Dia do Advogado: a advocacia 4.0 e a qualificação profissional nos novos tempos

Advocacia. Foto: FreePik

A celebração do Dia do Advogado, comemorado em 11 de agosto, destaca a importância da profissão e da advocacia brasileira. Somos proporcionalmente o país com mais advogados no mundo – 1 para cada 145 brasileiros. A celebração da data é, ao mesmo tempo, um momento festivo e de reflexão, especialmente quando pensamos no que o mercado moderno espera de nós em termos de qualificação profissional.

Se temos quase 1,5 milhão de profissionais exercendo regularmente a advocacia, o desafio de nos diferenciarmos é gigantesco. Eu costumo dizer que, se antigamente o Direito bastava, hoje, para ser um bom advogado, só o Direito não é suficiente. Cada vez mais, os advogados precisam se qualificar em outras áreas complementares. Acredito que há mercado para todos os profissionais que inovam e acrescentam habilidades de empreendedores aos seus conhecimentos jurídicos. Não há outro caminho: a sociedade e o mercado demandam esse saber multidisciplinar.

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Hoje, não tem como pensar a advocacia sem tecnologia. Quando comecei, há 25 anos, o profissional se limitava, basicamente, ao contato físico. Agora, essa realidade é completamente diferente, e nós precisamos focar na tecnologia, aprender a usá-la e sair na frente. É a chamada advocacia 4.0, conceito que foca em incluir ferramentas tecnológicas e facilitar os processos. A inteligência artificial, por exemplo, vai nos permitir ganhos em produtividade e assertividade. Temos que aprender a dominá-la, não temê-la. Os caminhos mudam, mas a ética do advogado deve ser a mesma.

Nesse contexto de inovações tecnológicas e mudanças da profissão, preciso citar a experiência do projeto “Desvendando o Jogo”, uma iniciativa voltada sobretudo à jovem advocacia. A ideia é um bate-papo em escritórios reconhecidos, onde os jovens têm a oportunidade de ver de perto cases de sucesso da advocacia, conversar sobre empreendedorismo e adquirir dicas práticas de quem teve sucesso na profissão. O que se percebe nos encontros é que, apesar da boa formação dos profissionais, ainda é preciso avançar na qualificação dos nossos jovens.

Nesse sentido, a Escola Superior de Advocacia (ESA) da Ordem dos Advogados do Brasil pode ter um papel decisivo para o futuro dos jovens. Cursos de empreendedorismo poderiam trabalhar habilidades e aptidões que hoje são fundamentais, entre elas oratória e vocabulário, permitindo aos jovens profissionais encontrar o seu nicho de mercado. Um advogado tributarista não fala como um advogado criminalista, por exemplo. Existem técnicas para desenvolver essas habilidades e estratégias de venda que ajudariam os advogados a encontrarem o seu caminho. Outra sugestão é oferecer cursos de marketing digital, adaptados às regras de ética da profissão.

Enfim, temos um longo caminho a percorrer, só não podemos ficar pelo meio do caminho.

Feliz Dia a nós, advogados!

*Érica Neves é advogada há 25 anos, atuante na área empresarial. É também diretora da ABA-ES e associada ABMCJ-ES.

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