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Coluna Vitor Vogas

Da Vitória: PP apoia gestão Pazolini, mas apoio eleitoral é outro debate

Presidente estadual do PP abre o jogo sobre as eleições 2024, a relação do partido com Pazolini e Casagrande, Evair de Melo, Bolsonaro e governo Lula

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O deputado federal Josias da Vitória é presidente estadual do PP. Crédito: assessoria do deputado

O Progressistas (PP) no Espírito Santo apoia o governo Pazolini (Republicanos) em Vitória? Sim, sem dúvida alguma. Esse apoio à gestão significa que o PP estará no palanque de Pazolini daqui a um ano, apoiando a reeleição do prefeito na próxima campanha municipal? Não necessariamente. Aí a conversa é outra. É toda uma outra discussão.

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Assim podem ser resumidas as declarações dadas a este colunista pelo deputado federal Josias da Vitória, presidente estadual do PP, na última quinta-feira (31).

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Na breve, mas significativa conversa, Da Vitória ofereceu alguns esclarecimentos importantes. Frisou que o PP colabora para o sucesso do governo Pazolini, está ao lado do prefeito pelo desenvolvimento de Vitória, e isso não vai mudar. “O PP apoia a gestão Pazolini, ajudando a cidade. Se alguém não aceitar que eu ajude Vitória está errado! Se alguém não aceitar que eu ajude Serra está errado!”

Quanto ao processo eleitoral, o dirigente máximo do PP no Espírito Santo faz questão de enfatizar que o partido não tem nenhuma decisão tomada – o que, aliás, também vale para qualquer outra cidade onde o PP não tenha prefeito filiado à sigla postulando a reeleição. Está tudo em aberto. “O Pazolini já ouviu de mim e da Executiva do PP: nós vamos discutir eleições mais na frente.”

Em outras palavras, apoio à gestão é uma coisa; apoio à reeleição é outra. O primeiro não necessariamente se traduzirá, ou se desdobrará, no segundo. O PP é partícipe do governo Pazolini, mesmo sem lugar no secretariado, apoiando-o nos bons projetos e políticas públicas para a cidade. Ponto. Daí a dizer que o PP será um aliado eleitoral e estará na coligação do prefeito, vai uma relevante diferença.

Segundo Da Vitória, a ajuda do PP à administração de Pazolini independe de o partido vir ou não a ocupar assento no secretariado. “Nós não temos esse diálogo com Pazolini. Acho que nem cabe essa discussão, porque o nosso apoio não passa por aí. Vai passar por uma construção de projetos, de gestão.”

Da Vitória não nega que Pazolini tenha interesse em contar com o PP em seu palanque em 2024, assim como os governantes de outros municípios, o que ele considera natural dada a envergadura do partido. “É lógico que o prefeito Pazolini e acho que os 78 que vão disputar uma reeleição ou tentar eleger um sucessor gostariam do PP com eles.”

Isso posto, Da Vitória reafirma “pela décima vez”, como me disse: o PP não tem posição fechada. Nem em Vitória nem em nenhum dos maiores municípios do Espírito Santo. “Não temos. Queria que você me falasse onde nós temos. Só onde nós temos prefeito.”

Ao contrário de aliados tanto dele mesmo no PP como postados ao redor de Pazolini, Da Vitória não tem pressa em tomar tais decisões eleitorais. Joga com o tempo a seu favor, cuidando dessas articulações com o calendário eleitoral sob o braço. “Eu tenho trabalhado para que a gente possa usar a cronograma. As pessoas só falam de eleição!”, reclama. “Uma semana para uma eleição é uma eternidade. Imagine um ano!”

Ora, o que está ampliando muito essa fervura é a ação de políticos de parte a parte que têm feito muito força para antecipar o anúncio de uma possível aliança eleitoral do PP com o Republicanos em Vitória. Alguns operam na retaguarda, outros abertamente mesmo, como é o caso do outro deputado federal do PP no Espírito Santo, Evair de Melo. O colega de bancada de Da Vitória já declarou que apoia pessoalmente a reeleição de Pazolini e trabalha para que o PP faça o mesmo.

Assim, enquanto Evair e articuladores políticos reunidos em torno do prefeito botam muita lenha nessa fogueira, Da Vitória vem com o balde de água fria. Enquanto os primeiros têm aumentado a temperatura do fogo, o presidente estadual do PP gira o botão do fogão para o outro lado.

Diferenças com Evair: “Tem um outro modelo”

Sobre as recentes declarações de Evair, Da Vitória o elogia bastante e ressalta os laços de proximidade existentes entre eles, mas pondera que as posições “antecipadas e às vezes distantes do partido” tomadas pelo colega de bancada não podem ser lidas como posições oficiais do PP.

“Evair tem muito mais tempo de Progressistas do que Da Vitória. Ele me apoiou para ser presidente do partido. Tenho muito respeito pelo Evair. A minha relação com ele é excepcional! Agora, o Evair tem um outro modelo. Ele tem tocado as agendas dele com apoio para 2024 de uma forma antecipada e às vezes até um pouco distante do partido, por conta da relação que ele tem no município e não tem às vezes com o partido. Então ele tem a nossa compreensão para isso.”

Ao contrário de Da Vitória, Evair é um crítico mordaz do governador Renato Casagrande (PSB) – o que, em parte, ajuda a explicar o posicionamento antecipado do deputado bolsonarista em prol de Pazolini.

Aliás, o grande pano de fundo de toda esta discussão é que Casagrande e Pazolini são adversários. É esse o ponto-chave para se entender o nervosismo gerado no mercado político capixaba pela aproximação do PP com Pazolini. O partido presidido por Da Vitória, parceiro do governo Casagrande e antigo sócio do projeto político liderado pelo governador, passou a se aproximar, em Vitória, de um notório adversário do socialista.

Sobre Casagrande: “maturidade política”

Para Da Vitória – se continuarmos tratando essa aproximação no nível da ajuda à gestão municipal –, não há que se falar em incompatibilidade entre as duas coisas. Dito de outro modo, o PP pode perfeitamente seguir apoiando e participando do governo Casagrande e passar a colaborar com Pazolini em Vitória sem que A invalide B. Para lastrear essa tese, Da Vitória evoca a “maturidade política” do próprio Casagrande:

“Um dos agentes políticos mais maduros que nós temos no Espírito Santo chama-se Renato Casagrande. A minha relação com ele é excepcional! Nós construímos tantas coisas juntos e conversando com todas as linhas políticas do Espírito Santo. A eleição passada é a maior prova disso. Eu fui o maior interlocutor com todas as agendas. Então o governador, que acabou de ganhar uma eleição, tem um grande papel: é juntar o Espírito Santo. Se ele tiver 100% dos capixabas apoiando o governo dele, é ótimo. Quem divide é a sociedade… e a imprensa”, cutuca (none taken).

Sobre Lula: “Renuncio se for pra torcer contra o Brasil”

Para exemplificar seu jeito de fazer política e de se conduzir na vida pública, Da Vitória faz uma analogia com sua atuação no Congresso, como coordenador da bancada do Espírito Santo, neste primeiro ano do governo Lula.

Da Vitória não faz parte da base do governo. Não apoiou a volta de Lula ao poder. Aliás, faz questão de salientar que jamais na vida votou em um só candidato do PT, para qualquer cargo eletivo. Na acirradíssima eleição presidencial do ano passado, o deputado votou em Bolsonaro – por sinal, foi um dos autores do voto “Casanaro” no Espírito Santo.

No entanto, de modo até certo ponto surpreende, ele faz agora ressalvas ao modelo político de Bolsonaro e a medidas tomadas pelo governo do ex-presidente, das quais “queria distância”. E garante: como coordenador da bancada capixaba e representante dos interesses do Estado no Congresso Nacional, jamais deixará de apoiar boas medidas que venham do governo Lula só porque não apoiou a eleição do petista.

“Nunca votei no PT. Mas renuncio à coordenação da bancada se eu for ficar torcendo contra o Brasil. Sempre agi assim. Você nunca me viu em carona de Bolsonaro, em foto… Tem muitas coisas que ele fazia que eu não aprovava, que não têm nada a ver com meu modelo. Eu nunca queria estar perto de algumas ações. Mas votei muito com o governo e consegui criar no governo e no Congresso um ambiente para garantir as entregas aqui. Esse é o meu papel como coordenador de bancada”, assinala o deputado.

“E, aqui no Estado, eu pratico isso com os prefeitos enquanto presidente de partido. É questão de condução de mandato, de condução partidária e da maturidade acumulada em 17 anos de mandatos”, conclui Da Vitória, completando a analogia.

Diga-se de passagem, é uma postura em que ele também se distancia bastante do colega Evair de Melo. Mas esse é um assunto para uma próxima coluna.

A novela Edu Henning: “Validamos o nome”

Oficialmente, o PP não tem cadeira no secretariado de Pazolini. Mas colocou, no mínimo, um pezinho na sala de reuniões dos secretários, com a nomeação do jornalista e músico Edu Henning para a Secretaria Municipal de Cultura, em agosto.

Muito se especulou, inclusive aqui, sobre o grau de influência e participação do PP nessa escolha de Pazolini. Até fontes envolvidas na definição do novo secretário discordavam: alguns diziam que a indicação tinha partido do PP, outros que o PP só validara o nome. Ouvi que Edu chegou ao cargo “com as bênçãos do PP” e “com a cobertura política do partido”.

Fato é que a decisão foi selada por Pazolini em um café compartilhado com Da Vitória e Evair no Aeroporto de Vitória e anunciada oficialmente poucos dias depois.

O próprio presidente estadual do PP dá a sua versão. Segundo ele, Pazolini chegou a pedir ao PP a indicação de um nome. O PP não o fez. O próprio prefeito, então, levou o nome de Edu Henning a Da Vitória e Evair, submetendo-o à avaliação dos dois. Eles, então, “validaram o nome”.

“Nós validamos, até porque Pazolini me buscou junto com Evair para falar… Tinha pedido que a gente pudesse fazer a indicação. E nós não contribuímos, até porque eu nunca estive na vida com o Edu Henning. Acho que vou estar agora, até porque a imprensa tem colocado tanto o Edu Henning como indicação do Progressistas que talvez seja uma pessoa que já esteja se sentindo até próximo de mim”, ironiza. “Mas não tem nenhuma indicação do partido.”

“Pazolini conversou conosco e nós cravamos o apoio ao nome, até porque a história do Edu Henning é uma história muito bonita. Ele tem conceito”, finaliza o deputado.

Próxima página, então.

E Audifax?

O ex-prefeito da Serra está querendo entrar no PP. Se depender de Da Vitória, tem boas chances. “Tem o nosso bom diálogo. E, já em três agendas que fizemos, estamos construindo uma possibilidade sobre isso.”

Cena política

A entrevista de Da Vitória foi concedida após evento do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex), em cerimonial no bairro Jardim Camburi. Presentes ao evento também estavam dois pré-candidatos a prefeito de Vitória, ambos da base do governo Casagrande: os deputados estaduais João Coser (PT) e Tyago Hoffmann (PSB).

Quando abordei Da Vitória para iniciar a entrevista, Tyago passava perto, e o presidente do PP gracejou: “Se for sobre Vitória, já resolvemos tudo ali. Mas, se o João Coser chegar, eu posso mudar de opinião”.


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