TV Capixaba
Vício em apostas vira problema de saúde pública no país
O vício em apostas online se tornou um problema de saúde pública. Especialistas alertam para a necessidade de limites e tratamentos
O vício em apostas online é tratado como um problema de saúde pública, segundo o Ministério da Saúde, e está cada vez mais presente na rotina de empresas, onde funcionários buscam adiantamentos salariais para sustentar o hábito. Este cenário tem alarmado gestores e profissionais de saúde mental. O psicólogo e colunista Alexandre Brito, em entrevista ao EStúdio 360, explica que a dependência das apostas online compartilha aspectos com o vício em drogas e álcool, impactando fortemente a vida financeira, emocional e profissional de seus usuários.
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A população mais vulnerável, segundo o psicólogo, inclui jovens, homens e pessoas com histórico de problemas de saúde mental. O fácil acesso aos aplicativos de apostas agrava a situação, pois oferecem um sistema de recompensas rápidas que incentiva a continuidade do jogo. A dinâmica das apostas online tornou-se tão popular que hoje movimenta valores superiores aos da Bolsa de Valores e das loterias, o que demonstra a escala do problema.
Acesso facilitado e desafios com a educação financeira
Para Alexandre Brito, a questão vai além do vício individual: a falta de educação financeira e o fácil acesso a aplicativos de apostas formam uma combinação perigosa. Diferentemente de algumas décadas atrás, quando era necessário ir até um local físico para apostar, hoje basta um celular para entrar no mundo das apostas online. “Esse sistema de recompensa imediato aumenta a tentação, e muitos apostam não só para ganhar dinheiro, mas para aliviar angústias emocionais”, explica o psicólogo.
O psicólogo destaca ainda que a falta de educação financeira contribui para o ciclo de dependência. Em vez de avaliar o risco, muitos veem as apostas como uma solução rápida para problemas financeiros, mas acabam, na verdade, agravando suas dificuldades. Segundo ele, empresas do Espírito Santo relatam que alguns funcionários estão pedindo adiantamentos do 13º salário e até rescisões contratuais para apostar ou pagar dívidas de jogos.
Propaganda e regulamentação: desafios a serem enfrentados
A publicidade massiva das plataformas de apostas, com anúncios frequentes em redes sociais e até em jogos infantis, também contribui para a popularização da prática. Alexandre comenta que o marketing agressivo é um elemento importante a ser analisado, já que facilita o acesso e a atratividade dos jogos, inclusive entre crianças e adolescentes. O vício muitas vezes passa despercebido, pois muitos jogadores tendem a minimizar ou esconder o problema, especialmente se receiam que as respostas sinceras possam comprometer seu acesso aos jogos.
Em resposta ao aumento de casos, o Ministério da Saúde anunciou que os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) estão se preparando para receber pacientes com vício em apostas, fornecendo suporte psicológico e psiquiátrico. No entanto, Alexandre Brito reforça que medidas regulatórias são necessárias. Ele alerta que, em muitos casos, o indivíduo não consegue estabelecer limites e acaba apostando até mesmo valores essenciais para seu sustento, o que só aumenta a dependência.
Limites e o papel da saúde coletiva
O psicólogo Alexandre Brito ressalta que o vício em apostas online não é apenas um problema individual, mas também uma questão de saúde coletiva. Ele destaca que soluções efetivas devem ir além da responsabilidade pessoal, incorporando limites obrigatórios nos aplicativos, programas de conscientização financeira e apoio psicológico adequado. “Esse problema tem tomado proporções cada vez maiores, afetando as relações familiares, o desempenho no trabalho e a saúde mental das pessoas”, afirma.
Para o psicólogo, o vício em apostas online é um fenômeno complexo, e o aumento de casos exige respostas integradas da sociedade. Afinal, sem a regulamentação adequada e sem uma abordagem de saúde pública, o ciclo de dependência tende a crescer, impactando não só os indivíduos, mas também o ambiente familiar e corporativo.
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