Coluna André Andrès
Vinho de 100 pontos: novo ícone chileno tem nota máxima
Vinho de 100 pontos é aquele considerado perfeito. Pela primeira vez, tinto produzido pelo enólogo Cristián Vallejo recebeu pontuação máxima.
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O enólogo Cristian Vallejo, da VIK: autor do novo ícone chileno. Foto: Divulgação
Há cerca de 10 anos, os convidados para uma noite de degustação no restaurante Ville Du Vin, na Praia do Canto, em Vitória, eram apresentados a um vinho com um projeto pretensioso: tornar-se um ícone chileno, comparável aos maiores rótulos de um país com uma produção tão vasta quanto rica em qualidades. O vinho era uma boa mescla de castas francesas. As pessoas saíram do jantar com uma certeza: havia um bom futuro ali. O tempo foi confirmando, pouco a pouco, a impressão inicial. Até a consagração, surgida há poucos dias: o VIK 2021 foi considerado um vinho de 100 pontos pelo crítico norte-americano James Suckling. Promovida pela Villa Porto, uma degustação da linha VIK vai acontecer nesta quarta-feira, dia 6, na mesma Praia do Canto de anos atrás. Será a celebração de um projeto de sucesso.
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James Suckling não economiza nos elogios ao vinho produzido por Cristian Vallejo, recentemente incluído numa lista dos 100 melhores enólogos do mundo. Ele define o VIK 2021 como um tinto “de grafite intenso com notas frescas de lavanda, tomilho, alecrim e groselha preta”. Para ele, trata-se da melhor safra já feita na vinícola. É um vinho de guarda. Segundo o crítico norte-americano, a garrafa atingirá seu ponto ideal a partir de 2029.
Como nasceu o vinho de 100 pontos
A Viña Vik é a concretização de um projeto internacional desenvolvido por um casal de bilionários noruegueses, Alexander e Carrie Vik. Vinte anos atrás, Eles já vinham investindo em enologia e hotelaria em várias partes do mundo, sempre com a preocupação de unir qualidade e beleza. Surgiu, então, a ideia de investir na América do Sul.

O tinto chileno VIK, projeto de um casal de noruegueses. foto: Divulgação
Alexander e Carrie reuniram enólogos, climatologistas, geólogos, viticultores e engenheiros agrônomos para realizar uma pesquisa. Em 2006, eles adquiriram 4,5 mil hectares no Chile, no Vale de Cachapoal. O local escolhido foi Millahue, chamado pelos mapuches (indígenas chilenos) de “Lugar do Ouro”. No mesmo ano, as primeiras videiras foram plantadas em apenas 327 hectares. Dali sairia o VIK.
A trajetória do VIK
A primeira safra foi produzida em 2010 e chegou ao mercado cinco anos depois. O VIK apresentado no Ville Du Vin era uma mescla de diversas uvas. Na época, houve um debate sobre o fato de algumas castas colaborarem com menos de 1% do blend. Na época, o vinho era uma mistura de Syrah, Merlot, Carménère, Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon. Hoje, é feito com apenas duas uvas: Cabernet Franc (77%) e Cabernet Sauvignon (23%).
Inicialmente, a produção se restringia ao VIK. Atualmente, a vinícola tem uma linha bem ampla, incluindo vinhos já bastante conhecidos, como o tinto Milla Calla. Um dos últimos lançamentos da vinícola é o La Piu Belle Champagne, produzido na França. Além da alta qualidade, o champagne se destaca pela extrema beleza da garrafa. Aliás, a arte sempre esteve presente nos projetos de Alexander e Carrie.

A vinícola VIK, resultado de um concurso de arquitetura, une beleza, modernidade e respeito ao meio ambiente.
O projeto da vinícola
A Viña Vik não é conhecida apenas qualidade de seus vinhos. Ela ocupa uma espaço arquitetônico belíssimo. Sempre é citada entre as mais belas vinícolas da América do Sul. A vinicola é resultado de um concurso de arquitetura, realizado em 2007. Smiljan Radic (em parceria com Loreto Lyon) foi escolhido como o principal arquiteto e designer da adega. Ela está encravada entre as montanhas, cercada por vales e tendo os Andes como cenário.
Vinho e vida: vinícola revelação do Chile nasceu de um desastre
O design do espaço inclui um teto transparente de tecido extensível. A luz natural permite o trabalho na adega sem o uso de lâmpadas elétricas. A entrada possui um enorme espelho d’água. A água percorre o espaço graças a uma leve inclinação e acaba ajudando a levar resfriamento ao local.
É, enfim, uma construção elegante, marcante, impactante. Digna de um ícone de 100 pontos.
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