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Coluna Vitor Vogas

A resposta de Ramalho às críticas e ao apoio de militares a Arnaldinho

Presidente do PPM-ES alegou que Ramalho não ajudou a categoria. Candidato respeita decisão, mas rebate a justificativa: “Deveriam ouvir a Guarda”

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Coronel Alexandre Ramalho. Foto: Facebook

O Projeto Político Militar do Espírito Santo (PPM-ES) decidiu apoiar a reeleição do prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos) em Vila Velha. O apoio foi anunciado na tarde dessa sexta-feira (23) pelo presidente do movimento, Elson da Penha Fernandes, segundo tenente do Corpo de Bombeiros Militar. Em entrevista à coluna, além de rasgar elogios a Arnaldinho, Fernandes teceu críticas a Ramalho. Segundo ele, como secretário estadual de Segurança, o coronel não ajudou a categoria a alcançar seus pleitos nas negociações com o governo Casagrande.

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Em resposta, Ramalho diz respeitar a decisão do PPM-ES, mas se insurge contra os argumentos utilizados pelo presidente do movimento para justificar a opção por apoiar Arnaldinho em detrimento dele.

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“Recebo com tranquilidade a decisão do PPM de apoiar a candidatura do atual prefeito de Vila Velha e respeito a escolha feita pela entidade. Acredito que cada grupo tem seus próprios critérios e prioridades ao estabelecer alianças políticas. No entanto, não posso aceitar a justificativa dada para não apoiar a minha candidatura, especialmente no que tange à minha atuação como secretário de Segurança Pública. É importante esclarecer que, em todo momento daquele período, defendi e estive atento aos pleitos das categorias, quando fui consultado. Entretanto, a responsabilidade de negociar questões salariais e questões das carreiras das instituições de Segurança Pública sempre foram delegadas a outros secretários”, afirma o candidato do PL à Prefeitura de Vila Velha.

Ramalho foi secretário estadual da Segurança Pública por mais de três anos, passando por dois governos de Renato Casagrande (PSB), de abril de 2020 a janeiro deste ano – com um intervalo entre abril e dezembro de 2022, para ser candidato a deputado federal, pelo Podemos.

Segundo o ex-chefe da Sesp, o PPM-ES, que tanto elogia Arnaldinho, deveria, antes de tudo, ouvir os profissionais da Guarda Municipal de Vila Velha:

“O PPM, que se preocupa tanto com seus servidores, deveria, sem dúvida, ouvir os profissionais da Guarda Municipal, que se encontram desmotivados, enfrentando o pior piso salarial do Estado e um dos mais baixos do Brasil, além de lidarem com o aumento significativo de dispensas médicas relacionadas à saúde mental. Este é um reflexo preocupante, que culminou na primeira aposentadoria por invalidez da história da Guarda Municipal de Vila Velha, atrelada a questões psiquiátricas”.

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Rebatendo as críticas do presidente do PPM-ES, o candidato bolsonarista à Prefeitura de Vila Velha afirma que o movimento – que agrega quatro entidades de classe dos Bombeiros e da PMES – decidiu se unir a um projeto político atrasado, de manutenção do poder em Vila Velha, com alguns políticos condenados e sem interesses republicanos:

“Hoje, o PPM se junta ao projeto de manutenção do poder em Vila Velha, que agrega treze partidos, apoiados pela Máquina Pública Estadual e Municipal, com os cargos comissionados que a acompanham. Este é um projeto que reúne os mesmos velhos políticos da cidade, muitos deles já condenados pela justiça, com interesses diversos e nem sempre republicanos”, lamenta o ex-comandante-geral da PMES.

Nas entrelinhas, Ramalho também insinuou que a expectativa de ocupação de espaços na Prefeitura de Vila Velha, em caso de vitória de Arnaldinho, também teria pesado na decisão do PPM-ES. Em entrevista a esta coluna, o tenente Fernandes admitiu que os representantes do movimento esperam contribuir em um segundo mandato de Arnaldinho ocupando espaços na máquina municipal – embora, segundo ele, não tenham especificado cargos.

Ramalho foi incisivo:

“Importante ressaltar que não negocio apoio em troca de cargos. Se eleito, minha prioridade será valorizar os bons profissionais que realmente desejam construir uma Vila Velha mais justa e desenvolvida. […] Reafirmo meu respeito a todas as entidades de classe, mas não farei barganhas para alcançar apoio de ninguém. Eu não entrei na política para fazer negócio, estou aqui para lutar por uma Vila Velha de Verdade”, desfechou, citando o nome de sua coligação (formada por PL e PRTB).

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“Humildade”

O Coronel Ramalho também relatou como foi sua reunião com os líderes do PPM-ES:

“Destaco que, em reunião com o PPM, expus detalhadamente os motivos que me levaram a lançar minha candidatura. Apresentei os valores e princípios que sempre nortearam minha vida pública e particular. Destaquei minha história dentro da Polícia Militar, uma instituição que preza pela hierarquia, disciplina e liderança, bem como afirmei que buscaria sempre o melhor para a nossa cidade. Com humildade, pedi o apoio do PPM, na possibilidade de construir um projeto coletivo visando a um futuro melhor para Vila Velha”.

As críticas de Fernandes a Ramalho

Para recapitular, falando à coluna nessa sexta-feira (23), logo após o selamento do apoio do movimento a Arnaldinho, o presidente do PPM-ES, tenente Elson Fernandes, desferiu as seguintes considerações acerca do Coronel Ramalho:

“A história pesa. Quando foi chamado a estar próximo à categoria, ele não se apresentou para isso. A segurança pública não é feita apenas de discurso. Envolve um trabalho de valorização do profissional de segurança pública que não se traduz apenas na questão salarial”.

Ele prosseguiu: “Todas as vezes que as entidades buscaram um apoio do secretário de Segurança para ser nosso elo, nosso braço nessa negociação, não tivemos esse apoio. Se tivemos negociação, foi diretamente com o governador. Quem deveria ter sido um braço nosso nas demandas da categoria, não só por salário, mas por moradia e saúde, não foi. Isso nunca foi levado em conta pelo secretário. Dessa forma, a gente até entende por que alguém que sempre esteve ao lado do governador hoje está contra”.

Mas o que pode um prefeito nesse caso?

É importante frisar que, em caso de reeleição, como prefeito de Vila Velha, Arnaldinho não terá a menor ingerência sobre os assuntos da PMES e dos Bombeiros Militares – instituições parcialmente representadas no PPM-ES, sobretudo nas mais baixas patentes –, já que as duas forças de segurança são constitucionalmente vinculadas ao Governo do Estado e estão diretamente subordinadas ao governador.

Questões relacionadas à pauta de reivindicações da categoria, negociações salariais, melhorias nas condições de trabalho, estruturação das forças estaduais de segurança etc. não têm absolutamente nada a ver com o prefeito de Vila Velha (nem com qualquer prefeito), quem quer que seja o eleito.

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O que é o PPM-ES e sua importância

O PPM-ES é o braço político de quatro associações que representam militares de duas forças estaduais de segurança do Espírito Santo: os Bombeiros e a Polícia Militar. As entidades são a ASPRA (antiga ACS), a ASSES, a Aspomires e a ABMES (da qual Fernandes é o vice-presidente). O movimento tem votos: representa mais de 30 mil servidores estaduais associados (da ativa, da reserva e pensionistas).

O PPM-ES visa aumentar a presença e a influência dos militares na política e nos espaços de exercício do poder. Nas últimas eleições municipais e estaduais, o grupo tem lançado candidatos aos vários cargos em disputa, oriundos das forças militares, além de apoiar candidatos não militares, mas comprometidos com a agenda do PPM-ES, para que, em caso de vitória, possam influir diretamente na administração. Na última eleição para governador, o PPM-ES apoiou Manato (PL).

Análise: enfraquece o discurso de Ramalho

A decisão e o apoio do PPM-ES a Arnaldinho têm um efeito certo e imediato: enfraquecem o discurso de Ramalho e sua estratégia de tentar colar no prefeito a pecha de “candidato da esquerda”. O presidente do PPM-ES tem o cuidado de dizer que a escolha foi técnica e que o movimento não é ideológico, tampouco “de direita”.

Mas é fato, conhecido por todas, que a grande maioria dos militares são muito mais simpáticos à direita que à esquerda. Também é notória a capilaridade de Bolsonaro e da cartilha do bolsonarismo dentro de tais forças de segurança e associações de representação dos militares nas unidades federativas.


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