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Coluna Vitor Vogas

A reforma do secretariado de Casagrande: as cinco substituições

Na coluna deste domingo (9), você encontra um apanhado das trocas: quem saiu, por que saiu, para onde foi (ou irá), quem entra em seu lugar e por que foi escolhido pelo governador, em cada um dos cinco casos

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Foto oficial do secretariado escalado para o início do terceiro governo de Renato Casagrande em janeiro de 2023 (formação original). Foto: Hélio Filho/Secom

Com a decisão de Gilson Daniel de não indicar nenhum quadro do Podemos para compor a equipe de governo, podemos afirmar: está finalizada a minirreforma do secretariado do governo de Renato Casagrande (PSB), iniciada em princípios de janeiro, logo após o governo adentrar a segunda metade do mandato. O prefixo se justifica. Foi uma reforma relativamente pequena. No total, dos 27 colaboradores com status de secretário de Estado, apenas cinco foram substituídos.

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Na coluna deste domingo (9), você encontra um apanhado das trocas: quem saiu, por que saiu, para onde foi (ou irá), quem entra em seu lugar e por que foi escolhido pelo governador, em cada um dos cinco casos, por ordem cronológica.

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Secretaria de Saúde (Sesa)

Orçamento: R$ 4,7 bilhões

Quem saiu: Miguel Duarte Couto Neto (sem partido)

Quem entrou: Tyago Hoffmann (PSB)

Miguel e Tyago

Miguel e Tyago

Por que Miguel saiu:

O Palácio Anchieta já queria substituir o administrador hospitalar, à frente da Sesa desde o começo do atual governo, em janeiro de 2023. A percepção interna era a de que, nos últimos dois anos, a pasta de maior orçamento do Estado ficou apagada.

Foi determinante o diagnóstico de que o secretário não comunicava devidamente as ações da Sesa e não liderava campanhas informativas. A gota d’água foi o surto de oropouche. Mesmo com todos os dados, a Sesa não tomou a dianteira para prestar esclarecimentos à população, por meio da imprensa e das redes sociais.

Por que Tyago entrou:

Por todo o exposto acima, o governo já queria mesmo dar um perfil mais “político” e comunicativo à Sesa, a fim de fazer chegar suas ações à população. Vale lembrar que estamos no terceiro ano do governo, o último antes da sucessão de Casagrande, e o Palácio Anchieta quer tirar capital político de todos os seus programas e entregas.

Ao mesmo tempo, o governador já queria “puxar Tyago de volta” para o secretariado, pois o deputado estadual é uma das apostas do PSB para a chapa de deputados federais no ano que vem. A escolha da pasta para ele foi a maior surpresa desta lista. Mas o governador o considera um curinga e um homem de confiança. É uma tentativa de casar a fome com a vontade de comer.

Para onde foi Miguel:

Agora, ele é gestor da Fundação iNOVA Capixaba.

Secretaria de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb)

Orçamento: R$ 402,9 milhões

Quem saiu: Marcus Vicente (PP)

Quem entrou: Marcos Soares (PP)

Marcus Vicente / Marcos Soares com Da Vitória

Marcus Vicente / Marcos Soares com Da Vitória

Por que Marcus Vicente saiu:

Típico caso de reacomodação das forças políticas e partidárias que compõem o governo. Ocupando a chefia da Sedurb há seis anos, desde o começo do governo passado de Casagrande, o vice-presidente da CBF não caiu por uma questão de desempenho. Indiretamente, sua queda foi um efeito retardado (com delay de quase dois anos) do fato de ele ter perdido a presidência estadual do PP para o deputado federal Josias da Vitória, em abril de 2023.

Vicente sempre fora o fiador do apoio do PP a Casagrande. Por seus muitos anos de parceria – que remontam ao primeiro governo do socialista –, o governador ainda o segurou no cargo o quanto pôde. Mas, para o projeto político-eleitoral liderado por ele, é importante a manutenção do PP em sua coligação. Sob a direção de Da Vitória, o partido vem se aproximando de adversários do Palácio. Tornou-se sócio do governo Pazolini em Vitória, por exemplo. Era preciso agradar ao novo cacique estadual.

Por que Marcos Soares entrou:

Basicamente, porque foi o indicado por Da Vitória. A explicação acima diz tudo. Num gesto eloquente, Casagrande deu a ele a indicação. Como retribuição, espera a permanência do PP em sua aliança nas eleições de 2026. Vale ressaltar que o novo secretário já estava na estrutura da Sedurb, como sub de Assuntos Administrativos. Foi promovido, então, de 02 a 01.

Para onde vai Marcus Vicente:

Seu futuro ainda é incerto. O ex-secretário chegou a ser sondado para assumir a Secretaria de Turismo, mas não se interessou. Agora, se for reacomodado no governo, será em cargo do segundo escalão. Ele é pré-candidato a deputado federal. Uma mudança de partido também não é descartada. MDB ou PDT são possíveis destinos, mas ele não se decidiu quanto a isso.

Secretaria de Desenvolvimento (Sedes)

Orçamento: R$ 90,9 milhões

Quem sairá: Ricardo Ferraço (MDB) entregará o cargo na próxima quarta-feira (12)

Quem entrará: Sérgio Vidigal (PDT) assumirá na mesma data

Vidigal, Casagrande e Ricardo Ferraço

Vidigal, Casagrande e Ricardo Ferraço

Por que Ricardo sai:

Deixemos o próprio governador falar, republicando suas palavras, em discurso na Assembleia, na última terça-feira (4):

“Convidei o vice-governador para contribuir de forma mais ampla no governo. […] Eu pedi ao Ricardo: vamos fazer uma mudança e você vem para ficar ao meu lado, para a gente poder ter mais uma pessoa que vai estar junto, fazendo todas as ações do Governo do Estado”.

Para as eleições de 2026, o vice-governador é o pré-candidato prioritário do governo Casagrande. Os dois farão de tudo para que Ricardo chegue à antessala do pleito (abril do ano que vem) competitivo. Deixar o comando da Sedes é parte do plano desenhado por eles. Sem os encargos de uma secretaria, o vice ficará à vontade, como já tem feito, para cuidar de política, construir a pré-candidatura, circular com Casagrande por toda parte e capitalizar as pautas positivas do governo.

Por que Vidigal entra:

O ex-prefeito da Serra é presença obrigatória em qualquer lista de cinco principais aliados políticos de Casagrande. É também um player importante na eleição de 2026, além de líder do PDT no Espírito Santo. O governador tem tratado Vidigal até como possível candidato à sua sucessão – ao lado de outros nomes e atrás de Ricardo Ferraço. Por isso, também interessa a ele manter Vidigal, agora sem mandato, integrado ao seu governo e em um cargo de visibilidade.

Casagrande convidou Vidigal para assumir uma secretaria em dezembro, mas ele inicialmente refutou. Depois voltou atrás e aceitou a oferta da Sedes. No anúncio, Ricardo também mencionou que a escolha é uma forma de prestigiar o empresariado da Serra, “locomotiva econômica do Espírito Santo”.

Para onde vai Ricardo:

Para lugar algum. Ou melhor, para toda parte, ao lado de Casagrande. E, talvez, para a cadeira de governador, em abril de 2026.

Secretaria de Turismo (Setur)

Orçamento: R$ 36,3 milhões

Quem saiu: Philipe Lemos (PDT)

Quem entrou: Victor Coelho (PSB)

Philipe e Victor

Philipe e Victor

Por que Philipe saiu:

Philipe substituiu Weverson Meireles, em dezembro de 2023. Ultimamente, havia muitas reclamações de prefeitos e do trade turístico de que as pautas do setor não estavam avançando. Casagrande vinha sendo pressionado para efetuar a troca.

Pesou também uma questão de “equilíbrio partidário”. Embora sem militância partidária, Philipe é filiado ao PDT. Chegou à Setur por indicação de Vidigal. O próprio ex-prefeito da Serra agora também será secretário. De quebra, o chefe da Casa Civil, Junior Abreu, também é pedetista e aliado histórico de Vidigal. Em 2019, começo do governo passado, virou secretário de Esportes também na cota do então prefeito da Serra. Os três no secretariado seriam “Vidigal e PDT demais”.

Por que Victor entrou:

Após governar Cachoeiro de Itapemirim por dois mandatos seguidos, de 2017 a 2024, o agora ex-prefeito está sem mandato. É uma das maiores apostas do PSB na eleição para a Câmara dos Deputados. Também se trata, portanto, de dar uma vitrine para ele.

Para onde vai Philipe:

Destino incerto. Fato é que Casagrande lhe ofereceu a Diretoria de Relações Institucionais da Cesan. Por sinal, o cargo era ocupado por Junior Abreu e está vago desde que ele assumiu a Casa Civil, em março de 2024. Philipe ainda não respondeu.

Secretaria de Recuperação do Rio Doce (Serd)

Quem saiu: Ricardo Iannotti (PSB)

Quem chegou: Guerino Balestrassi (MDB)

Iannotti e Guerino

Iannotti e Guerino

Por que Iannotti saiu:

Pouco conhecido, Iannotti é um filiado orgânico do PSB e antigo colaborador dos governos de Casagrande, em vários cargos do segundo escalão para baixo. A verdade é que ele foi uma solução provisória. Estava meio que guardando o lugar até a definição do chefe da secretaria criada no fim do ano passado para gerir os R$ 14,8 bilhões que o Espírito Santo receberá, nos próximos 20 anos, por conta do acordo de Mariana.

Por que Guerino entrou:

Mais um caso clássico de prestigiar e “chamar pra dentro” um aliado importante na próxima disputa eleitoral. Sem ter conseguido a reeleição em outubro passado, o ex-prefeito de Colatina ficou sem mandato em 1º de janeiro.

Obviamente, contou grandemente o fato de ele já ter governado três vezes um dos municípios capixabas mais afetados pelo desastre de Mariana. Sua escolha também é uma forma de prestigiar o MDB, grande partido da coalizão governista, que ficaria sem secretário com a saída de Ricardo da Sedes.

Para onde vai Iannotti:

Continuará colaborando em um cargo menor na mesma secretaria.