Contar segredo de outra pessoa pode impactar relação e saúde emocional

Guardar segredo é importante

Em entrevista à BandNews FM Espírito Santo, o psicólogo Alexandre Brito abordou um tema que faz parte da vida de todos: os segredos. Ele analisou o papel dessa confidência nas relações interpessoais e no bem-estar emocional. Segundo Alexandre, os segredos podem proteger a intimidade, mas também se tornar fonte de sofrimento quando não gerenciados adequadamente.

Para Alexandre, quando alguém confia um segredo, espera responsabilidade e zelo. “A palavra confiar significa ter fé. Portanto, quem confidencia algo espera que a informação seja mantida em sigilo”, explica. Ele destacou que nem todos os aspectos da vida precisam ser expostos, pois a intimidade é um direito pessoal.

No entanto, é importante avaliar o contexto. Em sua experiência clínica, Alexandre percebe que compartilhar problemas com muitas pessoas pode aumentar a ansiedade. “Cada opinião recebida pode confundir ainda mais a pessoa, gerando dificuldade para lidar com a situação.” Ele sugere ponderar para quem, quando e se o segredo deve ser compartilhado.

Quando o segredo deixa de ser saudável

Embora ter segredos seja natural e, em muitos casos, saudável, Alexandre alerta para situações em que eles podem causar sofrimento. Isso ocorre especialmente quando o segredo nasce de medo ou opressão. “Se você guarda algo que te faz mal, como uma violência ou um trauma, esse segredo pode se tornar um fardo”, comenta.

Ele também alertou sobre o perigo de segredos usados para manipulação, como ocorre em casos de abuso infantil. “Muitas vezes, abusadores dizem às vítimas que o ato deve ser mantido em segredo. Isso transforma o segredo em uma forma de tortura emocional”, afirma.

Quando há sofrimento envolvido, buscar ajuda é fundamental. Segundo o psicólogo, falar com alguém de confiança ou com um profissional pode aliviar o peso de guardar algo prejudicial.

Confiança quebrada pode ser recuperada?

A quebra de confiança é outro aspecto delicado quando o tema é segredo. Alexandre enfatizou que confidências reveladas sem consentimento podem abalar seriamente os relacionamentos. “Trair um segredo é entregar algo que foi confiado de forma equivocada, o que pode resultar na ruptura da relação.”

Apesar disso, ele acredita que, em alguns casos, é possível reconstruir a confiança. “As pessoas erram e, às vezes, se arrependem. Avaliar cada caso é essencial para decidir entre perdão e rompimento.”

Por outro lado, segredos também podem aproximar pessoas. Quando alguém confia uma informação íntima a outra pessoa, cria-se um vínculo especial. “Dividir um segredo pode fortalecer a relação e gerar uma intimidade maior entre as partes”, explica Alexandre.

Alexandre Brito conclui que o segredo não deve ser encarado como algo essencialmente bom ou ruim. O que define seu impacto é o contexto e a forma como ele é tratado. Enquanto alguns segredos protegem a privacidade, outros podem se transformar em peso ou fonte de sofrimento.

Para lidar com segredos, ele sugere sempre refletir: é algo que protege minha intimidade ou que me faz mal? Essa resposta pode ajudar a decidir quando guardar e quando compartilhar.

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