Alexandre Brito
Crianças obedientes demais podem sofrer em silêncio
Em entrevista à BandNews FM, o psicólogo Alexandre Brito alerta que crianças muito quietas e comportadas podem maquiar um sofrimento interno
Em entrevista à BandNews FM Espírito Santo, o psicólogo Alexandre Brito trouxe um tema importante: as crianças que aparentam ser sempre comportadas, mas que podem carregar um sofrimento silencioso. Essas crianças, muitas vezes elogiadas por não “darem trabalho”, podem enfrentar dificuldades emocionais que nem sempre são fáceis de identificar.
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Alexandre explica que essas crianças, frequentemente vistas como exemplos de comportamento, podem estar lidando com problemas internos por não saberem ou não se sentirem à vontade para expressar seus sentimentos. “Elas tentam agradar a todos e se tornam incapazes de colocar seus desejos em primeiro lugar. Isso pode criar adultos com dificuldade em dizer ‘não'”, ressalta.
Esse comportamento pode ser reflexo de um medo de incomodar ou de ser visto como um peso pelos pais. Muitas vezes, essas crianças observam os desafios enfrentados pela família e optam por não expor suas próprias dificuldades. “Elas não querem ser mais um problema”, acrescenta Alexandre.
Sinais de alerta em casa e na escola
Na escola, essas crianças podem passar despercebidas, já que os educadores tendem a se concentrar mais em alunos que apresentam comportamentos desafiadores. No entanto, Brito ressalta que sinais físicos e comportamentais podem indicar sofrimento: “Comer unhas, arrancar fios de cabelo, isolamento social e até enurese são manifestações que merecem atenção.”
Ele também reforça que o comportamento bom não é necessariamente um sinal de saúde emocional. Crianças naturalmente têm energia, são criativas e expressivas. Quando há uma contenção excessiva ou adaptação constante às expectativas, é preciso investigar o motivo.
Como abordar crianças que sofrem em silêncio?
A psicoterapia é uma ferramenta eficaz para ajudar essas crianças a desenvolverem autonomia e aprenderem a expressar suas vontades. Alexandre explica que autonomia não significa fazer o que quiser, mas compreender e respeitar seus próprios desejos. “Perguntar o que ela gosta de brincar ou qual cheiro prefere pode abrir caminhos para conversas mais profundas, conectadas ao universo infantil”, sugere.
O psicólogo também destaca a importância do diálogo contínuo em casa e de um olhar atento por parte dos educadores. Nem sempre a origem do sofrimento está em situações graves, como abusos ou negligência. Pequenas mudanças no ambiente familiar, como o nascimento de um irmão, podem impactar emocionalmente a criança.
Fique atento aos sinais
Se não tratada, a dificuldade de expressar emoções pode acompanhar essas crianças na vida adulta. “Muitos se tornam adultos que priorizam sempre os outros, caem em relações abusivas ou sentem dificuldade em estabelecer limites”, alerta Alexandre. Ele reforça que buscar ajuda não é egoísmo e que o acompanhamento psicológico pode transformar esse cenário.
Crianças que parecem calmas demais podem estar enfrentando desafios internos. Prestar atenção aos detalhes, criar um espaço de acolhimento e, quando necessário, buscar a ajuda de um profissional, são passos fundamentais para garantir o bem-estar emocional.
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