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Jovem morto por PMs: “Sabiam que não daria em nada”

Três policiais estão presos após vídeo mostrar adolescente sendo jogado na água; caso expõe falhas e reacende debate sobre câmeras corporais

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A mãe do adolescente, Leicester Ladário, cobrar a responsabilização dos três policiais militares presos pelo crime

A mãe do adolescente, Leicester Ladário, cobrar a responsabilização dos três policiais militares presos pelo crime. Foto: Reprodução

A morte de Kaylan Ladário dos Santos, de 17 anos, voltou a ganhar repercussão nesta segunda-feira (9), após a mãe do adolescente, Leicester Ladário, cobrar a responsabilização dos três policiais militares presos pelo crime. O caso aconteceu na madrugada de 18 de fevereiro, na Segunda Ponte, que liga Vila Velha, Cariacica e Vitória.

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“Eles fizeram isso na certeza de que não daria em nada. Espero que sejam condenados, senão vai parecer que qualquer um pode fazer o que quiser”, afirmou a mãe em entrevista, abalada com o andamento do caso.

Vídeo mostra momento em que jovem é lançado na água

No fim de semana, o sigilo do processo foi retirado e um vídeo anexado ao inquérito foi divulgado. As imagens mostram uma viatura parada na ponte e, logo em seguida, um corpo sendo lançado na água. Segundo o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), trata-se de Kaylan, que aparece se debatendo antes de desaparecer.

O adolescente havia sido detido horas antes em Cariacica e encaminhado à Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei (Deacle). Embora houvesse um mandado de apreensão vencido contra ele, Kaylan foi liberado sem a presença de um responsável legal — o que contraria o procedimento previsto em lei.

PMs presos e investigados por homicídio qualificado

Estão presos o cabo Franklin Castão Pereira e os soldados Luan Eduardo Pompermaier Silva e Leonardo Gonçalves Machado. Eles são investigados por homicídio qualificado e estão detidos no Presídio Militar, à disposição da Justiça.

De acordo com o secretário de Segurança Pública, Leonardo Damasceno, os policiais agiram de forma irregular ao liberarem o adolescente sem acompanhamento. “A legislação exige que ele seja entregue a um responsável legal. O Estado tem o dever de proteger esse menor”, afirmou.

Inicialmente, os militares alegaram que Kaylan pediu para ser deixado na ponte. Após a divulgação do vídeo, permaneceram em silêncio durante os depoimentos.

Medo, desconfiança e consequências

A mãe contesta a versão dos policiais. “É mentira. Primeiro disseram que ele fugiu. Meu filho não sabia nadar e foi jogado na água. Não confio mais na polícia. Tenho crise de pânico quando vejo uma viatura”, disse.

O secretário Leonardo Damasceno afirmou que, se condenados, os PMs serão excluídos da corporação. “A instituição não compactua com esse tipo de conduta”, reforçou.

Caso reacende debate sobre câmeras corporais

O episódio reacendeu o debate sobre o uso de câmeras corporais por policiais no Espírito Santo. O projeto ainda não foi implementado de forma ampla, embora esteja em fase final de preparação. Segundo Damasceno, cerca de 230 câmeras estão em teste. “Queremos que seja implantado o quanto antes. Quem age na legalidade não teme fiscalização”.

A investigação segue em curso. A defesa dos acusados não foi localizada até a publicação. O espaço segue aberto para manifestação.

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