Coluna Valor em Foco
Israel e Irã: como essa guerra pode impactar a economia brasileira?
Artigo de Paloma Lopes analisa como a Guerra no Oriente médio e as falas de Donald Trump após G7 impactam a economia brasileira atual e futura
A guerra entre Israel e Irã já causou centenas de mortos e milhares de feridos, dentre eles diversos civis, além de grandes destruições.
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Na terça-feira, dia 17/06, o presidente americano, Donald Trump, exigiu “rendição incondicional” do Irã e utilizou a palavra “nós” dando a entender que os EUA podem aderir ao conflito. Com isso, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, ao se manifestar quarta-feira, dia 18/06, que tal intervenção norte americana desestabilizaria toda a região. Lembremos que em janeiro o Presidente Russo, Vladmir Putin, assinou um tratado de parceria estratégica com o Irã.
O que levou a guerra? O Irã tem sido acusado há mais de duas décadas de tentar desenvolver uma bomba nuclear, o que gerou tensões intermináveis no Oriente Médio. A existência de uma bomba e considerando o regime ditatorial dos aiatolás é o maior temor de Israel, dado que o país seria exterminado no caso se um ataque.
Vale ressaltar que em março de 2025, a Diretora de Inteligência Nacional dos Estados Unidos (EUA), Tulsi Gabbard, afirmou à Comissão de Inteligência do Senado estadunidense que o Irã não estava construindo armas nucleares.
Como signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, o Irã alega que enriquece urânio somente para gerar energia e que seu programa nuclear tem fins exclusivamente pacíficos. Já Israel não é signatário do tratado e possui armas nucleares.
Dada a impopularidade dos aiatolás, Israel entendeu que o regime está estremecido e que as sanções internacionais estão afetando a economia do Irã e viu uma oportunidade de ataque.
Analistas políticos ressaltam objetivo real dos EUA e Israel é destruir o programa nuclear iraniano, atingindo as centrífugas protegidas em montanhas e bunkers subterrâneos.
Essas guerras vão além de aspectos políticos, afetam os mercados globais e o Brasil também.
O Irã está localizado em um ponto estratégico do Golfo Persa. O país controla o Estreito de Ormuz, essencial para o comércio da região, ao lado do pequeno principado de Omã.
Aproximadamente um quarto do petróleo comercializado no mundo passa pelo Estreito de Ormuz, cujo material é extraído pela Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque.
Com as sanções internacionais o maior comprador do petróleo do Irã é a China. Sabe-se que o Estreito está sendo protegido por sua importância comercial, porém, vale a oferta e a demanda do petróleo, que quanto menor a oferta maior será o preço do petróleo.
O aumento no preço do petróleo se refletirá imediatamente nos postos de combustíveis brasileiros, e gerará um efeito cascata de itens que são importados do exterior e aumentando os preços nos supermercados, dado que somos extremamente dependentes do modal rodoviário.
A elevação de preços gera aceleração da inflação e consequentemente a taxa Selic, considerada o “remédio” tende a se manter alta, o que impacta diretamente na expectativa de queda do mercado.
Outro efeito é advindo do fato de o Irã ser o terceiro maior exportador de ureia do mundo, o que significa 10% da oferta global e, como o Brasil importa 100% da ureia que utiliza sendo destes 17% advindos do Irã, as safras de 2025/26 serão afetadas.
Percebe-se também uma elevação da procura pelo ouro, mesmo que o dólar tenha a credibilidade na economia mundial. Portanto, a variação cambial é possível mas não imediata, dado que nossa dependência de insumos importados geram as variações, além de uma pressão inflacionária constante.
Paloma Lopes, economista e assessora de investimentos da Valor Investimentos.
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