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Coluna Vitor Vogas

“Não desistirei da candidatura”, diz Babá, após ter irmão assassinado

Irmão do policial José Maria Gagno, morto a tiros na noite dessa terça (7), é pré-candidato a prefeito de Vila Velha. Apresentamos aqui seu desabafo

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Reunião do Diretório do PT em Vila Velha, realziada no início de março. Da esquerda para a direita: Babá, Fabricio de Santana, Edinho Wilson, Jack Rocha e Cláudio Vereza

Sob o impacto do “crime sórdido”, como ele mesmo define, que levou a vida do irmão, o pré-candidato do PT à Prefeitura de Vila Velha, Babá, suspendeu todas as atividades de caráter eleitoral. O lançamento de sua pré-candidatura, inicialmente marcado para a próxima sexta-feira (10), foi adiado e ainda não tem nova data prevista. Ele assegura, porém: “Não vou desistir da pré-candidatura. A priori, a força e a garra vão continuar. Somos uma família que sempre acreditou na luta”.

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Na noite dessa terça-feira (7), o policial aposentado José Maria Gagno Intra, irmão mais novo de Babá, foi assassinado a tiros em um bar no bairro Balneário Ponta da Fruta. O crime foi cometido pelo próprio cunhado da vítima, Joberto Gil Cardoso. Preso e autuado em flagrante pela polícia, ele confessou o assassinato.

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Além de José Maria, Babá tem outros oito irmãos. A grande família cresceu unida, no bairro Vila Nova, na periferia de Vila Velha. Segundo o ex-vereador, separados por seis anos, ele (62) e José Maria (56) eram muito unidos.

“Perdemos um irmão amado, de uma convivência entre dez irmãos. Crescemos juntos em um conjunto habitacional no bairro Vila Nova, na periferia de Vila Velha. É uma família muito unida e solidária entre si. Convivemos em tudo, e um sempre lambeu as feridas dos outros.”

Babá conta que José Maria também era filiado ao PT e chegou a militar não só no partido como no movimento sindical da Polícia Civil do Espírito Santo.

“Fui eu que o levei para a primeira Romaria dos Homens. Fui eu que o levei para o movimento estudantil. Ele foi militante orgânico do PT por algum tempo, nos idos do governo de Vitor Buaiz e nas primeiras campanhas do Cláudio Vereza a deputado estadual. Também foi da diretoria do Sindipol. Participou da minha campanha a vereador em 2008”, relembra.

Babá reitera que não desistirá da postulação à Prefeitura de Vila Velha, mas explica que precisará de um tempo para viver o luto pela morte do irmão querido ao lado de seus familiares, etapa e ritual necessários para a superação da dor da perda:

“Suspendemos as atividades, temporariamente. Não estou reavaliando tudo. Mas, neste momento, como todos hão de entender, estou precisando refletir sobre esse luto, como humano que sou, como alguém que está com a carne cortada e com o coração sangrando. Todos nós precisamos disso, até para sermos humanos por completo”.

Em meio à tragédia que se abateu sobre a sua família, o ex-vereador procura manter a serenidade e uma compreensão transcendental para o que ocorreu, agarrando-se na fé:

“A vida é infinita em sua plenitude. São os mistérios que eu, como católico, entendo e acredito. Não tem como desvendá-los e nem precisamos nos meter muito em desvendá-los. A gente aceita que as coisas acontecem. A violência está aí. Tem gente morrendo nas guerras, nas enchentes do Rio Grande do Sul, a gente entende tudo isso. Ah, mas porque entendemos tudo isso então tá bom e vamos tocar a vida rapidinho? Não, não é assim. É um momento em que eu preciso cuidar da minha família, dos meus irmãos e sobrinhos, dizer a eles que eles têm o meu amor e solidariedade. É esse o meu chamamento no momento. Tenho que dizer a eles que estou presente, e precisamos estar juntos em oração e sofrimento.”

O pré-candidato ressalta a ironia de que, ontem mesmo, no dia do crime que ceifou a vida do irmão, ele teve uma boa reunião para tratar do planejamento da sua pré-campanha, agora momentaneamente suspensa.

“Ontem mesmo tive uma reunião maravilhosa! Mas agora não dá para discutir política, estratégia, planejamento. O PT, em respeito a mim, vai respeitar o meu tempo. O partido está sendo muito solidário e compreendendo que preciso passar por isso.”

Babá salienta que a morte do irmão não teve nenhuma motivação política.

“O crime não tem nada a ver com a minha candidatura. Foi um crime sórdido, de gente desumana. Meu irmão teve essa má sorte, essa infelicidade, de ter cruzado o caminho dessas pessoas. É necessário que eu tenha esse momento de reflexão, que a gente viva esse luto, pois a gente precisa viver esse luto. E, se Deus quiser, vou voltar com novo ânimo para as atividades políticas. Por ora, tudo ainda está gritando dentro da gente.”

Babá aponta sua cunhada, mulher de José Maria Intra Gagno, como principal suspeita de ter sido a autora intelectual do assassinato, executado pelo irmão dela. Segundo Babá, ela teria planejado o crime para ficar com a pensão de José Maria, policial civil aposentado. O ex-vereador afirma que essa é uma das linhas de investigação seguidas pela Polícia Civil. A assessoria da Secretaria de Estado da Segurança Pública não confirma isso oficialmente.


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