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Coluna Vitor Vogas

Análise: “Quatro Casamentos e um Funeral”, estrelando o PDT de Vitória

Nesta semana, partido de Vidigal realizou um flerte aberto com quatro pretendentes que disputam a mesma aliança na Capital. Mas um deles é o favorito

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Da esquerda para a direita, Luiz Paulo, Camila Valadão, João Coser e Capitã Estéfane: os pretendentes do PDT

Da esquerda para a direita, Luiz Paulo, Camila Valadão, João Coser e Capitã Estéfane: os pretendentes do PDT

Dirigido por Mike Newell, “Quatro Casamentos e um Funeral” fez um sucesso estrondoso no mundo inteiro. O longa britânico transformou o ator Hugh Grant, par romântico da musa Andie MacDowell, em estrela de comédias românticas. Quando estreou, em 1994, Sergio Vidigal ainda não tinha nem sequer sido eleito para o primeiro de seus quatro mandatos na Prefeitura da Serra – sim, o filme é bem antigo. Naquele ano, ele se elegeu deputado estadual.

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Exatos 30 anos depois, uma adaptação do mesmo filme é rodada no Espírito Santo, com locações principalmente em Vitória, e estrelada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), que tem Vidigal como “diretor” no Estado.

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Nesse roteiro político, primeiro veio o funeral, com o enterro da pré-candidatura do ex-deputado Sergio Majeski a prefeito de Vitória pelo partido, no último dia 5.

Há divergências quanto a quem foi o coveiro. Majeski anunciou sua retirada alegando, em outras palavras, que foram os dirigentes do PDT que sepultaram sua pré-candidatura, por não terem, segundo ele, proporcionado a ele estrutura mínima necessária para sustentar a pré-campanha e a campanha na capital capixaba. A direção do PDT, por sua vez, aponta um “autossepultamento”: Majeski teria sido o coveiro da própria candidatura, decidindo recuar por conta própria.

O fato é que, passado esse velório, o PDT agora está solteirão na praça em Vitória. E, nesta semana de Santo Antônio, está em busca de casamento. Para isso, iniciou um flerte aberto com quatro pretendentes que disputam a mesma aliança. No momento o partido se vê diante de quatro potenciais casamentos, dos quais só um vai se concretizar.

Ao longo desta semana, o presidente da Executiva Provisória do PDT em Vitória, Junior Fialho, teve encontros com quatro pré-candidatos declarados a prefeito. Nesta ordem, reuniu-se, na última segunda-feira (10), com o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB); na última quarta-feira (12), separadamente, com a deputada estadual Camila Valadão (PSol) e com a vice-prefeita de Vitória, Capitã Estéfane (Podemos); e, na última quinta-feira (13), com o deputado estadual João Coser (PT).

Junior Fialho (de azul) com Luiz Paulo

Junior Fialho (de azul) com Luiz Paulo (10/06/2024)

Sem partidos aliados no momento, Estéfane chegou a oferecer ao PDT a indicação do seu candidato a vice-prefeito.

Os quatro, logicamente, têm interesse em um casamento eleitoral para fortalecerem as respectivas candidaturas em Vitória. O PDT, por sua vez, está aberto a apoiar qualquer um dos quatro, de acordo com Fialho.

Dos seis pré-candidatos a prefeito postos hoje em Vitória, o partido de Vidigal só não procurou nem foi procurado pelos dois que estão decididamente fora do campo progressista ao qual o PDT pertence: o atual prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos), e o deputado estadual Capitão Assumção (PL).

Da primeira rodada de conversas com os quatro pretendentes, só participaram Fialho e o secretário do PDT em Vitória, Raiaq Roos Abreu, como representantes da direção municipal do partido.

Agora, segundo Fialho, terá início uma segunda rodada, ampliada. Dessa vez, cada um dos quatro será convidado a ir se apresentar e conversar pessoalmente com os pré-candidatos a vereador da chapa montada pelo PDT em Vitória.

Nesse novo bloco do “Fica comigo”, João Coser saiu na frente: de último a conversar com Fialho, será o primeiro a conversar com os candidatos do PDT, a convite do dirigente municipal, na próxima terça-feira (18), às 19h.

Junior Fialho (de verde) com Camila Valadão

Junior Fialho (de verde) com Camila Valadão (12/06/2024)

“João e Luiz Paulo já se colocaram à disposição. Essa segunda rodada é para que eles possam conversar com os nossos pré-candidatos, até porque quem vai pedir votos para o nosso candidato a prefeito não somos só nós, dirigentes. O candidato a vereador é que vai ter que pegar a bandeira e vestir a camisa do cara. Já marcamos com Coser, queremos marcar logo em seguida com o Luiz Paulo e também com a Camila e a Estéfane, já na semana que vem”, diz Fialho.

O PDT também produziu um documento, a ser apresentado para os quatro pré-candidatos, com 12 compromissos que o partido espera ver assumidos pelo concorrente a ser apoiado. Doze é o número de urna da sigla.

O “melhor partido”

O trabalho de interlocução de Fialho, em nome do PDT de Vitória, é legítimo e faz parte do jogo, até como uma forma de valorizar o dote do PDT nessas discussões. Questionado pela coluna, ele já afirmou que a definição do candidato a prefeito que terá o apoio do partido não terá interferência da direção estadual do PDT, cabendo exclusivamente à Executiva Municipal de Vitória.

Mas, com o máximo respeito, não será bem assim.

No final das contas, essa decisão está em outra esfera, patamar ou dimensão… Será tomada muito acima do telhado dos dirigentes municipais. Terá participação decisiva do presidente estadual de fato (não no papel) do PDT, que todo mundo sabe quem é, e do governador Renato Casagrande (PSB).

Vidigal é um dos principais aliados de Casagrande no plano político estadual. O PDT faz parte de seu governo.

Junior Fialho (de verde) com Capitã Estéfane

Junior Fialho (de verde) com Capitã Estéfane (12/06/2024)

Como já avaliamos aqui, com o “funeral de Majeski”, o caminho mais provável do PDT em Vitória é de apoio a João Coser, em coligação com o PT, não apenas por causa da aliança nacional entre os dois partidos de esquerda no governo Lula, mas, acima de tudo, porque o Palácio Anchieta prefere que seja assim.

Conforme o próprio governador já admitiu aqui com todas as letras, em entrevista à Rádio BandNews na última terça-feira (11), em Vitória ele apoia dois pré-candidatos: João Coser e Luiz Paulo.

Sem espalhafato, Casagrande tem operado para ajudar os dois aliados, fazendo o possível para que essa ajuda se dê do modo mais equânime. Ajuda de que maneira? Influindo para levar aliados para um e para o outro.

Para produzir equidade entre o tucano e o petista, é preciso que as forças aliadas do seu governo estejam divididas de modo minimamente equilibrado nos dois palanques. Não é o que se vê hoje.

Enquanto Luiz Paulo já conta com uma penca de partidos da base do governo em sua coligação, incluindo o PSB de Casagrande, João Coser só tem os da federação do PT (PCdoB e PV). Até como um gesto de reconhecimento e prestígio ao PT, o governador que ajudar seu aliado de esquerda a fortalecer a chapa de Coser, levando o PDT para lá.

Junior Fialho (de vermelho) com João Coser

Junior Fialho (de vermelho) com João Coser (13/06/2024)

Exatamente por isso, o casamento com Coser hoje é, entre os quatro, o mais provável para o PDT.

A possível compensação

A grande dúvida no momento, na verdade, é outra: se haverá, como contrapartida, casamento dos dois também na Serra (em autêntica “troca de alianças”). Neste caso, pelo apoio do PDT a Coser em Vitória, o PT poderia fazer um gesto de retribuição, retirando a pré-candidatura do ex-deputado Roberto Carlos para apoiar na Serra Weverson Meireles (PDT), o pré-candidato de Vidigal.

Por outro lado, há dúvidas até se o PDT quer mesmo o PT em sua coligação, ou prefere que o partido de Lula mantenha a sua candidatura própria com Roberto Carlos na Serra, até para afugentar os rótulos ideológicos que adversários à direita – como Pablo Muribeca (Republicanos) e, principalmente, Igor Elson (PL) – tentarão colocar na candidatura do PDT.

Absorvendo o PT em sua coligação, Weverson e Vidigal podem “passar recibo” de que a candidatura é de esquerda, o que pode ser ruim se a eleição for puxada demais para esse campo da polarização ideológica na Serra. Já deixando Roberto Carlos correr solto no páreo, o candidato do PT vai concentrar sozinho todo o petismo e a defesa de Lula, aliviando nesse aspecto a coligação liderada pelo PDT.

No muito provável segundo turno, eles certamente juntarão as escovas de dente também na Serra.


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