Por que as castanheiras precisam ser tiradas das praias do ES?

O doutorando em biologia vegetal João Pedro Zanardo explica que o corte da castanheira na Praia das Castanheiras visa a recuperação da restinga e proteção ambiental na região. Foto: Fernanda Côgo

A recente remoção de uma castanheira na Praia das Castanheiras, localizada na Ilha do Frade, em Vitória, gerou grande repercussão. Essa árvore era a última de sua espécie na praia e fornecia sombra para banhistas, o que explica a indignação nas redes sociais. O corte foi realizado como parte de um projeto de recuperação ambiental da vegetação nativa de Restinga.

As castanheiras: uma espécie exótica nas praias brasileiras

A castanheira, embora vista frequentemente nas praias brasileiras, não é nativa do Brasil. Em entrevista ao EStúdio 360, o biólogo e doutorando em biologia vegetal João Pedro Zanardo, explica que essa árvore é uma espécie exótica invasora, o que significa que não faz parte dos ecossistemas naturais do país. Especula-se que sua origem seja a Índia, onde ela cresce em climas semelhantes ao litoral brasileiro, o que favoreceu sua adaptação às praias.

Por sua resistência e capacidade de adaptação, a castanheira desenvolve-se bem em áreas onde a vegetação nativa, como a Restinga. No entanto, a presença dessa árvore compromete o desenvolvimento da vegetação local, pois compete com as espécies nativas, prejudicando o equilíbrio ecológico.

Recuperação da restinga: um projeto em favor da vegetação nativa

Para compensar o impacto ambiental, foi iniciado um processo de recuperação da Restinga na Praia das Castanheiras. Esse tipo de vegetação é essencial para a preservação de áreas costeiras, pois ajuda na fixação do solo e impede o avanço do mar. Além disso, a Restinga serve de habitat para várias espécies nativas, colaborando com a biodiversidade local.

De acordo com o plano de restauração, a remoção de espécies exóticas é um passo necessário para o sucesso do projeto. Esse processo envolve o corte de espécies invasoras, como a castanheira, para permitir que a vegetação nativa retome o espaço. Em áreas urbanas como Vitória, a Restinga também cumpre a função de evitar a erosão do solo, contribuindo para a estabilidade das praias e a proteção das áreas costeiras.

Projeto de restauração e a opinião pública

Apesar da importância ecológica, a remoção da castanheira não foi bem aceita pela população. Muitos moradores frequentavam o local para aproveitar a sombra da árvore. Além disso, a Praia das Castanheiras recebeu esse nome devido à presença de castanheiras, o que intensificou a polêmica.

O biólogo João Pedro Zanardo explica que o plano de restauração considera fatores técnicos e ambientais, mas nem sempre inclui uma abordagem de sensibilização da população local. Ele defende a importância de projetos que envolvam a comunidade, tanto para educar quanto para mitigar reações negativas. Segundo Zanardo, a retirada da castanheira tinha um objetivo claro: possibilitar a recuperação do ecossistema da Restinga na região.

Participação comunitária e conservação ambiental

O corte de uma árvore com valor simbólico para a população indica a necessidade de diálogo entre especialistas e comunidade. Envolver a população nos processos de restauração ambiental e realizar ações de educação ambiental são medidas essenciais. Essas iniciativas podem tornar a comunidade mais consciente sobre a importância de preservar a vegetação nativa e o impacto das espécies exóticas.

A recuperação da Restinga na Praia das Castanheiras agora avança com a esperança de que a vegetação nativa se restabeleça. A participação da população nesse processo poderá fazer a diferença na preservação ambiental da região.

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