Coluna Eliana Gorritti
Transformando espaços: O impacto feminino na arquitetura
Arquitetas capixabas e globais reescrevem a história da profissão com empoderamento feminino, inovação e legados que desafiam estereótipos

Foto: Divulgação
No mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, as arquitetas destacam suas contribuições significativas no campo profissional. Apesar das barreiras ainda presentes no mercado de trabalho, elas se sobressaem pela criatividade, inovação e um forte desejo de transformação, combatendo a invisibilidade feminina na profissão. Arquitetura e arquiteta, nesse contexto de mudança, não são apenas termos femininos, mas, sobretudo, ações de transformação de realidades.
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“Ao longo da história, as arquitetas se destacaram em diversos segmentos, deixando contribuições significativas para a sociedade e para nosso campo de conhecimento. Elas interpretam e transformam o ambiente ao seu redor, superando desafios”, explicou a Drª. Luciene Pessotti, arquiteta e urbanista, professora da Ufes e vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil/ES
Pioneirismo feminino
No Espírito Santo destacamos Maria do Carmo Schwab, a primeira arquiteta do estado. Nascida em março de 1930, em Vitória, Maria do Carmo Schwab formou-se em 1953 pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Atuando na cidade, contribuiu para o desenvolvimento da arquitetura moderna brasileira e foi estagiária de Affonso Eduardo Reidy, pioneiro do modernismo no país.
“Nos anos 50 foi a única mulher que integrou o grupo de arquitetos modernistas do Espírito Santo. Elaborou um dos projetos mais emblemáticos deste estilo, a Sede do Clube Libanês, em Vila Velha. Schwab desenvolveu cerca de 248 projetos no Espírito Santo entre 1950 e 1980. Além dessas referências citamos algumas outras excepcionais, incluindo Zaha Hadid, Kazuyo Sejima, Carme Pigem, Yvonne Farrell e Shelley McNamara, e Anne Lacaton. Todas elas ganharam o Prêmio Pritzker de Arquitetura,’ disse Pessotti
No Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento Espírito Santo (IAB/ES), as mulheres são maioria no conselho, com a presidência e vice-presidência ocupadas por duas arquitetas.
“A crescente presença feminina na Arquitetura e Urbanismo tem fortalecido nossa representatividade. Desde Marion Mahony Griffin, a contribuição feminina tem impulsionado mudanças essenciais na arquitetura, impulsionadas pela criatividade, intuição, genialidade e o desejo de transformação da alma feminina”, completou Luciene Pessotti.
Inspiradoras
Essas são apenas algumas das profissionais que marcaram a história e ainda nos inspiram. A referência inicial é Marion Mahony Griffin, primeira mulher no mundo a receber o título de arquiteta pelo Massachusetts Institute of Technology – MI, em 1894.
“Griffin deixou como legado sua atuação e persistência que a permitiram romper barreiras de gênero. Logo, a primeira arquiteta do mundo abriu caminho para que outras mulheres atuassem na área. Profissional de vanguarda, contribuiu significativamente para o movimento Prairie School. Em seus projetos enfatizou a importância da natureza, do artesanato e da simplicidade, e seu profundo respeito pelo meio ambiente natural”, descreveu vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil/ES.
Outra referência é Lina Bo Bardi, arquiteta ítalo-brasileira que revolucionou a arquitetura e a arte no Brasil. Considerada uma das mais importantes arquitetas do país, notadamente do movimento moderno, e uma das maiores feministas brasileiras.
“Seus valores e obras são um legado internacional. Destacou-se ao unir o moderno ao popular, e criou espaços que respondiam às realidades sociais e culturais do Brasil’, finalizou Pessotti, orgulhosa do trabalho e do legado que vêm construindo.
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