Monteiro e Alto Rio Novo. Alguns candidatos do partido que contaram com a presença direta de Gandini na campanha, como Fabinho, em Domingos Martins, foram derrotados nas urnas.
5. Felipe Rigoni (União)
O ex-deputado federal e secretário estadual do Meio Ambiente foi o coordenador da campanha de Luiz Paulo (PSDB) a prefeito de Vitória, o que bastaria para justificar sua inclusão nesta lista. Mas Rigoni também é o presidente estadual do União Brasil, partido que, confirmando projeções feitas aqui, saiu deste processo eleitoral no Espírito Santo do mesmo jeito que entrou: pequeno e muito aquém do tamanho adquirido nacionalmente pela agremiação, que se tornou uma potência no campo da direita.
Aliás, saiu ainda menor. No Espírito Santo, atualmente, o União tem apenas três prefeitos. Lançou dez candidatos ao comando de prefeituras municipais. Elegeu um: o de Jaguaré, Marcos Guerra (reeleito). A partir de janeiro, portanto, o poderoso União Brasil vai governar apenas um dos 78 municípios capixabas, com 31 mil habitantes (menos de 1% da população capixaba). É muito pouco.
Como consolo para Rigoni, fica a vitória do aliado e amigo dele Lucas Scaramussa em sua cidade, Linhares, onde seguem morando seus pais. O União esteve na coligação de Lucas, com seu vice-prefeito eleito, Franco Fiorot.
6. Tyago Hoffmann (PSB)
Assim como Gandini, o também deputado estadual chegou a se apresentar como pré-candidato a prefeito de Vitória pela “frente de centro” ligada ao Palácio Anchieta – mas por muito mais tempo, de agosto do ano passado a maio deste ano. Acabou declarando apoio a Luiz Paulo e ajudando a levar o apoio do PSB ao tucano. Participou pessoalmente da campanha do ex-prefeito, com direito a discurso em grande encontro no Álvares Cabral, no dia 1º de outubro, a cinco dias da votação. Mas, como todos os aliados governistas, viu a vitória de Pazolini no 1º turno.
Em paralelo, Tyago participou de muitas campanhas em cidades menores. Ajudou a eleger aliados em vários municípios pequenos. Mas sofreu uma derrota dolorosa e inesperada no próprio reduto, Guarapari. Na cidade da Grande Vitória, o vice-líder do governo na Assembleia perdeu solidariamente com o também deputado estadual Zé Preto (PP), que sempre teve em Tyago um dos principais incentivadores e articuladores. Mais que isso, Tyago foi um dos idealizadores da candidatura do colega de plenário.
Em Guarapari, deu Rodrigo Borges, correligionário de Pazolini no Republicanos.
7. Helder Salomão (PT)
Como em todas as candidaturas anteriores da educadora Célia Tavares (PT), sua secretária municipal de Educação de 2005 a 2012, o deputado federal Helder Salomão foi o principal apoiador e referência da campanha de Célia a prefeita de Cariacica. Tinha presença importante, por exemplo, na propaganda da candidata no rádio. Mas Célia dessa vez não chegou a 10% dos votos válidos, enquanto o prefeito Euclério Sampaio (MDB) foi reeleito com quase 90%.
8. Neucimar Fraga (PP)
Ameaçou candidatar-se a prefeito, mas desta vez, pelo menos, decidiu recuar a tempo, reconhecendo o favoritismo de Arnaldinho e o poderio da campanha do prefeito. Foi um grande blefe do ex-prefeito, na verdade. Na campanha, Neucimar pediu votos para o filho, Lucas Fraga (PP), mas não conseguiu eleger o rapaz a vereador de Vila Velha.
Neucimar não ganha uma eleição diretamente desde que venceu para prefeito, em 2008. Disputando variados cargos, perdeu em 2012, 2014, 2016, 2018, 2020 e 2022.
9. Bruno Resende (União)
O médico e deputado estadual era pré-candidato a prefeito de Cachoeiro, mas, desde o ano passado, tinha um acordo com o também deputado Allan Ferreira (Podemos) e com o advogado Diego Libardi (Republicanos): dos três, só um seria candidato. Em maio, o trio optou por Libardi.
Bruno indicou a própria esposa para candidata a vice-prefeita de Libardi: a nutricionista Rafaela Donadeli, também filiada ao União. Mas o candidato do Republicanos chegou apenas em terceiro lugar, com 19,3% dos votos válidos, superado por Theodorico Ferraço (PP), com 42,8%, e pelo vereador Léo Camargo (PL), com 23%.
10. Marcus Vicente (PP)
Após não conseguir se eleger deputado federal em 2022 e perder, em abril do ano passado, para Josias da Vitória, o comando estadual do PP, partido que dirigia há uma década no Espírito Santo, o secretário estadual de Desenvolvimento Urbano acaba de sofrer, indiretamente, mais um revés nas urnas: sua mulher, Naciene (PP), não conseguiu voltar a ser prefeita da pequena Ibiraçu, reduto da família Vicente.
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