Passageiros do Transcol passarão por reconhecimento facial

Ônibus do Transcol. Foto: Hélio Filho/Secom

Para diminuir a insegurança e incrementar a elucidação de crimes, o Governo do Estado implantou câmeras de reconhecimento facial em 500 ônibus da frota do Transcol e fará o mesmo em 15 pontos de intensa circulação humana na Grande Vitória. Os dados serão repassados em tempo real para a plataforma de Inteligência Artificial (I.A.) do Cerco Inteligente.

O anúncio foi feito na manhã desta quarta-feira (18) ao lado de outro: nos próximos três meses, o governo vai instalar 40 totens – torres blindadas, de quatro metros de altura, que funcionarão como “postos policiais eletrônicos” –, em pontos de alta circulação de pessoas, comércio intenso e elevado índice de crimes contra a vida ou contra o patrimônio. O contrato para a instalação dos totens já foi firmado e será publicado na próxima segunda-feira (23).

“É um salto em termos de uso de tecnologia no nosso estado”, resume o governador Renato Casagrande (PSB), sobre as duas novidades tecnológicas para a segurança.

Os ônibus com reconhecimento facial

Por meio do Cerco Inteligente, o Governo do Estado comprou e trabalha com uma plataforma de I.A. Hoje, já existem, por exemplo, 310 localidades da Região Metropolitana com câmeras do Cerco Inteligente. Todas as informações capturadas por essas câmeras, como a leitura de placas de automóveis, por exemplo, são enviadas para essa plataforma do Cerco Inteligente (uma base de dados).

Segundo Casagrande, os dados coletados têm ajudado a Polícia Civil a elucidar crimes “que no passado eram impossíveis de ser elucidados”.

Em paralelo, o governo iniciou um projeto piloto de biometria facial, com a implantação de câmeras de reconhecimento facial em dois pontos de alta circulação. De acordo com o governador, desde o início da fase experimental, 155 pessoas, com condenação judicial pendente de cumprimento, foram presas nesses dois pontos, com auxílio do reconhecimento facial. “Como o projeto piloto mostrou-se exitoso, fizemos uma ampliação”, explica Casagrande, lembrando que, hoje, toda a população carcerária do Espírito Santo (cerca de 24 mil pessoas) tem biometria facial e digital.

O governo então decidiu expandir a iniciativa: “Agora, serão 500 ônibus com essa funcionalidade e outros 15 pontos da Região Metropolitana, com a Polícia Militar e a Polícia Civil preparadas para dar a pronta resposta”.

As câmeras de biometria facial ficarão no teto do interior dos coletivos, em 500 veículos escolhidos aleatoriamente pela Ceturb – o mesmo ônibus pode fazer mais de uma linha, e na mesma linha circula mais de um veículo. Há mais de 500 ônibus na frota do Transcol. Portanto, ao entrar num coletivo, o passageiro não saberá de antemão se aquele ônibus tem ou não a tecnologia.

“A Ceturb manda esses ônibus para qualquer linha. Então, em qualquer ônibus, haverá a possibilidade dessa captura”, diz Casagrande. As imagens de cada coletivo serão enviadas em tempo real, 24 horas por dia, para o banco central de dados do Cerco Inteligente, que absorve e processa todas as informações.

A expectativa do governo é que, além de inibir a prática de crimes dentro dos ônibus do Transcol, como assaltos e furtos (estes últimos têm aumentado), a nova tecnologia ajude as forças policiais na elucidação de crimes praticados.

Um exemplo: se uma pessoa tiver praticado um assalto num ônibus e alguém tiver feito o Boletim de Ocorrência, as forças de segurança poderão acessar instantaneamente as informações nessa base de dados, ou seja, os registros de biometria facial dos passageiros que ingressaram no coletivo no momento do crime. O criminoso terá muito mais chances de ser reconhecido e identificado pela polícia.

Totens: 40 “postos policiais eletrônicos”

“Os totens de segurança são, efetivamente, pontos de policiamento eletrônico”, define o secretário de Segurança, Leonardo Damasceno. “Será um posto policial eletrônico, um instrumento imponente”, completa.

A partir da próxima semana, começando pela Avenida Expedito Garcia, em Cariacica, 40 totens do tipo serão instalados em pontos estratégicos da Região Metropolitana da Grande Vitória (incluindo Guarapari). “A distribuição é baseada em evidências”, afirma o secretário. Os locais escolhidos têm grande circulação de pessoas, proximidade com centros comerciais relevantes e “desvios de indicadores” (taxas significativas de crimes patrimoniais ou contra a vida).

Cada totem é uma estrutura blindada de 4 metros de altura – o que levou o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) a usar a expressão “torre de segurança”. O “posto policial eletrônico” terá um giroflex no topo (como o de uma viatura), uma câmera de 360º com transmissão de imagens em tempo real, comunicadores de alta potência (voz e alerta), capazes de transmitir mensagens automáticas de campanhas e de emergência a até 100 metros de distância. Cada totem também terá um botão vermelho para que qualquer cidadão possa acionar diretamente o Ciodes (190), diretamente do local, em caso de emergência.

O objetivo, segundo Leonardo Damasceno, é aumentar a presença ostensiva e a resposta rápida das forças policiais em locais estratégicos, reduzir a criminalidade e aumentar a sensação de segurança.

A ideia foi inspirada – ou copiada mesmo – de experiências exitosas realizadas pelos governos de dois estados da Região Norte: Rondônia e Pará.

“Isso é presença policial. É presença do Estado e das forças de segurança. Isso é um posto policial eletrônico”, finaliza Damasceno.