Coluna Vitor Vogas
Arnaldinho consegue apoio de federação para ser governador
Reação: firme no jogo, prefeito foi a Brasília e ouviu um “sim” de Paulinho da Força e outros dirigentes nacionais. Nesta quarta (27), ele também teve conversa decisiva com Da Vitória, que reforçou o convite de filiação ao PP

Arnaldinho (ao centro) celebra acordo com dirigentes nacionais do Solidariedade e do PRD
Firme no jogo para ser candidato a governador do Espírito Santo, o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, conseguiu um apoio importante nesta quarta-feira (27). Dirigentes nacionais do Solidariedade e do Partido Renovação Democrática (PRD) firmaram o compromisso de apoiar a pré-candidatura de Arnaldinho ao Palácio Anchieta. Os dois partidos formarão uma federação partidária, anunciada no fim de junho e pendente apenas de homologação pelo TSE. Juntos, somarão 10 deputados federais.
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No fim da manhã, no auditório de um hotel em Brasília, o prefeito de Vila Velha reuniu-se com o presidente nacional do Solidariedade, o deputado federal Paulinho da Força (SP), com o presidente nacional do PRD, o ex-deputado estadual Marcus Vinicius Neskau (RJ), e com o futuro presidente nacional da federação, Ovasco Resende (também dirigente do PRD).
Pela comitiva de Arnaldinho, também participaram o deputado federal Victor Linhalis (Podemos), o presidente estadual do PRD, Bruno Lourenço, e o presidente da Câmara de Vila Velha, Osvaldo Maturano (PRD). Este confirma a informação sobre o apoio selado pela direção nacional das duas siglas a Arnaldinho – conforme bem ilustrado pela foto acima.
Segundo Maturano, Arnaldinho se comprometeu a ajudar a montar, no Espírito Santo, as chapas da futura federação do PRD com o Solidariedade nas eleições para deputado federal e para deputado estadual. Ele usará sua influência para filiar aliados às duas legendas, ajudando a federação a superar a cláusula de barreira e se manter viva no cenário político nacional após 2026. Essa é a única contrapartida apresentada pelos dirigentes nacionais, em troca do apoio a Arnaldinho.
Paulinho da Força e companhia não condicionaram o apoio à filiação de Arnaldinho ao PRD. O compromisso está firmado mesmo que o prefeito, sem partido desde março, decida ingressar em outra sigla. Aliás, durante a reunião, Arnaldinho foi bem franco em afirmar que prefere se filiar a um partido mais encorpado para acomodar sua pré-candidatura a governador do Espírito Santo e buscar se viabilizar.
Problema algum para os dirigentes em questão, desde que o prefeito cumpra sua parte naquilo que realmente mais lhes importa, que é montar uma chapa minimamente competitiva para a Câmara dos Deputados no Espírito Santo. A superação da cláusula de desempenho depende do número de votos do partido ou federação para deputado federal no Brasil inteiro. A distribuição de recursos do Fundo Partidário a partir de 2027 dependerá do tamanho das respectivas bancadas na Câmara.
“Se nada mais der certo”, Arnaldinho passa a ter, no momento, a federação PRD-SD como uma carta na manga: poderá tranquilamente se filiar a um dos dois partidos para viabilizar, do ponto de vista jurídico, o projeto de candidatura ao governo (ele precisará estar filiado até abril). Mas sua preferência e inclinação no momento é se filiar ao Progressistas (PP). Ainda nesta quarta-feira (27), na sequência do seu giro político por Brasília, o prefeito de Vila Velha encontrou-se com o deputado federal Josias da Vitória.
Coordenador da bancada capixaba no Congresso Nacional, Da Vitória é o presidente estadual do PP e será também o presidente, no Espírito Santo, da “superfederação” a ser formada pelo PP com o União Brasil. A título de comparação, assim que for homologada pelo TSE, tal federação nascerá com mais de 100 deputados federais, enquanto a do PRD com o SD terá apenas dez. É a clássica comparação de Davi com Golias.
Da Vitória já havia convidado Arnaldinho para entrar no PP em 2023 e ser candidato à reeleição em Vila Velha pelo partido. O prefeito se reelegeu pelo Podemos em 2024, mas se desfiliou em março deste ano. Da Vitória voltou a convidar Arnaldinho. Esse flerte havia esfriado um pouco. Mas, nos últimos dias, o presidente estadual do PP reforçou o convite.
Arnaldinho agora está propenso a aceitar, desde que, na superfederação, encontre garantias de que terá legenda para disputar o Governo do Estado.
O prefeito ainda precisa viabilizar a candidatura a governador. Já declarou que não pretende ser candidato fora do grupo político liderado por Renato Casagrande (PSB) nem quebrar sua aliança com o governador. Hoje, no entanto, o governador tem preferência manifesta pela pré-candidatura do vice-governador Ricardo Ferraço (MDB). Arnaldinho, portanto, concorre diretamente com Ricardo pelo posto de futuro candidato desse grupo. Se ninguém romper com ninguém nem trair ninguém, um dos dois sobrará; terá de se retirar ou ser retirado do páreo.
No momento, como já analisamos aqui, Ricardo se estabeleceu com certo favoritismo para ser o candidato do Palácio e está alguns passos à frente nessa corrida particular com Arnaldinho. O prefeito, porém, segue firme, sem se deixar abater. Está inabalavelmente convencido de que sua tese é a correta e que assim se provará mais à frente, perto do momento de definições de candidaturas, em meados do ano que vem: a de que o eleitorado capixaba anseia por renovação política e está fatigado de políticos mais antigos; considerando tais premissas, ele seria um oponente muito mais habilitado que Ricardo para derrotar Lorenzo Pazolini (Republicanos).
Dizendo o mesmo ao contrário: se a tese de Arnaldinho estiver mesmo correta, Ricardo seria o adversário perfeito para o prefeito de Vitória, adversário do Palácio Anchieta.
Se realmente se filiar ao PP, ficando em condições de se candidatar pela imponente “superfederação”, Arnaldinho reagirá fortemente nesse jogo eleitoral – e no duelo pessoal com Ricardo.
Se realmente conseguirá ser candidato a governador, só mais à frente será possível afirmar. Mas, se confirmada essa filiação, o prefeito ganhará muita força na luta para viabilizar seu projeto eleitoral.
Isso, é claro, se receber de Da Vitória – e da direção nacional de PP e União Brasil – as garantias de que terá legenda e todas as condições para de fato pôr de pé sua candidatura pela federação. Do contrário, o prefeito de Vila Velha correrá o risco de cair na mesma armadilha da qual saiu, em março, quando se desfiliou ao Podemos: entrar em outro partido de bom porte, sobre o qual não terá controle algum e no qual correrá o risco de não conseguir ser candidato.
