Dia do Fico: Arnaldinho decide disputar a reeleição pelo Podemos

No sentido da leitura: o deputado estadual Alexandre Xambinho (Podemos), o prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos), o deputado federal Victor Linhalis (Podemos) e o presidente da Câmara de Vila Velha, Bruno Lorenzutti (MDB). Foto: Assessoria de Arnaldinho

Tem coisas que não precisam ser ditas. Esta sexta-feira (5) foi o “Dia do Fico” para o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo. Definitivamente, ele será candidato à reeleição pelo Podemos, partido ao qual pertence desde 2020 e presidido no Espírito Santo pelo deputado federal Gilson Daniel.

Mas foi um “Dia do Fico” diferente, silencioso. O prefeito não precisou dar nenhuma declaração pública. Não se sentiu na necessidade de dizer que ficará no Podemos porque simplesmente nunca declarou que pensava em sair – apesar de ter recebido diversos convites de outros partidos, como o União Brasil, o Republicanos e o Progressistas (PP).

Na verdade, Arnaldinho até o momento não declarou publicamente nem sequer que será candidato à reeleição. Nem mesmo na manhã desta sexta-feira (5), durante o ato de lançamento da chapa de candidatos a vereador do Podemos em Vila Velha, no escritório do partido, no bairro Jardim Colorado. Mas de novo: tem coisas que não precisam ser ditas.

A extensa coligação de Arnaldinho

A cena foi testemunhada por um colaborador da coluna. No dia 12 de março, durante a posse do novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCES), Davi Diniz, uma rodinha se formou lá no fundão, bem na entrada do lotado auditório. Alheios à sequência de discursos, o prefeito Arnaldinho Borgo, o vereador Osvaldo Maturano (agora no PRD) e um operador político do Republicanos em Vitória conversavam animadamente sobre o processo eleitoral.

Arnaldinho exibia aos demais, na tela de seu celular, planilhas com as listas dos candidatos a vereador de uma série de chapas que ele está ajudando a construir em Vila Velha. Em tom meio gabola, garantiu: “Eu sei quem vai se eleger e quem não vai se eleger”. O operador político-eleitoral do prefeito Lorenzo Pazolini em Vitória ficou embasbacado: Arnaldinho sabia dizer não só o nome, mas a ficha de cada um dos mais de 100 candidatos – característica que Pazolini, por exemplo, não possui, por não vir originalmente do universo político de Vitória e não assumir pessoalmente a tarefa da articulação e da montagem de chapas.

Nascido e criado na política canela-verde (seu pai foi político e ele mesmo foi assessor de políticos antes de se tornar vereador por dois mandatos e prefeito), Arnaldinho Borgo conhece, pela cara e pelo nome, cada líder comunitário, cada presidente de associação de moradores, cada peixe, do menor ao maior, que compõe o grande aquário político de Vila Velha.

É um traço do perfil do prefeito. Ele gosta de cuidar dessa parte, sempre gostou.

Por isso, Arnaldinho está ajudando pessoalmente quase uma dúzia de partidos aliados a costurar as respectivas chapas para a eleição parlamentar. Em Vila Velha, cada chapa completa precisará ter 22 candidatos, já que haverá 21 vagas em disputa, sendo pelo menos sete mulheres (em respeito à regra dos 30%).

Além do Podemos, os partidos sob a asa do prefeito somam 10, conforme a relação abaixo (com alguns dos respectivos presidentes estaduais):

• Agir
  MDB (Ricardo Ferraço)
  União Brasil (Felipe Rigoni)
  PRD (Marcelo Santos, por intermédio de Joelma Costalonga)
  Republicanos (Erick Musso)
  Novo (Iuri Aguiar)
  PSB (Alberto Gavini)
  PDT (Eduardo Vidigal)
  Partido da Mulher Brasileira – PMB
  Democracia Cristã – DC

E ainda é possível que outras legendas ingressem na aliança capitaneada por Arnaldinho.

O que significa, na prática, ajudar esses partidos a montar as suas chapas? É justamente auxiliar os respectivos dirigentes a completá-las. Determinado partido só tem 16 pré-candidatos. Consultado pelo dirigente, Arnaldinho indica para ele a meia-dúzia de pré-candidatos que faltavam para fechar a chapa – em geral, pessoas de sua confiança cujo interesse ele conhece e que também o procuraram antes pedindo ajuda para se encaixarem em algum partido. É isso.

Foco total nas entregas

Arnaldinho só passará mesmo a falar como pré-candidato à reeleição depois de 6 de julho – como fez, por exemplo, Renato Casagrande em sua campanha à reeleição em 2022. Segundo o calendário eleitoral, essa é a data a partir da qual os candidatos ficarão proibidos de comparecer a inaugurações de obras públicas, entre uma série de outras vedações. Na prática, vale como o ponto de virada da chave, do “modo prefeito” para o “modo candidato”.

Até lá, Arnaldinho pretende acelerar precisamente as inaugurações, visando rechear o portfólio de entregas que planeja apresentar à população de Vila Velha na campanha.

Ele espera, por exemplo, poder inaugurar pelo menos algumas das sete unidades de saúde em construção na cidade. Também espera poder ver encerradas as obras na Avenida Carlos Lindenbergh, de responsabilidade do Governo do Estado. Espera adiantar bem o Projeto Asfalto Novo, que prevê dezenas de quilômetros de ruas asfaltadas na cidade, além de parte da macrodrenagem do bairro Aribiri.

A Prefeitura de Vila Velha teve oito projetos estruturantes incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento 3 (PAC 3) do Governo Federal. Entre eles, o de cobertura dos canais que cortam a cidade. São obras a serem feitas com recursos federais e uma contrapartida do município, previstas para serem entregues só no próximo mandato. Mas o prefeito e sua equipe sonham em ver pelo menos parte delas iniciadas ainda neste ano.

A administração municipal acaba de entregar uma creche com 180 vagas no Centro de Vila Velha e o novo Parque da Prainha.

Antes de julho, não veremos Arnaldinho Borgo no modo reeleição.

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