Coluna André Andrès
O vinho do dia – As plenitudes de Dom Pérignon
Dom Pérignon 2003, Dom Pérignon Rosé 2004, Dom Pérignon P2 1998.
Por que esses vinhos merecem ser citados? Porque hoje é quinta-feira, dia de TBT. E porque esses vinhos são história engarrafada. Começa pelo rótulo. No início do século passado, a Moet & Chandon adquiriu a produção da Maison Mercie, iniciada na metade do século XVII. A Moet emprestou o nome do monge francês Dom Pérignon para batizar o primeiro champanhe vintage do qual se tem notícia. Vintage? Sim. Você já notou como os espumantes, na maioria das vezes, não têm safra marcada em seu rótulo? Isso acontece porque muitas vezes o mosto (líquido resultante da maceração das uvas) de uma safra pode se misturar com o de outra safra para produção do vinho. Mas quando as safras são especiais, por conta de sua alta qualidade, os produtores fazem questão de dar destaque para aquele ano de produção. E temos, então, um espumante vintage, com o ano de produção destacado no rótulo. O primeiro champanhe produzido pela Moet & Chandon com o nome de Dom Pérignon ficou pronto em 1921. Mas só foi colocado no mercado em 1936, após anos de amadurecimento. Isso viria a ser uma marca da vinícola, como veremos mais adiante. A escolha do nome remete ao monge francês tido, durante muito tempo, como inventor dos métodos tradicionais de produção de champanhe. Com o passar dos anos, esse mito em torno de Dom Pérignon foi desfeito, mas ele, de qualquer forma, foi importantíssimo para o desenvolvimento de técnicas usadas até hoje, como a produção de vinhos brancos a partir de uvas tintas, chamada de Blanc de Noir. Desde a primeira produção, o Dom Pérignon só é produzido quando as safras são especiais. E seu período de amadurecimento, na vinícola, antes de chegar ao mercado, pode ser de inacreditáveis 40 anos. Este é um dos motivos de seus preços serem também, digamos, muito especiais…
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Como são os vinhos? Honrando a técnica criada pelo monge francês, Dom Pérignon é sempre produzido com uma Chardonnay e Pinot Noir (neste caso, com o sistema de Blanc de Noir). A mescla muda conforme a safra, mas sempre se tenta manter 60% de uma das duas uvas. Os vinhos são divididos numa classificação própria da vinícola, chamada de Plenitude. O champanhe de Plenitude 1, o mais comum, passa pelo menos 8 anos amadurecendo nas caves. Já o Plenitude 2, chamado de P2. é resultado de 16 anos de elaboração nas caves, com um tempo extra de maturação sobre as borras. E finalmente temos o raríssimo Plenitude 3. O Dom Pérignon Vintage P3 passa ao menos 25 anos em processo de amadurecimento. Mas este prazo pode chegar a 40 anos. É um vinho provado por poucos. Obviamente são champanhes especiais. Vão além da sensação provocada por aromas e sabores para expressar energia, intensidade, equilíbrio, leveza. É uma experiência incomum. Entre as lendas em torno de Dom Pérignon, uma das mais famosas é sua frase, ao se espantar com o vinho por ele produzido: “Estou bebendo estrelas”. Talvez ela nunca tenha sido dita. Mas é perfeita para definir uma degustação desses rótulos produzidos pela Moet & Chandon.
Quando foram provados? A degustação das seis garrafas, duas de cada safra, aconteceu em setembro de 1918.
Quanto custa? É difícil encontrar uma garrafa de Dom Pérignon P2 para venda. Ela deve custar hoje algo em torno de R$ 7.000. O Vintage Rosé pode ser encontrada por algo em torno de R$ 4.000. E o Vintage 2003 está em alguns sites da web por R$ 2.500.
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