Dia a dia
Médicos temem caos em hospitais de Vila Velha e S. Mateus
O sindicato diz que há falta de ortopedistas nos hospitais Antônio Bezerra de Farias e Roberto Silvares
A redução no número de médicos em dois hospitais públicos pode causar um caos no atendimento à população, principalmente no caso de pacientes necessitados de atendimento relacionado a trauma, prestado por ortopedistas. A situação pode se agravar com a chegada do período de Carnaval. Os hospitais sob esse risco são o Antonio Bezerra de Farias, em Vila Velha, e o Roberto Silvares, em São Mateus.
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A previsão de problemas graves no atendimento foi feita pelo presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), Otto Baptista. O quadro se agravou após a saída da Cooperativa dos Ortopedistas e Traumatologistas do Espírito Santo (Cootes) do atendimento nos dois hospitais.
O Simes afirma que a troca no contrato de prestação de serviços reduziu o número de profissionais. O sindicato também aponta para uma queda na qualidade dos novos profissionais chamados para atuar nos hospitais.
“O serviço vinha sendo feito pela cooperativa com ortopedistas com formação, especialistas e formados em residência médica. Agora temos visto o governo abrindo mão da qualidade, trazendo médicos de fora. Não sabemos quem são. Temos dois ou três profissionais para atender uma demanda que deveria ser atendida por até 10 médicos em cada plantão. Isso é grave e a população precisa saber disso”, destacou Baptista.
Para o presidente do sindicato, além da queda na qualidade dos serviços de urgência e emergência, outro problema pode ser a desassistência que pode ocorrer durante o período do Carnaval.
“É caótica a situação. O Carnaval vem aí, sabemos que os acidentes acontecem com lesões e a gente está preocupado sabendo que os hospitais não têm equipe de plantão para atender a demanda de ortopedia”.
Entenda o caso
Uma série de discordâncias em relação às condições de trabalho e também quanto aos valores pagos aos médicos levou a um impasse entre a cooperativa e a iNOVA, fundação criada pelo governo do estado para administração de hospitais da rede pública.
O impasse levou ao rompimento de contrato há cerca de 10 dias. Desde então, segundo a direção da cooperativa, o número de médicos colocados à disposição do Antônio Bezerra de Faria e Roberto Silvares caiu. No ano passado, só o hospital Antônio Bezerra de Faria atendeu 25,5 mil pacientes, média de 70 por dia. A maior parte deles procura o setor de ortopedia do hospital, exatamente aquele com o atendimento mais prejudicado neste momento.
Segundo a direção da cooperativa, antes do rompimento do contrato, 60 médicos cuidavam do atendimento na unidade, em um sistema de rodízio. Isso assegurava, em média, 10 profissionais por dia atuando no hospital. Eles eram responsáveis por atendimentos de urgência e pelas cirurgias. Após o rompimento do contrato, o número de médicos teria caído para dois.
O que diz a Sesa
A Secretaria da Saúde (Sesa) informa que, devido a decisão unilateral por parte da cooperativa prestadora dos serviços especializados de ortopedia e traumatologia no Hospital Estadual Roberto Arnizaut Silvares (HRAS) de interromper os serviços, a gestão do hospital precisou realizar a contratação emergencial de nova prestadora para manutenção dos serviços. Informa, ainda, que a unidade está atuando para minimizar os impactos dessa transição, garantindo a assistência aos pacientes. Necessidades de transferências para outras unidades são avaliadas de acordo com o quadro clínico do paciente.
O que diz o Ministério Público do Espírito Santo
O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Cível de Vitória, informa que, por meio de Procedimento Extrajudicial, fiscaliza e acompanha a prestação dos serviços de Ortopedia prestados pelo SUS nos estabelecimentos de saúde próprios e contratualizados no âmbito de todo o Estado do Espírito Santo. Reuniões vêm sendo realizadas com a direção dos hospitais que são referências para o serviço de Ortopedia e com a Secretaria de Estado da Saúde (SESA). Caso sejam constatadas situações de desassistência, o MPES adotará as providências cabíveis e previstas em lei. A Promotoria de Justiça da Saúde tem realizado reuniões com a SESA e os hospitais, e representantes do Bezerra tem participando desses encontros.
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