fbpx

Coluna Vitor Vogas

Vandinho quer ver Ricardo Ferraço na disputa ao governo do ES

Presidente estadual do PSDB também busca incentivar Léo de Castro, cita Juninho como possível candidato a senador ou vice, aprova a desistência de Doria e opina que partido não deve lançar outro nome à Presidência

Publicado

em

Vandinho Leite – Foto: Elen Campanharo

O presidente estadual do PSDB, Vandinho Leite, afirma-o como um fato: “O PSDB vai ter candidatura majoritária no Espírito Santo”. Tradução inicial: candidato a senador ou a vice-governador. Esse inclusive será o fator determinante na escolha do candidato a governador que terá o apoio do partido: “O PSDB estará onde tiver espaço na majoritária. É uma condição nossa”, diz Vandinho.

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

Até aí não há propriamente novidade. Como ressalta o próprio deputado, “o mercado político como um todo” no Estado já está ciente dessa condição. A novidade é o que vem logo depois. Segundo Vandinho, a candidatura majoritária do PSDB no Espírito Santo pode ser, na verdade, a governador: “Eu gostaria que o PSDB tivesse candidato ao governo. Acho interessantíssima essa tese”.

Receba as notícias da coluna no grupo de Whatsapp do Vítor Vogas.

Ainda mais surpreendente é o nome cogitado por Vandinho para assumir essa candidatura: ninguém menos que o ex-senador Ricardo Ferraço:

“Eu até acho que o Ricardo poderia ser um candidato importante a governador. Não sei se ele topa isso. A ideia está bem embrionária. Tem que estar no coração dele.”

A princípio, Ricardo é guardado pelo PSDB como um trunfo nas negociações partidárias, para ocupar uma daquelas duas posições citadas no início: candidato a senador ou a vice-governador na chapa de terceiros. Mas, na avaliação do presidente estadual do partido, o ex-senador – que voltou ao PSDB em março – é um nome mais que viável na corrida ao Palácio Anchieta: “Eu acho. Numa eleição com seis ou sete candidatos, quem tiver 18%, 20% dos votos vai para o 2º turno”.

Como possível candidato a senador ou vice pelo PSDB – hoje na base parlamentar do governo Casagrande (PSB) –, Vandinho também elenca o ex-prefeito de Cariacica Juninho, filiado ao Cidadania. Cumpre lembrar que as duas agremiações formaram uma federação, ou seja, virão para essas eleições unidas, como se fossem um só partido, e assim deverão se manter pelos próximos quatro anos.

Outro curinga que Vandinho tem buscado incentivar a disputar o pleito é o ex-presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) Léo de Castro, recém-filiado ao PSDB após sair do MDB. De acordo com o dirigente tucano, o empresário, correndo por fora, também poderia figurar em uma chapa majoritária: “Ele continua dizendo que está sem pretensão [eleitoral]. Mas eu não sei se está tão sem pretensão assim. Então é outro nome que a gente deixa à disposição”.

Quanto à disputa presidencial, comentando a decisão do ex-governador de São Paulo João Doria, anunciada na última segunda-feira (23), de retirar sua pré-candidatura, Vandinho opina que a atitude foi correta. Negando a tese de sabotagem, fritura e traições internas no partido, o deputado avalia que o recuo de Doria se deu puramente por pragmatismo: a candidatura não era viável, não se mostrava competitiva nas pesquisas eleitorais.

Agora, seguindo o posicionamento do presidente nacional do tucanato, o ex-deputado federal Bruno Araújo, Vandinho considera que o PSDB deve buscar apoiar uma candidatura única que represente a frente formada pelo partido com o Cidadania e o MDB e, de preferência, que venha de uma dessas outras siglas – o nome posto hoje é o da senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Mesmo evitando falar em traição, Vandinho alerta, tal como Araújo, que insistir na tese de lançamento de outro candidato tucano (como vem fazendo o grupo de Aécio Neves), além de ficar “meio estranho”, pode apenas atender ao objetivo de quem na verdade deseja “implodir a terceira via” por dentro.

Confira abaixo o nosso pingue-pongue completo com o deputado Vandinho Leite:

Na eleição ao governo estadual, quem é que o PSDB tende a apoiar neste momento?

Indefinido. O que tenho dito é que o PSDB está dialogando com várias forças. Tem alguns candidatos ao governo do Estado que têm teses semelhantes ao que a gente pensa. Vamos continuar esse diálogo. Não temos nenhuma ansiedade para decidir com antecedência. E o PSDB estará no palanque em que estiver melhor encaixado.

O senhor confirma que o PSDB faz questão de ter um candidato na eleição majoritária, seja a senador, seja a vice-governador, e que esse inclusive será um fator determinante na escolha do candidato a governador que terá o apoio do partido?

O PSDB vai ter candidatura majoritária no Espírito Santo. Nós já decidimos isso na Executiva Estadual e também em comum acordo com a Executiva Nacional. Com quem e como? Nós ainda temos muito tempo para debater.

Então a definição do candidato ao governo que o PSDB vai apoiar está condicionada à abertura desse espaço para a candidatura majoritária pleiteada pelo partido? O PSDB vai apoiar quem garantir ao partido esse espaço?

O mercado político como um todo e quase todos os candidatos já sabem que o PSDB estará onde tiver espaço na majoritária. É uma condição nossa. Agora, nós não estamos brigando para estar no palanque de ninguém. O que vai ser necessário e determinante é em qual palanque o PSDB estará melhor encaixado, tendo suas teses preservadas nessa aliança. É isso.

O senhor cogita levar o PSDB estadual a apoiar a candidatura do presidente da Assembleia, Erick Musso, até em função da sua proximidade política e do seu bom relacionamento pessoal com ele?

O Erick é um amigo. O debate com o Republicanos também está posto de forma muito clara. É claro que temos um leque amplo de diálogo a ser feito com o Erick e com outros candidatos que estão postos. O que é certo é que não vamos com o PT, em hipótese alguma, se o PT tiver candidatura ao governo do Espírito Santo. Com os partidos de extrema esquerda, com certeza não estaremos. Agora, todas as outras possibilidades estão em jogo, inclusive a de apoiar o Erick, que é um amigo.

E quanto a Audifax? O senhor tem mesmo se aproximado politicamente do ex-prefeito da Serra?

Tenho conversado com o ex-prefeito. Ele dialoga com muita gente do partido e também da federação, tanto do PSDB como do Cidadania. Tem o respeito de todos. Não tem nenhum veto nosso. Vamos continuar dialogando com ele, para verificar se é possível avançar ou não.

Vocês também cogitam apoio eleitoral a ele?

É um dos possíveis nomes com quem estamos conversando.

Mesmo com a questão da federação da Rede com o Psol? O senhor disse que descarta aliança com partidos de extrema esquerda…

Conversei isso claramente com Audifax e conheço o Audifax da Serra. O Audifax é pragmático. Ele não é um político de extrema esquerda. Isso me dá a tranquilidade de dialogar com ele e entender que extremistas não farão parte de seu governo caso ele vença a eleição.

Mas a presença do Psol na coligação e eventualmente até no palanque dele não elimina Audifax?

Não elimina. Traz um certo constrangimento, mas não elimina.

O senhor enfatizou que o PSDB terá candidatura majoritária. Objetivamente, quais são os nomes que o partido tem e já está apresentando nessas discussões sobre possíveis alianças?

Nós estamos conversando mais sobre teses e formatos do que sobre nomes. Mas nós temos nomes tanto no PSDB como no Cidadania que estão à disposição, como é o caso do ex-senador Ricardo Ferraço e do ex-prefeito de Cariacica Juninho, que é do Cidadania. Vou citar esses dois.

Juninho pode ser candidato a quê?

Juninho pode ser um candidato ao Senado. Pode ser um candidato a vice.

O mesmo vale para Ricardo? Joga nas duas também?

Eu até acho que o Ricardo poderia ser um candidato importante a governador. Não sei se ele topa isso. A ideia está bem embrionária. Tem que estar no coração dele.

Existe de fato essa conversa? O senhor já falou com Ricardo sobre isso?

Já. Já fiz essa sondagem. O Ricardo conversa pouco, né? O Ricardo age muito e conversa pouco. Não fala nem que sim nem que não. Mas eu acho que ele poderia ser um nome inclusive ao governo.

O senhor gostaria de lançar Ricardo Ferraço a governador do Espírito Santo?

Eu gostaria que o PSDB tivesse candidato ao governo. Acho interessantíssima essa tese. Principalmente esses dois players que eu citei, até porque os outros players que temos no partido já estão nas nossas chapas de deputado federal ou deputado estadual e não podemos utilizá-los para não atrapalhar as chapas proporcionais.

O senhor acha que uma candidatura de Ricardo ao governo tem espaço e viabilidade?

Eu acho. Numa eleição com seis ou sete candidatos, quem tiver 18%, 20% dos votos vai para o 2º turno.

E quanto a Léo de Castro?

Também.

Há alguma perspectiva de candidatura para o ex-presidente da Findes ou ele só se filiou ao PSDB para estar no partido?

No primeiro momento, a entrada do Léo foi realmente sem muita pretensão. Depois eu fui conversando com ele em alguns outros momentos. Ele continua dizendo que está sem pretensão. Mas eu não sei se está tão sem pretensão assim. Então é outro nome que a gente deixa à disposição.

O senhor crê que, intimamente, ele tem essa vontade? “Está no coração dele”?

Acho que intimamente pode estar no coração dele, mas ele não está verbalizando.

Mas o senhor gostaria e está buscando animá-lo a concorrer?

É um excelente nome e é um player que também não faz parte de nossas chapas proporcionais e poderia colaborar também numa chapa majoritária.

Poderia constar em uma chapa majoritária, correndo por fora?

Poderia.

Na sua avaliação, com a desistência de João Doria em concorrer à Presidência, qual deve ser o caminho seguido pelo PSDB na disputa presidencial?

Tenho um alinhamento muito grande com a Executiva Nacional. O Bruno Araújo é um líder extremamente habilidoso. Nacionalmente, com certeza faço parte desse grupo liderado pelo Bruno. Acho que a decisão do ex-governador João Doria foi acertada. Não havia uma unidade em torno dos partidos que pregam uma via alternativa ou uma terceira via. Então acho que foi uma decisão correta. Agora tem um debate amplo. Tem gente no PSDB que defende que o partido mesmo assim continue com candidatura própria. E há gente no partido, inclusive o presidente Bruno, e eu concordo com ele, defendendo que, se tem uma aliança entre três partidos, é necessário discutir de forma conjunta, visto que, no meu entender, não faz muito sentido ter uma candidatura isolada.

O seu posicionamento é o mesmo do Bruno Araújo? O senhor defende uma candidatura única dessa frente que reúne PSDB, Cidadania e MDB?

Sim. E agora vamos tentar trazer também o União Brasil.

Mesmo que esse candidata não seja do PSDB?

No meu entender, isso é de menor importância.

O senhor avalia que hoje está mais para a senadora Simone Tebet?

Ainda tem discordâncias. Eu acho o nome da senadora um nome interessante: mulher, com capacidade de gestão, faz um bom mandato no Senado. Mas ainda temos um caminho a percorrer.

Ainda é possível que o PSDB tenha candidato à Presidência? E, nesse caso, quem poderia ser senão Doria?

Acho que, quando tem uma prévia e é escolhido um candidato, e esse candidato em algum momento desiste da candidatura em prol de uma união com outros partidos, fica até meio estranho o PSDB colocar outro candidato que não seja o Doria.

Então é até natural que o candidato venha de outro partido dessa frente?

É até natural. Se houve a desistência de um candidato em prol de um projeto de união partidária, acredito que esses outros partidos que fizeram parte dessa discussão não vão aceitar isso. Então tem que se tomar cuidado para que essa tese não seja colocada por quem quer implodir a terceira via.

É a primeira vez, desde a redemocratização, que o PSDB não terá candidato à Presidência da República. No plano da política nacional, com o recuo de João Doria, o partido perde protagonismo?

Não podemos ainda afirmar que [o PSDB] não terá candidato. Mas essa é uma eleição que está muito polarizada. Eu também não sei se uma candidatura própria do PSDB vai conseguir ter espaço numa polarização como essa que está posta. Acredito que o partido não perde protagonismo. Candidaturas, para ter protagonismo, precisam ter bons resultados, independentemente de vitória ou não. Creio que a candidatura do João, que é uma pessoa por quem tenho o maior carinho e respeito, seria uma candidatura com muita dificuldade de ganhar corpo político.

Na sua avaliação, o Doria foi fritado e sabotado dentro do próprio PSDB?

Acho que não. Foram os resultados em si que fizeram com que a direção nacional refletisse sobre. Os resultados das pesquisas, o acompanhamento eleitoral, a busca de informações que mostravam, de forma pragmática, se a candidatura era sustentável ou não. Acho que foi uma decisão pragmática em cima dos dados que estavam postos.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.