Projeto Político Militar declara apoio a Arnaldinho em Vila Velha

Arnaldinho com os representantes do PPM-ES

O Projeto Político Militar do Espírito Santo (PPM-ES) decidiu apoiar a reeleição do prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos) em Vila Velha. O apoio foi anunciado na tarde desta sexta-feira (23) pelo presidente do movimento, Elson da Penha Fernandes, segundo tenente do Corpo de Bombeiros Militar.

O PPM-ES é o braço político de quatro associações que representam militares de duas forças estaduais de segurança do Espírito Santo: os Bombeiros e a Polícia Militar. As entidades são a ASPRA (antiga ACS), a ASSES, a Aspomires e a ABMES (da qual Fernandes é o vice-presidente). O movimento tem votos: representa mais de 30 mil servidores associados (da ativa, da reserva e pensionistas).

O PPM-ES visa aumentar a presença e a influência dos militares na política e nos espaços de exercício do poder. Nas últimas eleições municipais e estaduais, o grupo tem lançado candidatos aos vários cargos em disputa, oriundos das forças militares, além de apoiar candidatos não militares, mas comprometidos com a agenda do PPM-ES, para que, em caso de vitória, possam influir diretamente na administração. Na ultima eleição para governador, o PPM-ES apoiou Manato (PL).

Ao escolher apoiar Arnaldinho Borgo em Vila Velha, em detrimento do Coronel Ramalho (PL), o PPM-ES chama a atenção por preterir um coronel da reserva da PMES, ex-comandante-geral da tropa e ex-secretário estadual da Segurança Pública.

Elogiando muito Arnaldinho, o presidente do movimento explica por que escolheram o atual prefeito:

“Não podemos fechar os olhos para a brilhante administração que o prefeito tem feito no município de Vila Velha nem para o brilhante trabalho que tem feito no quesito segurança na comunidade e também na valorização do profissional da segurança”, afirma Fernandes, referindo-se à Guarda Municipal de Vila Velha. “O prefeito também tem uma proximidade muito grande com a PMES e com os Bombeiros que atuam no município. É um parceiro da segurança pública. Talvez não tenha feito mais por causa de pessoas de outros segmentos…”, insinuou, sem nominar ninguém.

Não foi preciso.

Diante da pergunta seguinte (“e por que não apoiar Ramalho?”), o presidente do PPM-ES enfileirou críticas ao atual candidato do PL a prefeito de Vila Velha, por seu relacionamento com as associações de classe durante sua passagem de mais de três anos pela Sesp, entre abril de 2020 e janeiro deste ano. Segundo Fernandes, as entidades de representação da categoria não encontraram em Ramalho, enquanto esteve à frente da Sesp, o apoio que esperavam em sua pauta de reivindicações.

“Nós entendemos que, apesar de o Coronel Ramalho ter sido o secretário de Segurança Pública, isso não se traduziu em fins sólidos para a categoria. E a história pesa. Quando foi chamado a estar próximo à categoria, ele não se apresentou para isso. A segurança pública não é feita apenas de discurso. Envolve um trabalho de valorização do profissional de segurança pública que não se traduz apenas na questão salarial.”

“Todas as vezes que as entidades buscaram um apoio do secretário de Segurança para ser nosso elo, nosso braço nessa negociação, não tivemos esse apoio. Se tivemos negociação, foi diretamente com o governador. Quem deveria ter sido um braço nosso nas demandas da categoria, não só por salário, mas por moradia e saúde, não foi. Isso nunca foi levado em conta pelo secretário. Dessa forma, a gente até entende por que alguém que sempre esteve ao lado do governador hoje está contra.”

O que pediram a Arnaldinho?

O presidente do PPM-ES confirma que eles pediram a Arnaldinho “participação” em eventual segundo governo dele em Vila Velha, ocupando espaços na prefeitura – embora não tenham entrado em cargos específicos.

“Não fomos ao prefeito solicitando cargo ou tratamento diferenciado. Solicitamos a ele que tivesse um olhar para a segurança pública do município, porque dependemos dela. A participação que desejamos é contribuir com ele na administração do município. Queremos estar, sim, no governo, ocupando espaços, sim, porque entendemos que podemos contribuir. Mas não exigimos nenhum cargo.”

Ainda em Vila Velha, o PPM-ES apoia dois candidatos a vereador: Sargento Julio (PP) e Sargento Bernardes (PL). O PP está na coligação de Arnaldinho, enquanto o PL é o partido de Ramalho.

Análise: enfraquece o discurso de Ramalho

A decisão e o apoio do PPM-ES a Arnaldinho têm um efeito certo e imediato: enfraquecem o discurso de Ramalho e sua estratégia de tentar colar no prefeito a pecha de “candidato da esquerda”. O presidente do PPM-ES tem o cuidado de dizer que a escolha foi técnica e que o movimento não é ideológico, tampouco “de direita”.

Mas é fato, conhecido por todos, que a grande maioria dos militares são muito mais simpáticos à direita que à esquerda. Também é notória a capilaridade do ex-presidente Jair Bolsonaro e da cartilha do bolsonarismo dentro de tais forças de segurança e associações de representação dos militares no estados.

Resposta de Ramalho

Diante das declarações do Tenente Fernandes, entramos imediatamente em contato com a assessoria de imprensa de Ramalho para registrar sua resposta (caso queira responder). Se o fizer, este texto será atualizado.

Quem mais o PPM-ES apoia nas outras cidades

Vitória: Sargento Roberto Caetano e Capitão Aloir Rocha para vereador; Capitão Assumção (PL) para prefeito. Indicaram a vice de Assumção, o soldado Mayra Marcarini (PL).

Cariacica: Euclério Sampaio (MDB) para prefeito; Tenente Assis (PP) e Soldado Lorena Nascimento para vereador.

Guarapari: Zé Preto (PP) para prefeito.

Serra: tinham um pré-acordo de apoio a Pablo Muribeca (Republicanos) para prefeito, com indicação do vice, mas isso está em revisão.

Colatina: Olmir Castiglioni para vereador.

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