Ufes: Ethel Maciel defende a elaboração de políticas públicas

Escolhida pela comunidade acadêmica e também pelo colégio eleitoral da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) para assumir a reitoria da instituição de 2020 a 2024, a atual vice-reitora Ethel Maciel agora planeja os primeiros passos da sua futura gestão. Nesta segunda-feira (12), a lista tríplice com os três nomes indicados ao cargo — e liderada por Ethel — será enviada ao MEC (Ministério da Educação) para nomeação pelo presidente Jair Bolsonaro. A nomeação deve ocorrer até meados de janeiro, 60 dias antes do fim do mandato do atual reitor, Reinaldo Centoducatte, que termina em 14 de março. Primeira mulher eleita para o cargo, Ethel fala do processo eleitoral, da expectativa para a nomeação e das pautas que vão nortear sua gestão.

Qual o balanço que você faz desse processo eleitoral?
Neste ano, a universidade fez a opção de ter uma consulta informal não vinculada à composição da lista tríplice, o que permitia que o vencedor na urnas não necessariamente fosse homologado pelo colégio eleitoral. Nos anos anteriores, quem perdia na consulta não “entrava” no colégio eleitoral para a formação da lista tríplice. E a lista era composta apenas por candidatos do projeto vencedor nas urnas. Esse é um consenso da democracia universitária que vinha sendo praticado. E, até então, nunca houve dificuldade de entendimento de que o primeiro colocado na lista seria nomeado. Hoje, diante dos casos de nomeações de outros nomes da lista, nos perguntamos porque não lutamos, antes, pela mudança na lei que para garantir que o indicado seja nomeado. Isso acabou levando insegurança para as universidades. Mas nossa expectativa é muito positiva, porque todo o processo foi feito dentro dentro da lei e fui eleita com 67% dos votos na consulta e 26 votos no colégio eleitoral.

Qual a importância de temos a primeira mulher à frente da reitoria da Ufes?
É uma grande vitória e uma enorme responsabilidade. No estado, as mulheres têm pouquíssima representatividade nos órgãos públicos, mesmo sendo maioria na população. Esse é um recado importante que a sociedade está dando a respeito do que queremos: mais igualdade e respeito.

Fale das principais pautas que vão nortear sua gestão.
Queremos promover uma maior interseção da Ufes com a sociedade para que possamos mostrar mais o que estamos fazendo, ter um diálogo maior com a cadeia produtiva e também mais participação na elaboração de políticas públicas. Temos feito um ensaio importante por meio de convênios com prefeituras para auxiliarmos na elaboração de projetos para captação de recursos, por exemplo, e nosso objetivo é auxiliar cada vez mais onde temos expertise, trazendo melhorias para a população capixaba.

Como deve ficar o orçamento da Ufes no ano que vem?
Vamos continuar trabalhando a eficiência dos gastos, dando ainda mais transparência ao uso dos nossos recursos para a comunidade interna e externa. Precisamos aumentar a captação de recursos de outras fontes. Mas as universidades enfrentam um problema que é o orçamento limitado. Temos um teto de gastos que na prática não nos permite captar se não tivermos orçamento para executar. A ideia é trabalhar essa questão também com o legislativo para que possamos melhorar nossas leis e permitir maior captação de recursos pelas universidades.

Com relação à segurança dentro da Ufes, há algum projeto de melhoria?
Estamos completando um ano de convênio com a polícia militar, que trouxe os militares da reserva para atuar nos campi. Vamos fazer uma avaliação desse modelo, voltar a ouvir a comunidade acadêmica sobre esse trabalho e ver o que podemos fazer para melhorar. O convênio tem sido muito bem aceito em alguns campi, mas em outros nem tanto. Talvez possamos fazer um sistema misto, com vigilância particular e PM, mas isso será primeiramente discutido com a comunidade.