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Coluna Inovação | Agrifoodtech – como aprender e inovar

Com R$ 200 milhões em investimentos e parcerias internacionais, a Agrifoodtech no Espírito Santo busca reduzir dependência externa e fortalecer a agricultura familiar

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Agrifoodtech e Inovação. Foto: Freepik

Agrifoodtech e Inovação. Foto: Freepik

Os grandes sucessos no mundo de alguns produtos de exportação brasileiros tiveram base na formação de tecnologia própria com muita cooperação internacional. Na Embraer, a parceria com o MIT e a inspiração na California Institute of Technology (Caltech) para a formação do ITA e o relacionamento entre pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos e  na Embrapa com o envio de mais de 2.500 estudantes para cursos de mestrado e doutorado, principalmente nos Estados Unidos, foram a base do sucesso.

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A criação da Embrapa foi uma iniciativa conjunta entre o governo brasileiro e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que ofereceu suporte técnico e financeiro para o projeto. A mesma Usaid que o governo Trump quer extinguir e a mesma Usaid questionada por muitos anos pela esquerda como ponta de lança do imperialismo ianque.  O apoio ao ITA veio no esteio da Aliança para o Progresso, outra iniciativa que, se pretendia uma dominação, serviu bem para o sucesso de hoje.

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Soja tropical resistente a pragas,  milho resistente a insetos, feijão de alta produtividade, cultivares de frutas, manejo integrado de pragas e doenças, sistemas agroflorestais e biotecnologia aplicada à pecuária são algumas das inúmeras tecnologias desenvolvidas ao longo do tempo pela Embrapa. No Espírito Santo o Incaper faz bem esse papel no desenvolvimento da tecnologia para pequenas propriedades da agricultura familiar.

Muitas vezes a vontade de colocar a culpa nos outros é uma forma de se defender de uma incompetência que é simplesmente nativa daqui, talvez a síndrome do vira lata que Nelson Rodrigues popularizou. Os exemplos da Embraer e da Embrapa, com forte cooperação internacional mostram que nem sempre essa cooperação é apenas tentativa de dominação. Por que o país não desenvolveu sua educação básica? Culpa dos outros ou nossa mesmo? Por que o país não integrou os escravos libertados na educação e na moradia? Culpa dos outros? Se não fosse a pressão inglesa, nem a libertação teria acontecido. Por que não temos ferrovias por todo o país? O Barão de Mauá construiu a primeira e o crescimento posterior tem sido lento. Com JK a opção pela indústria automobilística exigiu a construção de estradas. Foi a opção da época com suas vantagens e desvantagens. Agora corremos contra o tempo para implantar uma infraestrutura logística de portos e ferrovias cuja ausência encarece muito os produtos brasileiros do agronegócio.

A pergunta que se faz agora é: por que temos uma agricultura muito forte e não desenvolvemos uma indústria de máquinas e insumos com tecnologia nacional? Somos os maiores produtores de café, mas as máquinas são italianas, as cafeterias são americanas e por aí vai.

Vamos fazer a nossa parte aqui no estado com a organização do ecossistema do agrifoodtech, com várias instituições, incluindo a academia, apoiadas pelo MAPA e pela Embrapa, com a coordenação da Seag e da Federação de Agricultura-Faes. A expressão agrifoodtech inclui os negócios antes, durante e depois da porteira, todos dependentes de tecnologia e necessitados de inovações para competir. A ideia é incentivar startups agritechs e outros atores a criarem soluções de mercado para os desafios da agricultura familiar das pequenas propriedades. A Nova Indústria Brasil, programa de missões da nova política industrial, estabelece uma missão específica para a mecanização necessária para

esse tipo de propriedade, nem sempre prioridade para os grandes fabricantes de equipamentos, mas com muitos recursos envolvidos. A Secti anunciou recentemente que mais de R$ 200 milhões estão disponibilizados para o fomento das áreas por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) neste 1º semestre de 2025. Esperamos contar com a MCI-Mobilização Capixaba pela Inovação para os recursos necessários para um avanço que possa incluir automação e mecanização, solução de desafios, projetos de bioinsumos e organização da governança do ecossistema com treinamentos, eventos, visitas e parcerias com grandes centros desenvolvedores de tecnologia no agronegócio no país. Aprender com quem está mais avançado, no país ou no exterior, é sempre uma boa solução.

Evandro Milet

Evandro Milet é consultor, palestrante e articulista sobre tendências e estratégias para negócios inovadores. Possui Mestrado em Informática(PUC/RJ) e MBA em Administração(FGV/RJ). É Conselheiro de Administração pelo IBGC, Membro da Academia Brasileira da Qualidade-ABQ, Membro do Conselho de Curadores do Ibef/ES e membro do Conselho de Política Industrial e Inovação da Findes. Foi Presidente da Dataprev, Diretor da Finep e do Sebrae/ES, Conselheiro do Serpro e Banestes. Tem extensa atuação como empresário, executivo e consultor em inovação, estratégia, gestão e qualidade, além de investidor e mentor de startups, principalmente deeptechs. Tem participação em programas de rádio e TV sobre inovação. É atualmente Presidente do Cdmec-Centro Capixaba de Desenvolvimento Metal-Mecânico.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.