Dia a dia
Delação de ex-PM: veja como foi o assassinato de Marielle Franco
Élcio de Queiroz disse que Ronnie Lessa já monitorava a vereadora desde 2017 e ainda explicou a participação de outros envolvidos no crime
O ex-PM Élcio de Queiroz forneceu detalhes sobre o atentado contra a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes em 2018. O depoimento veio após um acordo de delação premiada com a Polícia Federal e o Ministério Público do Rio de Janeiro. O acusado falou sobre outra tentativa de assassinato da vereadora, além de dar detalhes do dia do crime. As informações são do G1.
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Élcio delatou que na virada do ano de 2016 para 2017, Ronnie Lessa, outro acusado pelo crime, contou para ele que estava planejando um atentado “para pegar a mulher que estavam monitorando há alguns meses”, mas sem falar o nome da vereadora.
Segundo Élcio, Lessa ainda contou que, juntamente com um PM identificado como Edmilson, chegou a tentar matá-la em 2017. Mas eles tiveram problema com o carro dirigido por Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, outro envolvido no crime. Lessa disse que acreditava que, na realidade, Suel havia inventado a falha mecânica para desistir do crime. Suel foi preso na manhã desta segunda-feira, dia 24, por envolvimento no assassinato da vereadora, efetivamente ocorrido em 2018.
Antes do crime
Élcio relatou que ao meio-dia do dia 14 de março de 2018, estava trabalhando na loja de móveis quando Ronnie Lessa enviou uma mensagem pedindo a localização em que estava. Lessa também solicitou um trabalho: queria que Élcio dirigisse um veículo para ele. Lessa também teria enviado foto de algumas mulheres, mas Élcio não conseguiu visualizá-la, pois o tempo de exibição das imagens havia expirado.
Já por volta das 16 horas, Élcio teria recebido outra mensagem de Lessa. Desta vez, ele pedindo para que o encontrasse no condomínio na Barra da Tijuca, onde residia, para que evitasse o horário de pico de trânsito no Rio.
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O delator também contou que às 17 horas, quando chegou no condomínio, deixou o carro na garagem de Lessa e acompanhou-o até um ponto próximo ao condomínio, onde outro veículo os aguardava. Élcio lembrou também que deixou seu telefone no carro de Lessa a pedido dele.
Élcio dirigiu o carro, enquanto Lessa ficou no banco do carona. De acordo com o relato, Lessa colocou um casaco preto e tirou uma submetralhadora da bolsa, instalou um silenciador e colocou uma touca. Lessa contou que estavam indo ao encontro de Marielle Franco e que era para resolver uma questão pessoal.
Logo em seguida, Marielle chegou ao local onde se encontravam, e Élcio relatou que ela não foi atacada ali porque havia muitas pessoas na rua.
Crime
Eles esperaram por um bom tempo. Quando a vereadora saiu do local em que estava, por volta das 21 horas, Élcio e Ronnie Lessa começaram a seguir o carro de Marielle. Entretanto, ficaram desconfiados de que um outro carro, que também estava próximo ao veículo da vereadora, seria da polícia. Lessa orientou Élcio a continuar seguindo o carro da vereadora. Ele afirmou que sabia de um bar onde ela costumava ir e deveria estar indo para lá.
No caminho, quando o segundo carro diminuiu a velocidade, Lessa pediu que Élcio alinhasse o veículo ao lado do automóvel onde estava Marielle. Ele, então, realizou os disparos. Na delação, Élcio conta que ouviu uma rajada de tiros e sentiu cápsulas caindo ao redor.
Fuga
Após cometer o crime, eles decidiram fugir para a casa da mãe de Ronnie Lessa, localizada no Méier. De lá, pegaram um táxi em direção à Barra da Tijuca. A cooperativa de táxi confirmou que o pedido foi feito pelo irmão de Lessa, às 21h48.
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Na Barra da Tijuca, o destino era um bar, onde encontraram Maxwell, o Suel. Nesse momento, as notícias sobre a morte da vereadora já circulavam na imprensa, e Maxwell estava ciente de que eles eram os responsáveis. No bar, permaneceram juntos, Maxwell, Ronnie Lessa e Élcio, bebendo e conversando até às 3 horas da madrugada.
Dia seguinte
Conforme relatado por Élcio em sua delação, ele e Ronnie Lessa se encontraram com Maxwell no Méier para se livrar do veículo utilizado no assassinato. Antes de descartá-lo, verificaram o carro e encontraram cápsulas e resquícios do crime, que foram descartados.
Em seguida, Maxwell alterou a placa do veículo e o conduziu até Rocha Miranda, onde seria abandonado por uma quarta pessoa, identificada como Edmilson Barbosa dos Santos, também conhecido como “Orelha”.
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