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Renda variável, ciclos econômicos e antifragilidade

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“A sensibilidade aos danos causados pela volatilidade é remediável, mais ainda do que a predição do evento que poderia causar o dano”.

Essa frase é do estudioso francolibanês Nassim Taleb. Ele é o criador do conceito “Antifrágil”, o qual se aplica muito bem à mentalidade de alguns investidores que alocam seus recursos principalmente na classe de ativos formada pela renda variável.

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Segundo esse conceito, cenários caóticos ou muito voláteis são extremamente desafiadores para todos, ou seja, é necessário estar preparado para enfrentar tais situações. Fragilidade torna-se sinônimo de autocorrosão. Tornar-se um antifrágil é a qualidade de sair ainda mais forte desses momentos.

Ao compreendê-lo, o investidor começa a desfrutar das constantes volatilidades e desafios do mercado e dos ciclos econômicos. Todo mundo sabe que a economia, o câmbio, as taxas de juros e, sobretudo, a política são voláteis. Sem a hostilidade de um ambiente aleatório, o antifrágil não evolui, nem encontra caminhos que podem ser mais saudáveis. A fragilidade pode ser medida; o risco, ser mitigado.

A perspectiva de longevidade dos juros controlados deve continuar sendo a força de impulsionamento da Bolsa brasileira. Mesmo com a volatilidade doméstica apresentada pelas incertezas em relação à Lei de Diretrizes Orçamentárias e com os nós das reformas que persistem em não desatar, o tema da renda variável traz um
oportuno momento para refletir.

O nome renda variável advém justamente da incerteza ou risco em relação ao futuro. De maneira rápida, apresento 4 gráficos simples representados pelo Índice Bovespa (IBOV) – período de 08/2004 a 08/2018 –, a fim de demonstrar uma grande lição.

Ao observar os gráficos, conclui-se que:

» Gráfico diário | a Bolsa é volátil, sempre será. Acompanhá-la diariamente é navegar em águas agitadas, porém há marujos que se sentem desafiados e fazem a travessia dessa forma. Os investidores têm perfis diferentes;

» Gráfico anual | Caso olhássemos a Bolsa anualmente, é possível certificar-se da ocorrência de períodos e ondas bravias, mas a perspectiva muda. Os dias de bonança saltam aos olhos e é possível ver momentos de maior equilíbrio quanto aos riscos.

» Gráfico de 6 em 6 anos | Neste caso, ao longo da jornada como investidor em Bolsa, o risco é diluído pela visão de longo prazo. A travessia inicialmente repleta de obstáculos e volatilidade torna-se segura, exige paciência e é completamente praticável.

» Gráfico de 12 em 12 anos | A grande lição – um investidor que faz jus ao nome nunca compra ou vende ações baseado no preço delas no momento. Investir no mercado acionário é acreditar nos fundamentos das empresas. O investidor que visa ao longo prazo pensa na qualidade de vida e na aposentadoria, potencializando seus ganhos. Boa dose desse raciocínio advém da constante evolução do conceito “Antifrágil”. Agora, a travessia faz sentido à jornada, sendo equilibrada e linear.

Em situação análoga, estão os ciclos econômicos. O movimento pendular da economia é constante. Por conseguinte, os ciclos acontecem, não raro, por razões intangíveis como a confiança, se possível certo grau de previsibilidade, levando as empresas a momentos turbulentos ou promissores, fazendo com que suas cotações em Bolsa reflitam seu momento. Ao estudar e conhecer melhor o mercado, você passa a tomar melhores decisões de investimento e consegue aproveitar as oportunidades que cada ciclo propicia.

Para ilustrar, observe o gráfico do Ibovespa dolarizado, de 1963 a outubro de 2020.

O movimento pendular de altas e baixas sempre será um dado posto no mercado acionário, assim como há momentos bons e ruins em nossas vidas. Atente-se aos ciclos de baixa, de alta e até lateralizado, nas cores rosa e azul. Perceba que os ciclos são longos, com duração média entre seis e oito anos e que sempre se revertem ao
longo do tempo.

As coisas não caem do céu. Desenvolver a habilidade do antifrágil é um longo processo. Paciência é uma virtude. Aprender com os erros e redirecionar o leme de forma rápida é sabedoria. É normal em ciclos econômicos, assim como na renda variável, os momentos de estresse. Mas também há bonanças. Por isso, é importante ter serenidade para que não atropelemos o tempo e nossas expectativas.


Sobre o autor

Thiago Goulart é professor e jornalista econômico. Editor do portal Vai Investir e do podcast Valor de Mercado sobre mercado e educação financeira.


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Os Comitês Qualificados de Conteúdos ou CQC’s são grupos qualificados e técnicos do IBEF-ES para geração de conteúdo mensal e tem como objetivo promover o debate sobre o desenvolvimento econômico e social no ecossistema de economia, finanças e gestão empresarial capixaba.

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